o “animador da Trindade” animou uma bel(o)a ideia;
o “agitador do paralelo 26” agitou ! (desta vez, os sentidos);
o “barraca 33 da Rua 2” falou de mulheres o que é sempre muito positivo;
e no entanto,
quem brilhou verdadeiramente foi o grande “Benguela”,
ao “abrir a janela e fotografar (a) ESCOLA”.
sim! “a” ESCOLA! o laboratório para alguns escolhidos,
era uma escola tão excepcional
que me “ofereci” para repetir o 4º ano (fazia parte da experiência)…
tão excepcional que a registaram com o nome do maior poeta português que não necessitou de molhar manuscritos, nem perder metade do aparelho ocular por causa de uma mulher, para ser grande...
E este “fórum da calçada” está tão animado que até o desenhador escreve. Resta esperar que o escritor “poste” um desenho…
E como não pode ser tudo bom, temos as ausências que teimam, pergunto como a Timor:
Bafatá, esses “passarões” não descem?
Não merecemos a tua presença?
Estás armado em “novo rico” das artes (just a joke…)?
Venham de lá as tuas memórias, é uma ordem !!!
segunda-feira, 31 de março de 2008
O rapaz que mordia...
. . .
Em Março de 1978 estava a descobrir uns Olivais novos, mais negros e fascinantes que os anteriores.
Tinha chegado à primeira divisão da vida escolar depois de ter andado pelas secções de Chelas e Prodac do D.Dinis.
No ano lectivo anterior já estava no D.Dinis mas de tarde. Era assim uma espécie de limbo. Chegava às aulas quando os da manhã estavam a sair e as manhãs para pouco serviam.
No final desse ano lectivo, quando chegou o verão (de 1977) uma mudança fundamental aconteceu.
Os meus amigos tinham ido de férias e eu sózinho sem saber o que fazer.
Não me lembro muito bem como se passou essa mudança mas penso que um dia me cruzei com o A. que ia com os P. e acabei por me ir encontrando todos os dias com eles que sempre tinham estado ali mesmo ao lado e com quem tinha jogado muitas vezes à bola no maracangalha e que tinham seguido a vida por outra encruzilhada.
Depois os outros regressaram de férias e quando chegaram estava eu com estes novos amigos a conversar.
Olharam-me de lado como se nestas coisas das amizades houvesse algum exclusivo. Começaram a combinar saídas e encontros sem me incluir. Um dia fui a casa de um deles, estavam a preparar-se para sair e lá me disseram para os acompanhar. Tinham um novo grupo e bastou-me um quarto de hora para perceber que não fazia parte dele.
Tinha descoberto que os meus amigos dos últimos 3 anos já não eram os meus amigos.
Tinham feito tudo para me sentir desconfortável.
Os novos amigos faziam tudo para me sentir integrado.
Entretanto Setembro foi-se aproximando do fim.
Todos os dias conhecia pessoas novas.
Os Olivais tinham-se tornado enormes.
As aulas começaram e todos os fins-de-semana havia festas. Umas vezes no S. Marcos outras numa garagem das vivendas da Vila Fontes.
A caminho dessas festas parávamos no Tó para abastecer. Um "sumarino" para o caminho.
O rapaz que mordia tomadas eléctricas tinha-se tornado no amigo inseparável.
Movia-se com elegância nesse novo mundo.
Conhecia toda a gente e toda a gente o conhecia nessas festas cheias de caras novas e de música nova. Nova para mim.
O "Peter Frampton Comes Alive" era um sucesso.
Os Boney M. eram o máximo. Lembro-me de os ouvir em casa das M's, as 3 irmãs do prédio dos coronéis, ou seria dos generais?, ali mesmo ao lado d'A Tosta.
A vida cantada pela Grace Jones era em tons de rosa.
O "New Kid in Town" dos Eagles parecia escrito para mim.
Em casa do Nuno ouvia-se o "Love You Live" dos Stones. E foi aí que também vimos na televisão o concerto deles em Paris "Aux Abattoirs".
(não estavam à espera que colocasse o ras-ras-Rasputine, pois não...)
Esse concerto na tv marcou-me muito mais que o disco.
Foi neste período que conheci o Xai-Xai, o Fulacunda, a Vila Pery, o Bafatá, o Draivimpe, a Timor e mais alguns dos que por aqui circulam. O Bolama ainda estava nos distritais mas não demorou muito a chegar ao nosso campeonato.
No liceu os outros, os antigos amigos, olhavam-me de longe e deviam pensar "coitado, está a estudar para delinquente e está a sair-se bem."
Eu estava-me nas tintas para eles.
Esta nova vida era muito mais interessante que a anterior.
Na minha turma estavam o S. e o S.. O primeiro excelente aluno mas sempre pronto para "o putedo", o segundo, sombra do primeiro, gostava de armar confusão. Nunca havia um momento de tédio ao lado daqueles dois. O Bafatá era de outra turma mas nos intervalos juntávamo-nos todos.
O ano foi decorrendo cada vez mais animado.
As tardes sem aulas tornavam os dias mais longos.
Os intervalos dos Viveiros passaram a fazer parte desses dias e os "flippers" também. E uns lanches n'A Tosta.
No Carnaval fui até Vilamoura. Com os F. mas como havia uma regata o S. também lá estava e foi aí que conheci o Rio. Estavam no melhor hotel da cidade e tudo servia para "fazer putedo". Eram umas atrás das outras e a imaginação era muita. Uma noite acabaram por colocar todas as cadeiras e mesas da esplanada dentro da piscina.
Parece que estava mesmo a estudar para delinquente...
E assim cheguei a Março de 1978.
Foi um mês quente e foi quando apareceram os "skates" e outras caras e cada vez mais maluquices para fazer.
As festas passaram para o Penta e para o Fénix e cada vez mais gente rodava à minha volta.
Algumas coisas começaram a ser "pesadas" demais e tive de começar a ser mais criterioso na escolha das pessoas com quem andava.
Os erros servem para aprender e quem não aprende paga cara a lição.
Estes novos Olivais eram fascinantes e perigosos.
E tornavam-se cada vez mais perigosos.
Mas isso já foi depois de Março desse longínquo ano de 1978.
. . .
Em Março de 1978 estava a descobrir uns Olivais novos, mais negros e fascinantes que os anteriores.
Tinha chegado à primeira divisão da vida escolar depois de ter andado pelas secções de Chelas e Prodac do D.Dinis.
No ano lectivo anterior já estava no D.Dinis mas de tarde. Era assim uma espécie de limbo. Chegava às aulas quando os da manhã estavam a sair e as manhãs para pouco serviam.
No final desse ano lectivo, quando chegou o verão (de 1977) uma mudança fundamental aconteceu.
Os meus amigos tinham ido de férias e eu sózinho sem saber o que fazer.
Não me lembro muito bem como se passou essa mudança mas penso que um dia me cruzei com o A. que ia com os P. e acabei por me ir encontrando todos os dias com eles que sempre tinham estado ali mesmo ao lado e com quem tinha jogado muitas vezes à bola no maracangalha e que tinham seguido a vida por outra encruzilhada.
Depois os outros regressaram de férias e quando chegaram estava eu com estes novos amigos a conversar.
Olharam-me de lado como se nestas coisas das amizades houvesse algum exclusivo. Começaram a combinar saídas e encontros sem me incluir. Um dia fui a casa de um deles, estavam a preparar-se para sair e lá me disseram para os acompanhar. Tinham um novo grupo e bastou-me um quarto de hora para perceber que não fazia parte dele.
Tinha descoberto que os meus amigos dos últimos 3 anos já não eram os meus amigos.
Tinham feito tudo para me sentir desconfortável.
Os novos amigos faziam tudo para me sentir integrado.
Entretanto Setembro foi-se aproximando do fim.
Todos os dias conhecia pessoas novas.
Os Olivais tinham-se tornado enormes.
As aulas começaram e todos os fins-de-semana havia festas. Umas vezes no S. Marcos outras numa garagem das vivendas da Vila Fontes.
A caminho dessas festas parávamos no Tó para abastecer. Um "sumarino" para o caminho.
O rapaz que mordia tomadas eléctricas tinha-se tornado no amigo inseparável.
Movia-se com elegância nesse novo mundo.
Conhecia toda a gente e toda a gente o conhecia nessas festas cheias de caras novas e de música nova. Nova para mim.
O "Peter Frampton Comes Alive" era um sucesso.
Os Boney M. eram o máximo. Lembro-me de os ouvir em casa das M's, as 3 irmãs do prédio dos coronéis, ou seria dos generais?, ali mesmo ao lado d'A Tosta.
A vida cantada pela Grace Jones era em tons de rosa.
O "New Kid in Town" dos Eagles parecia escrito para mim.
Em casa do Nuno ouvia-se o "Love You Live" dos Stones. E foi aí que também vimos na televisão o concerto deles em Paris "Aux Abattoirs".
(não estavam à espera que colocasse o ras-ras-Rasputine, pois não...)
Esse concerto na tv marcou-me muito mais que o disco.
Foi neste período que conheci o Xai-Xai, o Fulacunda, a Vila Pery, o Bafatá, o Draivimpe, a Timor e mais alguns dos que por aqui circulam. O Bolama ainda estava nos distritais mas não demorou muito a chegar ao nosso campeonato.
No liceu os outros, os antigos amigos, olhavam-me de longe e deviam pensar "coitado, está a estudar para delinquente e está a sair-se bem."
Eu estava-me nas tintas para eles.
Esta nova vida era muito mais interessante que a anterior.
Na minha turma estavam o S. e o S.. O primeiro excelente aluno mas sempre pronto para "o putedo", o segundo, sombra do primeiro, gostava de armar confusão. Nunca havia um momento de tédio ao lado daqueles dois. O Bafatá era de outra turma mas nos intervalos juntávamo-nos todos.
O ano foi decorrendo cada vez mais animado.
As tardes sem aulas tornavam os dias mais longos.
Os intervalos dos Viveiros passaram a fazer parte desses dias e os "flippers" também. E uns lanches n'A Tosta.
No Carnaval fui até Vilamoura. Com os F. mas como havia uma regata o S. também lá estava e foi aí que conheci o Rio. Estavam no melhor hotel da cidade e tudo servia para "fazer putedo". Eram umas atrás das outras e a imaginação era muita. Uma noite acabaram por colocar todas as cadeiras e mesas da esplanada dentro da piscina.
Parece que estava mesmo a estudar para delinquente...
E assim cheguei a Março de 1978.
Foi um mês quente e foi quando apareceram os "skates" e outras caras e cada vez mais maluquices para fazer.
As festas passaram para o Penta e para o Fénix e cada vez mais gente rodava à minha volta.
Algumas coisas começaram a ser "pesadas" demais e tive de começar a ser mais criterioso na escolha das pessoas com quem andava.
Os erros servem para aprender e quem não aprende paga cara a lição.
Estes novos Olivais eram fascinantes e perigosos.
E tornavam-se cada vez mais perigosos.
Mas isso já foi depois de Março desse longínquo ano de 1978.
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