
Lagos, Agosto 1981.
Este blog é um espaço colectivo sobre nós e os Olivais. Caso tenha fotos ou textos que deseje aqui partilhar envie-os para o endereço na coluna da esquerda, (identificando-se ou solicitando anonimato) para a sua posterior publicação neste sítio. Obrigado.
Era um espectáculo, custou 30 contos. Já tinha tido um acidente e não tinha depósito de gasolina.
Era um fartote de rir parar numa bomba para meter gasolina e pedir para atestar. Abria-se o capot e no sitio do pneu sobresselente estava montado um depósito de mota , que levava 4,9 litros. Lembro-me perfeitamente de, ao regressar a casa de uma noitada, ter parado numa bomba e pedido para meter 2$50 de gasolina, porque estava no fim e não fosse acabar.
O Benguela deve lembrar-se bem uma vez fomos todos a um rali TAP, em Sintra e Montejunto, com um jerrican cheio de gasolina. Gasolina esta gentilmente cedida pelos moradores do prédio por detrás do carro, na 1 foto (por uma em espacial). Considerando que eram vários jerricans e vários carros, foram de uma generosidade pouco comum. Mesmo considerando que estavamos pressionados pelo tempo, era de noite e só havia uma mangueira e não nos lembrámos de pedir a ninguém as chaves dos tampões.
Este carro teve um fim triste. O meu querido irmão saía com ele à noite, sem eu saber, e um dia deixei de o ver. Naquela altura apanhava boleia do meu pai quase todos os dias, para a escola, e um dia, ao passar na Artilharia 1, estava um carocha carbonizado no separador central. Tive um estranho presentimento, mais tarde confirmado, de que era o meu. Ainda hoje tenho a chave e os documentos.
Parece que o carro ardeu por causa do consumo exagerado de coentros ou de oregãos. Iam todos "muito contentes", quando o banco de trás começou a arder ( a bateria ficava por baixo). De repente estavam todos os passageiros nos bancos da frente a gritar. Pararam o carro e fugiram todos as gritos, "Vai explodir! Vai explodir!", tipo filme. Como se um carro com um depósito tão pequeno conseguisse explodir.
O amigo das fotos era o Mário Vicente, não participou em nada nem foi ao rali, mas é um daqueles que um dia desapareceu e nunca mais soube nada dele.