Ao ler o Fula a propósito de outras guerras, referir a instituição “tropa”, formalmente conhecida por S.M.O. (serviço militar obrigatório), recordei a minha colaboração com dezenas de olivalenses que se apresentavam nas inspecções em Setúbal e para quem passar 16 meses em tão “prestigiada instituição” não era exactamente o seu projecto de vida (nunca percebi porquê…).
Na escolha algorítmica do computador das Forças Armadas, foi-me atribuída a especialidade de Operador de Laboratório Psicotécnico, com “assentamento de praça” no Centro de Selecção de Setúbal onde os mancebos da zona sul do país prestavam provas de aptidão, a vulgar “inspecção”. Nessa condição, rapidamente percebi o processo de “enganar” o computador e conseguir que os mancebos, apesar de ficarem aptos, passassem à reserva territorial. Foi assim que se cumpriram 12 meses em que a única coisa útil que fiz foi “apoiar” a geração de oliveiras que foi inspeccionada entre Maio de 1982 e Abril 1983. Apenas um desafortunado olivalense (irmão d(o)e um “índio”), o primeiro que veio falar comigo, e porque eu ainda estava há poucos dias no processo e não dominava a “ciência”, foi chamado a cumprir o s.m.o., todas as outras dezenas a quem prestei “consultoria” (pro bono, esclareça-se) puderam continuar os seus percursos de sucesso como distintos polidores de esquinas, eméritos enroladores de misturas de tabaco ou zelosos aliviadores de prateleiras de supermercado.
Para os mais curiosos, esclareço que o método era muito simples. Os “fregueses”, cerca de 150 todos os dias, eram avaliados num conjunto de parâmetros numa escala de 1 a 5. Combinando a indicação de uma escolaridade baixa e sem mais qualificações adicionais (que na maioria dos casos, não foi difícil), índices médicos médios, uma certa “dureza” de ouvido combinada com “pitosguismo” q.b. e uns testes psicotécnicos a indiciar potencialidades ao nível do “calhau com olhos”, resultava a indicação pelo computador de que a única especialidade disponível era a de s.m.g. (serviço militar geral), utilizada nas tarefas de limpeza e usualmente conhecidos por “escriturários de parada” dada a sua habilidade para o manuseio da “caneta”, também conhecida por vassoura. Ora, para tão "nobre" especialidade o que não faltavam eram mancebos garbosos e atléticos com avaliações físicas de nível superior, que deixavam para trás os nossos estimados oliveiras que se viam relegados para a reserva territorial. Simples e eficiente.
Na escolha algorítmica do computador das Forças Armadas, foi-me atribuída a especialidade de Operador de Laboratório Psicotécnico, com “assentamento de praça” no Centro de Selecção de Setúbal onde os mancebos da zona sul do país prestavam provas de aptidão, a vulgar “inspecção”. Nessa condição, rapidamente percebi o processo de “enganar” o computador e conseguir que os mancebos, apesar de ficarem aptos, passassem à reserva territorial. Foi assim que se cumpriram 12 meses em que a única coisa útil que fiz foi “apoiar” a geração de oliveiras que foi inspeccionada entre Maio de 1982 e Abril 1983. Apenas um desafortunado olivalense (irmão d(o)e um “índio”), o primeiro que veio falar comigo, e porque eu ainda estava há poucos dias no processo e não dominava a “ciência”, foi chamado a cumprir o s.m.o., todas as outras dezenas a quem prestei “consultoria” (pro bono, esclareça-se) puderam continuar os seus percursos de sucesso como distintos polidores de esquinas, eméritos enroladores de misturas de tabaco ou zelosos aliviadores de prateleiras de supermercado.
Para os mais curiosos, esclareço que o método era muito simples. Os “fregueses”, cerca de 150 todos os dias, eram avaliados num conjunto de parâmetros numa escala de 1 a 5. Combinando a indicação de uma escolaridade baixa e sem mais qualificações adicionais (que na maioria dos casos, não foi difícil), índices médicos médios, uma certa “dureza” de ouvido combinada com “pitosguismo” q.b. e uns testes psicotécnicos a indiciar potencialidades ao nível do “calhau com olhos”, resultava a indicação pelo computador de que a única especialidade disponível era a de s.m.g. (serviço militar geral), utilizada nas tarefas de limpeza e usualmente conhecidos por “escriturários de parada” dada a sua habilidade para o manuseio da “caneta”, também conhecida por vassoura. Ora, para tão "nobre" especialidade o que não faltavam eram mancebos garbosos e atléticos com avaliações físicas de nível superior, que deixavam para trás os nossos estimados oliveiras que se viam relegados para a reserva territorial. Simples e eficiente.
Aos que não serviram a pátria em momento tão atribulado da nossa História e em cuja consciência ainda hoje paira o estigma da deserção, apresento a minha mais fraterna solidariedade, na esperança de que, num futuro próximo o Paulo Portas retome o Ministério da Defesa e estenda o subsídio de ex-combatente às vítimas do stress da deserção. Imagino os traumas e a falta que este percurso vos fez. Coitadinhos dos senhores...