sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Quem é que alinha numa Kartada?

A pedido do Fula Teresa, aqui fica o réptil:
Quem está a fim de alinhar?
O que é que preferem? À noite durante a semana ou num fds durante o dia?
Palmela, pista maior e mais larga, a 50 kms?
Campera, pista menor e mais estreita, a 25 kms?
Estrago à volta de 40 aérios, para 10 minutos de treinos e 35 de corrida!
Eu fico a beber umas jolas e a rir um bocadinho!

Ontem prometi...

... que partilhava isto!

Olivais Vivos: a Malta das Ideias


Na semana seguinte voltei à Quinta das Laranjeiras como prometido. E voltei já com uma animadora da equipa de rua. O grupo tinha aumentado. Sentámo-nos na relva em frente e eles apresentaram-me o plano de voo: íriamos para o lado norte, seguindo a linha do comboio. Desta vez traziam lanche para fazermos um pequeno piquenique.

E começámos a definir a alma do grupo: seríamos um grupo de aventuras. Todos os fins de semana íriamos descobrir um sitio novo na cidade. Nas primeiras duas semanas fomos a pé. Calhou-me também a vez de lhes mostrar os meus sítios. O Vale do Silêncio em primeiro lugar, tinha de ser. O mais importante era a sensação de sairmos, de uma aventura, de sermos um grupo e de podermos brincar e fazermos o que nos apetecesse (por vezes eu próprio fazia coisas disparatadas e inusitadas, mas que me apeteciam, como subir às árvores ou desatar a cantar ou a dançar no meio da rua). Ou de repararmos nas coisas, de sairmos da nossa ignorância de de preenchermos o mapa das nossas vivências com as novas descobertas. Estes miúdos não conheciam Lisboa. Não só os museus, os jardins, também os bairros antigos, e principalmente, esta sensação de passear na cidade. E eu aprendia nesses dias uma coisa decisiva para o meu trabalho de animador, a necessidade de me apartar das técnicas e de ser o João, o pequeno joão pé de feijão. É uma aprendizagem do teatro e da vida: a única coisa que de verdadeiramente luminoso podemos dar uns aos outros é a totalidade da nossa presença no mesmo espaço-tempo, sendo que o estarmos realmente presentes resulta de um trabalho laborioso de refinamento e decantação, de busca pessoal.

Depois escrevemos uma carta à Junta de Freguesia, donde o projecto emanava, e pedimos que nos apoiassem as deslocações. É claro que não passava de uma pequena estratégia para eles se comprometerem com a dificuldade de arranjar recursos. E assim a Junta passou a fornecer módulos. Um dos primeiros sitios onde fomos foi ao Jardim da Glubenkian, que eu conhecia de olhos fechados, por lá ter animado, há muitos anos, no Centro Artístico Infantil, a aventura no jardim, um jogo de pista.

Gradualmente fomos fazendo cada vez mais coisas. Inclusivé um jornal. O que nos permitiu adoptarmos uma atitude mais relacional com quem encontrávamos, fazendo entrevistas. Os grupos são o grande espaço de crescimento mas é preciso abri-los, torná-los abertos. Muitas vezes quando saíamos eu sentia que eles queriam ir contra a tentação de ficarem no seu pequeno grupo, de não se confrontarem com os outros. Quando faziam aqueles amigos ocasionais - e as crianças e os adolescentes são pródigos a fazer amigos da minima actividade em comum - chegava sempre um momento complicado, que era o de dizerem de onde vinham. E aí, tantas vezes que isso aconteceu, ao dizerem-no, adoptavam uma posição agressiva, fechavam-se. O mais interessante para mim - e a partir de certa altura a pretexto de querem que eu fosse falar com os pais para que estes os deixassem ir, o que eles queriam era introduzirem-me nas suas casas, nos seus problemas, nas suas vidas - é que eles sabiam, principalmente os mais velhos, que havia um circulo vicioso a pender sobre os seus caminhos e que estas pequenas oportunidades eram muito importantes para eles. O grupo começou a ser um lugar onde também falávamos deles próprios.

E tal como na Olivesaria, o nome da malta das ideias surgiu do delfim do grupo. Para ele era lógico que se aquilo que nos unia era termos ideias para sair do bairro, deveríamos ser a Malta das Ideias. Um deles fez o símbolo, o logotipo do grupo. Fizemos fotocópias com o símbolo no canto superior esquerdo e passámos a ter folhas timbradas. Numa delas pedimos um espaço. Nova pequena estratégia, claro: a possibilidade de termos um espaço tinha surgido com o aproximar do Outono e com o eu ter levado para a assembleia do projecto a pergunta, e agora, onde nos encontramos?.

E foi-nos cedido um barracão. E tintas, e trinchas. Fomos nós que escolhemos a cor e que pintámos. E começámos a ter rotinas de organização do espaço. Não tinhamos luz eléctrica, funcionávamos com velas, o que dava um ar mais engraçado às nossas reuniões. A mim fazia-me lembrar os clubes da minha infância, em Mafra, quando ocupávamos moinhos abandonados e faziamos grupos decalcados das experiências dos Sete.

O projecto entretanto tinha-se tornado a coqueluche dos Olivais Vivo, para o qual também muito tinha contribuído a sua presença na televisão, num programa sobre o Contigo Vais Longe. Meses mais tarde, em pleno crescimento da Malta das Ideias, depois de um fim de semana em S. Francisco da Serra (onde eu tinha alugado uma pequena casa de campismo de habitação) em que delineámos a programação para os próximos seis meses, o projecto Olivais Vivo termina de forma abrupta por causa de irregularidades financeiras detectadas na gestão do projecto e arrasta consigo o cancelamento de todos os seus projectos.

olivalense a votos ....




Filha de Bafatense... olivalista de genes... anda a votos em video de culturas, terras e gentes.
Dá para dar ? Uma mão, um voto, um olivalismo !!



http://videos.sapo.pt/35EWolGMZH2IZV2cgDDQ