terça-feira, 20 de novembro de 2007

Cada um come do que gosta

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O 2º GRANDE OPÍPARO JANTAR DO OLIVESARIA irá cumprir-se no Sábado, dia 24 de Novembro de 2007 pelas 21h (tá bem a hora?) no comedoiro EntreCopos, Rua de EntreCampos nº 11.



As inscrições para comensais continuam abertas…




Devo dizer, que a “central” informa haver ilustres olivalenses aqui à espreita sem nunca terem tido pronuncio no blogue. Estes, se o quiserem fazer no opíparo (gramo mesmo desta palavra) jantar, só terão de me comunicar da sua vontade.

Um abraço para eles!


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Ora bem, o post de baixo é deveras interessante oh João Belo, mas o amigo vai concordar que está na altura de arrebitar as gustativas em direcção ao

2º GRANDE FESTIM OLIVESEIRO a cumprir-se no Sábado, 24 de Novembro de 2007

seja lá onde vai ser morfado, há-de ter que ser marcado.

CONTERRÂNEOS PRONUNCIAI-VOS!

Fulanqueta: TÁ FECHADO

ONDE

Cervejaria Ramiro ?
e vai: 0
Pano de boca ?
e vai: 0
Entrecopos ? Rua de Entrecampos, 11 tel. 217 966 638
e vai: 21


QUEM
é favor corroborar ou descorroborar

  1. Lobita
  2. Vila Pery
  3. Vilo P.
  4. Xai xai
  5. Benguela
  6. Fulacunda
  7. Dona Fulacunda
  8. Lobito
  9. Moçâmedes
  10. Inhambane
  11. João Belo
  12. J. Bela
  13. Bonanza
  14. Bonanzo

Outros, digam…

Bor'apagar os pontos de interrogação!



Tirem as mãos dos Olivais II (1)


"Dos vinte anos que vivi nos Olivais-Sul, dois foram decisivos para o conhecer como bairro, como ecossistema comunicacional único. Foram os anos de 88 a 90 em que a minha actividade como animador teatral e sócio cultural veio dar um novo efeito de sentido ao conhecimento do bairro adquirido durante os dezoito anos anteriores. Foi por essa altura que me confrontei mais sériamente com o projecto do Centro Cívico e Social dos Olivais (hoje já construído e conhecido por Shopping dos Olivais), tentando perceber o efeito benéfico ou prejudicial das alterações a serem produzidas.

Principalmente porque, fosse qual fosse a avaliação, uma coisa era certa: as alterações seriam tão radicais como irreversíveis. Radicalidade e irreversibilidade que provém de uma fonte comum : gigantismo da intervenção e localização da mesma .

Sobre a localização, e porque o gigantismo salta aos olhos, o novo Centro Cívico e Social irá ser instalado num espaço antes ocupado por um Centro Comercial e Supermercado, por uma escola primária em situação provisória (há mais de vinte anos) e por um espaço devoluto ocupado por pequenas hortas e por um depósito de material.

É importante referir que o actual Centro Comercial (neste momento já não existe) foi um desenvolvimento de uma Grande Superfície que veio, gradualmente desde há vinte anos, a afectar a própria vida do bairro. Esta afectação manifestou-se no aumento da oferta de trabalho (a baixo preço e precário), na resposta de algumas economias familiares menos consistentes a este apelo ao consumismo que lhes era feito do outro lado da rua ( apelo que é também uma proposta de ocupação de tempos livres), na inevitável concorrência com o supermercado de bairro ( ele próprio forte concorrente da mercearia de bairro), no aumento de tráfego automóvel na zona e, finalmente, na centralização da vida quotidiana dos Olivais Sul.

Ocupo-me com tanto pormenor deste antigo espaço porque o novo Centro Cívico parece-me uma continuação pervertida e ampliada do discurso subjacente à construção da grande superfície de há vinte anos ( à qual foi adicionada um Centro Comercial) . E demonstra que a política de intervenção seguida hoje, em vez de analisar as alterações produzidas com a instalação do anterior Centro Comercial e de instruir orientações correctoras dos seus efeitos nefastos ( em vez de as pensar , apressadamente, como custos do progresso) , reafirmou e sublinhou o modelo anterior.



Com algumas diferenças substanciais. O Centro Comercial foi criado para satisfazer as necessidades da população do bairro e embora tenha produzido alterações de vulto neste ecossistema territorial e comunicacional - enfraquecendo-o- não o destruiu. Como sublinhou Paulo Varela Gomes (no Expresso de 22.5.93) a estrutura urbanística dos Olivais tinha, pela sua excelência, qualidades que se mostraram decisivas no enfrentamento desta e doutras agressões. Onde outros aglomerados populacionais sucumbiram, os Olivais mostraram possuir notável capacidade de recuperação .

Não totalmente, saliente-se. O bairro evidencia sequelas de alguns tratos de polé a que foi sujeito ao longo dos tempos: realojamentos (de vítimas de catástofes naturais) não acompanhados; destruição de parte substancial dos Olivais Velhos; construção e abandono durante anos a fio do imóvel onde mais tarde veio a ser instalada a super-esquadra; modo como foi implantada a referida grande superfície ou ainda, pela construção da nova igreja, um verdadeiro bunker desporporcionado e mal engendrado; abandono do pulmão do bairro, o Vale do Silêncio.

O novo Centro Cívico não é por isso um disparate pegado. É um rosário deles, tecidos, entretecidos, como uma malha de onde o bairro poderá não sair vivo. O mais grave disto tudo é que zurzir o pau de marmeleiro sobre tão megálomano atentado a este ecossistema territorial e comunicacional não equivale a construir um discurso nostálgico ou saudosista sobre os malefícios do futuro. Como se pode lêr no texto de P.V.G. - e como ambiciono que se conclua do meu - é apenas expôr algumas das mais elementares regras de bom-senso misturadas com outras tantas boas ideias sobre o espaço comunitário .

A primeira delas é a de que num determinado ecossistema comunitário as intervenções devem ter em conta os equilibrios anteriormente realizados . Depois, devem ser realizadas quando e como esse espaço carece delas. E por outro lado devem definitivamente perceber que uma construção urbanística é um organismo vivo e que todos os organismos vivos necessitam de se alimentar para sobreviverem. E que quanto maior é o organismo mais avassalador é o seu apetite.

E ainda, que uma comunidade deve de qualquer modo ser envolvida nas alterações a serem feitas. E este envolvimento deve ser participativo. A comunidade deve sentir que tem voz e é escutada. Que os interesses maiores em jogo são os seus. É o bê-á-bá do desenvolvimento comunitário.



Bastaria o confronto com algumas destas questões tão essenciais como básicas - que ainda poderiam ser multiplicadas - para se compreender que os Olivais não vão ser destruidos pelo BigCenter que aí vem mas pela inconsciência daqueles que decidem o lugar - e o nome- das coisas (2). Inconscientes e felizes com o beneplácito da população (3) e com a conivência das instituições e organizações da comunidade que não querem perder o comboio, ou melhor, um lugarzinho nesta barca de Noé (4).

E se os Olivais necessitam de uma intervenção, que necessitam isso ninguém duvide, uma intervenção quase cirúrgica de revitalização do seu espaço, ela deveria ser dirigida para o descentramento do bairro (. Ou melhor, para a sua pluricentração (passe a expressão) . Antes de lançar um só tijolo averiguar da capacidade dos já existentes - mesmo que modificados- contribuirem para o restabelecimento do equilibrio comunicacional ( o que, por paradoxal que pareça, está a ser feito em alguns espaços).

Uma intervenção desta natureza, que obrigaria a voltar a pensar os Olivais como um todo e simultaneamente como um espaço fragmentado, privilegiaria a pequena cirurgia e teria de observar como as várias grandes artérias que atravessam o bairro foram estruturando diferentes espaços com problemas e necessidades tão diversos que não faz sentido propôr a big solução. Pequena cirurgia valorizando a rede de organizações, e associações, estimulando a frequência do espaço rua e dos espaços verdes, cultivando o amor e o humor, a cultura e o prazer.

Os exemplos seriam muitos mas de tal forma estranhos ao maior número de leitores que perderiam toda a eficácia. O que importa é salientar uma ciência da intervenção na comunidade que a propôe como ecossistema onde o território é estruturante da comunicação. Os espaços falam e condicionam a fala.

Onde esse peso discursivo dos espaços e das instalações (das mais perenes às mais irreversíveis) tem de ser integrado. Se virmos as coisas deste ponto de vista conseguiremos visualizar o Centro Cívico como uma fala amplificada, ensurdecedora de toda a comunicação anterior. Assemelhando-se aqueles abafadores gigantes ( os olho de Boi) com que os matulões de bairro roubavam os bilas, os pirolitos e as estrelinhas aos putos do berlinde. O Centro Cívico é um gigantesco Olho de Boi Comunicacional. Um Plátano enfiado dentro de um vaso. Pronto a quebrá-lo e a estender as suas raízes tentaculares absorvendo toda a comunicação em redor. O Centro Cívico e Comercial resolve os problemas dos Olivais na exacta medida em que os destrói.

Estamos a falar do que os Olivais precisam (e do modo como Lisboa precisa dos Olivais). O problema é que os Olivais não existem. Ou pelo menos, neste caso, não foram tidos em conta. O Centro Cívico e Comercial não é para os Olivais. É para a cidade. É para resolver os seus problemas (como se os seus problemas não fossem aumentar com a destruição deste ecossistema) (4).




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(1) Este texto foi escrito em 1993 e o seu titulo associava-se a um outro, "Tirem as mãos dos Olivais", de Paulo Varela Gomes, publicado no Expresso de 22.5.93. Republico-o agora (com anotações actualizadas e imagens retiradas do blogue Viver na Alta de Lisboa) porque o nosso Olival Virtual me parece ser uma boa oportunidade para discutir este tema. É claro que entretanto passaram-se catorze anos e muita coisa mudou, até mesmo no meu modo de pensar. Mas no essencial, mantenho-o como pontapé de entrada na discussão sobre a ideia de que nos Olivais - tal como é discutido aqui por Teresa Valsassina Heitor, - o atraso na construção do núcleo central (equipamentos culturais, serviços e outros) ter moldado negativamente o desenvolvimento do bairro .

(2) No jornal da Junta de Freguesia o seu Presidente proclamava em letras garrafais, "Maior do que as Amoreiras", para falar do Centro Cívico, mostrando, através deste embasbacamento pacóvio e saloio pelo tamanho do novo Centro, que os Olivais não tinham autarcas cujo sentido de responsabilidade pudessem tranquilizar o bairro de que a intervenção em causa seria o mais integrada possível.

(3) E por outro lado, na discussão sobre o Centro, muitas organizações, de natureza cultural, recreativa e religiosa, esperavam ter acesso a este espaço e essa expectativa condicionou o debate existente.

(4) É curioso também de referir que um dos argumentos à época para a justificação do centro seria o de um hotel de apoio à Portela. É claro que hoje sabemos qual a discussão sobre o actual aeroporto.