quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Falta de protagonismo!


Desculpa lá, Ó Bafata... antecipei-me! O Xai Xai tinha razão, isto deu-me outro ânimo!

Não está perfeita como as tuas... mas afinal quem é que anda à procura da perfeição?
Hei-de colocar também aqui uma fotografia de Monserratte. Uma coincidência, ontem. Estava a dançar e de repente apercebo-me que o meu par era dos Olivais. Desenrolando o fio da conversa apercebo-me que era a Luísa, há vinte e tal anos, estaríamos em 82, tinhamos feito parte do mesmo grupo do Tó. O que nós estamos diferentes para, na proximidade de um volteio na pista de dança, já não nos reconhecermos. Começámos a soltar nomes, os Dustra, um grupo de música formado pelo Zezito, o Abílio, o Fernando Guê, entre outros. Eram os Beatles dos Viveiros. Ainda me lembro do baixo que o Abílio comprou com o dinheiro do primeiro ordenado de carteiro. E depois ao chegar a casa, vou à caixa das fotos, lá estava, os nossos passeios em grupo até Monserrate, onde ficávamos toda a tarde deitados na relva a benzer a vida. E agora, ao ler o post da Timor sobre o Nuno Lemos , ao lembrar-me da fotografia linda, alucinada dele lá para trás, sinto uma indisfarçável ternura pela forma como crescemos uns ao pé das histórias, dos dramas, até das lágrimas uns dos outros. E um pouco como aquele velho do poema de Manuel da Bandeira que, da cadeira da barbearia, ao ver passar o cortejo, encurvava levemente a nuca sem saber a que morto se curvava, também eu resolvo não encher a caixa de comentários do post anterior com as minhas banalidades sobre a morte dos outros, deixando-o apenas para os seus amigos. Se até para mim que o via de longe ele é ainda, no seu geito meio alucinado, destemperado, uma memória tão forte de um misto de prazer e loucura de viver, o que não será para os seus amigos de rua, de vida.

Grupos ou Teach Your Children

Tenho esta fotografia datada de 1981, Monserrate: Nuno, Fernando, Pedro Morais, Mário Serôdio, Sabido, Emílio, Xico, Nucha e "Timor". Era para falar de grupos, mas já não me apetece (fica para outro dia). Faz hoje 26 anos que morreu o Nuno. Tinha 18 anos. Era fim de semana e estávamos um bocado espalhados, mas voltámos todos para os Olivais. Acho que foi o Gito que tocou esta canção na igreja:

Teach Your Children by Crosby, Stills, Nash and Young

You who are on the road
Must have a code that you can live by
And so become yourself
Because the past is just a good bye.
Teach your children well,
Their father's hell did slowly go by,
And feed them on your dreams
The one they picked, the one you'll know by.
Don't you ever ask them why, if they told you, you would cry,
So just look at them and sigh and know they love you.

And you, of tender years, (can you hear and)
Can't know the fears that your elders grew by, (do you care and)
And so please help them with your youth, (can't you see we)
They seek the truth before they can die. (must be free to)
Teach your parents well, (teach the children)
Their children's hell will slowly go by, (to believe and)
And feed them on your dreams (make a world that)
The one they picked, the one you'll know by (we can live in)
Don't you ever ask them why, if they told you, you would cry,
So just look at them and sigh and know they love you.

Há uma fotografia bonita lá muito para trás neste blog.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

L

com a devida vénia ao blogue irmão...

dão-se alvíssaras !!!

updating soltas oliveiras !!



E com ' a rapariga que vinha da provincia ' , o C3, o Largo feito Santo, o Timor feito Corte Real, assim se vai fazendo o update de tão ilustres posteiros !!

reflexo

http://apenasmaisum.wordpress.com/2007/10/29/amigos/

Mais meninas bonitas dos Olivais...e alguns machos!!!


(2004) Será que ainda reconhecem algumas???

CX



Andava eu no 1º ano do liceu, na secção de Chelas do D.Dinis (ano lectivo 1974-75), quando fui convidado por um colega, que morava na Bafatá, a participar num torneio de futebol.
Não fui o único a ser convidado. Vários colegas meus também foram. Os que jogavam bem à bola e eram simultaneamente bons alunos.

O torneio ia realizar-se num clube que era no Campo Grande.
Clube Xenon era o nome.

Falei nisto aos meus pais que me avisaram das características peculiares desse local.
(...um familiar tinha aí sido "engolido"...)
O meu interesse era mesmo o futebol e por isso lá fui.

O torneio correu bem à minha equipa pois além de termos sido os vencedores também tivemos o melhor marcador.
No final de cada jogo esse colega que me convidou "desaparecia" e, pouco a pouco, todos os elementos da equipa iam sendo "convidados" a juntar-se a ele e a esses momentos de reflexão.
Só no dia da entrega dos prémios é que abertamente me disseram que poderia ir rezar juntamente com os outros. "Vim só para jogar futebol" foi a minha resposta, que nunca fui dado a rezas.

Acho que perdi a oportunidade de uma grande carreira no bcp...
Óh pra elas.
Pão de Açucar dos Olivais

segunda-feira, 29 de outubro de 2007



Será aqui???






Até parece o Brasil ou será África




Foi aqui que aprendi.

Era sempre a acelerar na recta.

Para lá e para cá.

Eu não estava a pensar escrever hoje mas...

"muitos de nós demorámos a tomar balanço para esse universo paralelo..." *

...há frases assim, irrequietas, a bulirem connosco. Ainda ontem passeava nos Olivais com o meu filho. Para ele tem sido uma festa quando eu lhe conto que este é o lugar para onde eu vim com um pouco mais do que a actual idade dele. Ele quer conhecer-me e quando descemos ao Vale do Silêncio e eu desato a correr atrás de uma bola ou a rebolar-me com ele no chão, compreende um pouco melhor porque é que o pai dele tem este lado criançolas. Ontem quando saímos do antigo Café do Tó, actuais Arcadas, depois de encontrarmos o pai do Manel, seu antigo colega de creche, e de os dois termos estado a falar do blogue dos Olivais, ele ficou admirado por ter percebido que o Miguel e a Nucha não eram só os pais do seu amigo, mas pessoas com as quais o pai, há muitos anos, se tinha cruzado neste lugar que ainda é imenso, que ainda é tão pequeno, três ou quatro sitios habituais. E fomos dali até à Quinta Pedagógica com ele a inventar profissões para os seus actuais colegas de escola. A propósito de Quinta Pedagógica: é um pequeno lugar, ali entalado entre os viveiros e a Bedeteca, mas vale a pena visitar e estar atento aos Ateliês. Ontem apanhámos um sobre cozedura de pão.



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* Timor, nuns posts abaixo.

Olá...

Resumo

No meio dos amigos, aprende-se muito mais;
Do que em todos os manuais, histórias de fazer corar;
Coisas da vida reais, que nos querem ocultar
Quando os dias incertos, franzem o seu sobre-olho
E ate os céus mais abertos, nos correm o seu forrolho
Quem é que não nos enjeita,
só a seita, so a seita

Refrão
A seita tem um radar, que apanha tudo no ar,
Na seita não ha papão, tudo tem explicação

No meio das amigas, aprende-se ainda mais
Vai- se mais longe que os sonhos e que a imaginação
As ciencias naturais, cabem na palma da mão

Refrão
A seita tem um radar, que apanha tudo no ar,
Na seita não ha papão, tudo tem explicação

Composição: Carlos Tê / João Gil

A Rua Cidade de João Belo

Vista para a frente. Escola de Nampula. A Lourenço Marques e ainda um bocadinho do muro da Rua Cidade de Bafatá.






Os três prédios, o 87, 88 e 89 . Ou posteriormente, o 6, o 7 e o 8.



Lado de trás.
Apontamento da fachada lateral com janela de quarto de um aqui ilustre blogueiro.

domingo, 28 de outubro de 2007

será quem ???

 


... filha de um olivalista que algumas pegadas deixou naquela terra, em sitios e gentes, momentos divididos com grande dose de Olivaizice ... diria !!

E quem é esse Olivalês ? E como se chama esta filha de filho da terra ????
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sábado, 27 de outubro de 2007

Grande Banquete de Celebração do Septuagésimo Nono Dia




Papa-jantares (lista definitiva)

Xai Xai
Fulacunda
Benguela


(… e suas graciosas, delicadas, lindas e educadíssimas esposas)



Nampula ano lectivo 73/74

Será que conseguem descobrir alguns cromos, na altura com 10 anos de idade?



amélia sebastiânica ...

 




' .. só tenho pena de não estar por aqui uma tua vizinha do fundo da porto amélia que muito gostava de rever.'

in ' comment by a doublexai blogger missing an old ' friend ' !!!

edições comments around vilapery
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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

GLORIOSOS MOMENTOS

Há tempos atrás, em plenas férias de verão, estava uma noite quentinha assim como a disposição de dois Olivalenses de gema que resolveram pegar numa mota verde alface e arrancar para StªCruz e acampar por lá durante uns dias.
Assim foi, viagem feita sem peripécias de grande monta ei-los chegados á vila submersa num imenso nevoeiro.
Viragem para esquerda, viragem para a direita, e não davam com a p....do caminho para o parque.(notem que não se via nadinha).e então ao repararem que o chão que estavam a pisar ela de relva resolveram acampar mesmo ali.
Horas passadas os nossos Olivalenses acordam, saem da tenda e reparam que estão acampados no meio de um cruzamento em plena Vila .............sob os olhares espantados da população

Grande celebração do septuagésimo nono dia da Olivesaria






Comensais (lista actualizada)


Fula
Xai
Eu



Vila Pery

E cá está finalmente a Rua Vila Pery, mais conhecida pela Rua 4 ou ainda para alguns as “moradias da policlínica”…
Sou uma pura Olivalense, já que nasci numa daquelas moradias (talvez porque não houvesse tempo para chegar à maternidade, dado o dia que era…) e no quarto onde sempre dormi…
Ao longo dos anos tenho reencontrado algumas pessoas deste bairro, através dos jantares dos Olivais, onde vão sempre aparecendo caras novas e com quem entretanto tenho estado com alguma frequência e temos relembrado episódios e algumas memórias engraçadíssimas!
Como comentou e muito bem, o “Lobito” - não houve infância tão marcante quanto a vivida nos Olivais – é de facto uma grande verdade! Vivi os melhores momentos da minha infância e adolescência naquele bairro, naquela liberdade sem igual e onde toda a gente se conhecia. Um bairro com gente giríssima, os rapazes mais giros de Lisboa e as raparigas também… acho eu… Todas as minhas experiências marcantes, foram nos Olivais, o meu 1º beijo, o 1º namorado (aquela fase em q não se passa nada…), e logo a seguir a maior das minhas paixões. Ainda o 1º cigarro, a chinchada (nem sei como se escreve…) no quintal dos vizinhos, as ganzas (algumas subtraídas a um dos meus irmãos), etc
Os muros da nossa rua, sempre pejados de gente, 1º no muro dos Cartaxos, mais tarde, no muro dos Pavões. Ao mesmo tempo saltitávamos para o muro da Rua 2, onde se juntava igualmente o pessoal da Cidade da Beira (Paulo Crato, Victor, Vasco, etc). O pessoal ia chegando à mediada que o jantar terminava, jantar esse que por vezes nem havia tempo para mastigar, com a pressa de ir para o muro, alguns para por a conversa em dia, para outros para namorar!
Muito antes disso e embora bastante novinha, sempre fui uma espécie de mascote daquela rua (eh,eh,eh), o que me dava um estatuto especial e por isso era-me permitido entrar nas festas e brincadeiras dos mais velhos. Festas nas garagens dos Tavares e do Pedro Fonseca, onde se viam apenas luzes encarnadas e tudo na marmelada ao som dos Beatles, ninguém dançava…
As festas que eram sempre do melhor, mas que normalmente acabavam sempre à porrada…no S. Marcos, no Penta, no Fénix, em Agronomia, os chás dançantes no Colégio Militar e outros sítios que não me lembro.
As escolas, julgo ter andado em todas (lol), desde o Colégio do Olivais (sol de pouca dura…), à piscina, aos Viveiros e mais tarde o D. Dinis, acho que por esta razão, sempre me dei com vários grupos dos Olivais.
Ficaría aqui a noite toda a relembrar momentos gloriosos….

Comer e dar com os pratos na cara

Comer bem para viver bem, ora bem... estão abertas as matrículas para quem quiser tomar assentamento à volta duma mesa de jantar... amanhã, Sábado dia 27 com local e hora a combinar...


Lista de comensais até agora:

Xai Xai
Benguela
Fula

(em actualização até para aí... às 11 da noite)






Maracangalha



Maracangalha é o nome do campo de futebol estádio com relvado de betão que existe por cima da garagem do nº1 da Rua Cidade de Bolama (e bem visível da curva da Rua Vila de Catió).

O Maracangalha (postador) era um craque!
Apesar dele não assumir a sua condição de excelente:
- guarda-redes (assim tipo Zé Gato),
- defesa (estilo baseado no Freitas-ou-passa-homem-ou-passa-bola-os-dois-nunca!),
- centro-campista (o Toni dos Olivais)
- ou mesmo avançado (ainda hoje toda a gente se lembra do seu estilo aguerrido muito parecido com o do Néné).
Jogava bem em qualquer posição.
O sonho de qualquer treinador.

Só mesmo o Brynner e o Toninho Barrigana rivalizavam com ele!

Eram sempre os primeiros escolhidos.
E todos nós queríamos ter a sorte de ficar na mesma equipa que eles.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

where do some people come from ... updated !





... porque nunca é tarde para reparar uma omissão !! Inha's sign à parte, pois depois de 45 minutos à volta de um programa de fotos para crianças de 5 anos .... não conseguia carregar de novo a toponimia do Largo dos Peitos. E se punha o Inhambane e tirava o Largo ... tapava os pés e destapava a cabeça.... lá vinha guerra mais logo ... Assim cumá ssim ... fica assim !!

PS: depois de pequeno tumulto cerebral e por favor sem me perguntarem como , consegui inserir o Inha's sem mexer no Peito !!!!

PS II: Amanhã volto ao Jardim de Infância para noções básicas desta josta do Picasa!!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

radar









"Making of" da sessão fotográfica com o Álvaro Rosendo.
(Doca dos Olivais)

...e à noite antes da distribuição de folhetos pela Av. de Roma.
(Rua D. Aleixo Corte Real)



19 Junho 1985.

Vamos aos 200, Olivas!

Lembram-se quando gastávamos uma tarde inteira nos toques? Um, dois, três, trinta...xi, olha ali a Belinha...porrâ, enganaste-me, agora tenho de voltar ao princípio... As várias barreiras que fomos ultrapassando, desde que começámos a dar toques no cautchu, até que já meio craques íamos aos cem, aos duzentos, e até aos trezentos toques, às vezes até com aquela paradinha no peito que fizeram de Figo ou de Cristiano Ronaldo verdadeiros magos? Assim é aqui também, vamos ultrapassando os nossos limites, nos comments, nos comentários, nas postas dos posts. E para evitar os scrolls, que Reviver o Passado merece, sigam o link aqui (para que não hajam tresmalhanços este post, assumidamente blogumbiguista, é incomentável).

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A casa das paredes de nós

Aquela era a nossa casa, o lugar onde nos sentíamos bem, onde entrávamos sem justificação, onde nos deixávamos estar nas eternidades que couberam nos nossos vinte anos. Ficava na praceta aleixo corte real, no rés do chão, e marcou o período da minha segunda relação afectiva com o bairro, já depois de ter ido fazer um curso de teatro que mudou radicalmente a minha relação com a vida, com os outros. Aquela casa não era um lugar deste mundo. Ficava na fronteira entre um lugar imaginado e um lugar real. Podiamos escrever nas suas paredes. Podiamos chorar, rir, fazer teatro, tocar. O primeiro concerto dos Grajaú, com o Abílio Viegas, o Fernando Guê, o Ruca e o Pedro Queiróz (o dono da casa) foi lá. Era lá que nos juntávamos os do bairro, os que vinham do teatro, os que vinham da música, os das ganzas. E por vezes ficávamos a dormir quando nos chateávamos com a realidade. Ou ela connosco. Ou simplesmente, quando esse desejo de ser grupo nos atravessava. Viéssemos de onde viéssemos era por lá que passávamos. Tocávamos à campainha, alguém, nunca o mesmo, abria a porta. E se era hora do jantar íamos buscar mais um prato. E depois lavávamos a louça. Era a nossa casa. Podíamos escrever nas paredes, sempre que digo isto preciso de repetir, as paredes estavam cheias dos nossos poemas, das nossas inscrições de juventude a doer. A realidade não era especialmente meiga connosco. Estávamos nos princípios de 1980, a crise, a crise, pá, esta porrâ da crise sobre as nossas vidas, pá, era uma chatice, pá, salários em atraso, desemprego, contratos a prazo, a falta de perspectivas, e ao mesmo tempo este apelo meio subterrâneo ao carpem diem, ao estarmos juntos, as ganzas, as ganzas foram uma merda, um gajo ía comprar um pintor mas depois um pintor já não dava para nada, tinha de ser uma quinhentola, e depois, lembras-te?, a gente ía para fora, para o Guincho, para o Algarve, para Sintra, nos planos da viagem lá estava o chocolate, sem ele até parecia que a festa não se fazia, não acontecia, ó pá o que lixou isto não foi o chocolate, o chocolate era como o da ribeira, uma festa em grupo, a sério, o pior foi a coca, a heroa, a heroa é que veio dar cabo disto tudo, eu já não te podia olhar nos olhos, entendes?
Foram os anos oitenta. É dificil explicar o que foi viver os nossos vinte anos abertos nos anos oitenta. Foi um festim, foi uma festarola, as coisas compuseram-se, endireitaram-se, o mundo tem um corrector ortográfico preso à cintura, mas foi duro, enquanto não se endireitou foi duro para todos nós. Não havia heróis. Foi por isso que construímos por dentro daquelas paredes uma edificação que afinal éramos nós a ressoar com o nosso medo de nos apequenarmos. A casa das paredes de nós era o lugar onde tudo parecia poder reexistir à nossa medida. Onde começámos a falar da arte, a falar da ideia de transformarmos o mundo, a descobrir a nossa sensibilidade, a atenção ao que nos cercava, faziamo-lo com gerações muito diferentes, todos eles eram iguais no escrevinhar nas paredes, hoje é dificil explicar isto. As nossas casas, elas próprias, não nos entenderiam.

Stradivarius


dando imagem a ...



... um fantástico post do Xai e a um comment da Lobita.
' ...
Aí chegados, a entrada foi fácil, à Olivais, cada um de nós escolheu o seu “pai” ou “avô” adoptivo e com um; “Senhor, posso entrar consigo?”, tornávamo-nos “familiares” de circunstância e passávamos os porteiros ... '.
Pois assim era em 1976 como bem referes Xai . A partir do ano seguinte, já com arzinho de rufia olivalista ... toca mas é a pagar bilhete meninos. E ali está, o 1º que paguei nas competições europeias, 1977, 70$00 que o mar não estava para peixe !! Recordo esse dia que falas e acredito que os restantes arrancadores prá bola à ultima da hora tenham sido o Joca, o Becas, o Bizou o Ossitos e o Xóina ( cabindense afastado por onde andas ?? ) . Pelo menos essa era a pandilha !! E nós os Bafatistas é que te agradecemos Xai. Por este post, por teres estado tanto tempo por ali connosco ...
Lobita: não era necessária gráfica confirmação mas aqui está, dois milinhos de escudos e foi para quem quis..
' ... Odiei aquilo. o estádio tremia debaixo dos meus pés - que aflição. ' ... Lobita comment !!
AQUILO Lobita, aquilo era e é a mistica de se ser BENFIQUISTA. Tremia o estádio, tremiam seis milhões de corações, tremia o mundo e o Deus Sol ! AQUILO , como bem escreves não se explica , sente-se , tem-se ou .... não ! No jogo da 2ª mão ... 4-4 em Leverkusen num jogo que quando recordo me enche de arrepio ... Dasssssss !!!

B’ora ao Benfica???

Quem me conhece, sabe bem da minha afeição pelo glorioso Benfica.

Quem não conhece, não vale a pena pesquisar através desta característica… somos 6 milhões.

Nasci numa família pouco atenta a futebóis. Excepção feita ao meu avô paterno que era leão de lugar cativo, não havia o hábito de ver ou conversar sobre futebol, o meu pai, que nunca vi num estádio de futebol, tinha um fraco pela equipa com aquela espécie de gato na camisola, digo fraco porque um clube daqueles não alimenta sentimentos fortes, mas nunca passou do sofá.

Tendo vivido em Angola de 1965 a 72, não cresci por isso com a televisão por companhia, ouvia sim, bastante telefonia, o que aliás, ainda hoje acontece.
E o que nos traziam essas ondas mágicas, para além das notícias oficiais da guerra, dos Beatles, Nelson Ned e Roberto Carlos (de que ainda hoje sou fã!)?

Traziam, as inesquecíveis e gloriosas noites europeias do Benfica.

Assim me fiz benfiquista e passei a conhecer os outros membros da família, Ajax, Manchester, Milão, Inter, etc.
Ainda hoje me custa desperdiçar tempo a falar de futebol com adeptos do Guimarães, Rio Ave, Sporting, União de Leiria, etc. Desde cedo aprendi a reconhecer os outros grandes da Europa, como sendo os nossos verdadeiros adversários.
Com dez anos, chego à metrópole (adoro esta palavra!) e não encontrei quem partilhasse comigo este gosto. O meu grande companheiro desses primeiros anos, o João Belo, que bem conhecem aqui na Olivesaria, nunca se mostrou muito adepto de “clubíces”, creio até que em dado momento assumiu essa sua limitação e tornou-se adepto do tal clube do gato a armar ao pingarelho.

Para ver futebol, tinha de acompanhar o meu avô (um prazer!) e ir ao Estádio José Alvalade. Fui, inclusive sócio do clube. Recordo aqui a mágoa que senti quando foi desmantelado esse local onde vivi tantas glórias benfiquistas.
Conhecia bem Alvalade mas, aquele que era o meu estádio, népia…
Por esta altura, com 14 anos, “parava” no reino de Bafatá, partilhando com aquela “seita”, os muros, a rua, participava nas incursões por outros territórios olivalenses e competia nos seus “autódromos” de caricas.
Certa noite de muro, mais exactamente no dia de 29 de Setembro de 1976 (bela memória a…………..do Google!), alguém lançou:

B’ora ao Benfica???

Sem surpresa, a resposta afirmativa foi unânime. Casaco vestido, tostões no bolso para o 50, e “ala que se faz tarde”. Na Catedral, os mais batidos apontaram a rampa norte como objectivo. Chovia. Aí chegados, a entrada foi fácil, à Olivais, cada um de nós escolheu o seu “pai” ou “avô” adoptivo e com um; “Senhor, posso entrar consigo?”, tornávamo-nos “familiares” de circunstância e passávamos os porteiros.
Consumou-se desta forma, um desejo antigo, sentar-me no 3º anel e ver o Benfica jogar “na Luz”.
Confesso que, para além do inevitável Bafatá e do quase certo TóJó, não me recordo dos nomes dos outros Bafatás que apadrinharam esta “premiére”. Na eventualidade de existir por aí alguém que se recorde deste episódio e me avive a memória, aqui o Xai2 agradece.
Para quem possa interessar, aqui vai o “relatório” do jogo:


29 de Outubro de 1976
21:30
Estádio da Luz
BENFICA 0 – DÍNAMO DRESDEN 0
2ª mão da 1ª eliminatória da Taça dos Campeões Europeus
Resultado da eliminatória: 0-2
Benfica eliminado (devemos ter sido roubados!)

Obrigado Bafatás….

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Olivais vs Infância

Uns dizem que foi mau, outros que foi bom e... ainda outros que nem por isso.
Todos concordam no entanto que não houve infância tão marcante quanto a vivida nos Olivais.
Em que outro sitio seriamos obrigados - lembrando o JoãoBelo - desde tenra idade, a aprender a sobreviver aos “ataques” dos indígenas bairros vizinhos.
Diz a Lobita, e bem, que não morremos todos várias vezes, simplesmente porque não e que diariamente fazíamos imensos disparates apenas porque sim.
Os Olivais nasceram de uma experiência, quanto a mim, errada, de misturar todo o tipo de gentes o que veio a provocar um nivelamento por baixo, claro, de todo o gentio que por lá cresceu.
Atenção Oliveiras, não me interpretem erradamente, por baixo, não implica necessariamente mau ou errado, mas simplesmente escusado. Imensos disparates e abusos sucederam e que, obviamente poderiam ou deveriam ter sido evitados.
Em que outro sitio se poderia dar largas á imaginação durante dias (anos) a fio?
Em nenhum outro lugar poderíamos ter a liberdade que tivemos.
Enfim, estava-se mesmo a vêr que bandos de miúdos, a solta durante todo o dia ( bairro dormitório para os pais) não podia acabar bem.
O que realmente penso, é que se criou um ambiente de solidariedade, amizade e camaradagem como em mais nenhum outro. Não tentem desmontar a teia existente entre as Oliveiras.
Quem passou anos naquele activo dolcefarniente sabe que aquela é, e sempre será a sua terra.
Assim se criou o Bairro dos Olivais, grande em tamanho e grandioso nas pessoas que por lá cresceram.

domingo, 21 de outubro de 2007

Da educação dos rapazes

Uma das razões porque insisto tantas vezes que sou um gajo-gaja é porque não me revejo, diria, abomino, a forma como nós rapazes vivemos a descoberta da nossa sexualidade e sempre desejei que pudéssemos ter aquela cumplicidade que, na maior parte dos casos, torna o ser gaja, o verdadeiro sexo forte. Falo por mim, claro. Sempre senti que nós começamos a perder a tesão pela vida logo ali, no início da efabulação sobre a ponta. No meu caso deveríamos estar entre 77 e 78 e eu teria assim, entre os quinze e os dezasseis anos. O Carlos, o Inácio, o Beto, o Zé Manel e eu fazíamos parte da mesma pandilha. Copiávamos olhares furtivos às raparigas, jogávamos matrecos, à bola. E falávamos das nossas proezas. O Carlos (dizia que) enchia frascos de yogurte com o sémen. E (dizia que) fazia sessões de tiro ao alvo com o irmão, em direcção ao espelho da casa de banho, os dois batendo segóvias, ou punhetas. Naquela altura ninguém se masturbava. Eu vivia aterrorizado. Primeiro nem sabia o que era uma punheta. Foi o Zé Manel, com quem tinha mais à vontade, porque já tinha ido a sua casa no Bairro do Cambodja, que me ensinou como se manipularia o pénis. Depois, mesmo depois de ter ido aos Restauradores comprar uma Revista Luxúria e de me ter fechado na casa de banho, a bater uma bela de uma iniciática punheta, só me saía um bocado de pó branco langonhento que nem a parte rasa do boião de yogurte cobria. Ainda, mais ou menos por essa altura, comecei a ser vítima dos rapazes da rua que me queriam fazer amostras. Como não era circuncisado o meu pénis ficava sempre encolhido e na altura da amostra, mais recolhido ficava. Saltavam todos em cima de mim. Todos queriam ver a minha picha. Queriam fazer dela um museu, uma exposição permanente. Só não me suicidei porque, por um lado, tinha vergonha de contar isto a alguém, e depois gostava tanto da vida que pensava sempre que no Verão seguinte a coisa passaria. E passou. Mas deixou marcas. Na ginástica não tomava banho sem antes ter o cuidado de arregaçar a cabeça do pénis, de modo a dar o ar de uma picha circuncisada. Evitava a água fria. Tomava banho num balneário cheio de gajos nus e a pensar nas gajas que fodiam nas revistas pornográficas esperando ganhar alguma protuberância muscular. Mas também não podia ser muito, senão passaria por paneleiro. E vivia aterrorizado pela imagem do dia em que me deitaria a primeira vez com uma mulher. Imaginava que ela iria fazer a mesma coisa do que as bestas dos rapazes. Mas não. As gajas são doces com o sexo de um homem. Tratam-no como se fosse o seu. Chupam-no, comem-no, trincam-no até. Com o correr dos tempos fiz das gajas os gajos que nunca tive. Foram elas que me ensinaram a saborear a maçã. Enquanto a companhia dos rapazes me tornou um gajo inseguro, cheio de medos, foi a primeira mulher com quem me deitei que começou a encher-me de mim. Lembro-me, eu termia. Dizia coisas absurdas como só os gajos acossados sabem dizer. Ela pôs-me a mão na boca. Disse-me, tás cheio de medo. E estava. Já a imaginava, meio gajo, a dizer, -Next! Fez tudo ao contrário. E de uma maneira tão doce que eu nunca saberia ou poderia sequer aspirar a saber antever. Disse-lhe, não te empates comigo. Fodo mal. Não disse fodo, é um efeito literário, na altura não se falava assim. Disse-lhe que era mau nisso. E foi então que se abriu diante de mim o espanto como tem sido sempre assim, desde esse primeiro dia até hoje, disse-me: - És bonito. És um homem muito bonito. Era terrível, quanto mais inseguro, mais bonito.Houve uma que percebendo que eu estava a ficar inseguro para fazer charme disse: - Esquece. Não és bonito por ser inseguro. Se fosses seguro serias bem mais bonito. E foderíamos melhor. És bonito porque me fazes desejar que seja dentro de ti que eu me esqueça de tudo, até de mim. Eram assim as mulheres. Cresceram ao contrário de nós. Aprenderam cedo a rir-se das façanhas, a partilhar fenómenos. E embora dissessem coisas surpreendentes, embora fosse ir ao fundo do mundo ficar a ouvi-las sobre a vespertina educação das raparigas, eram também excelentes ouvintes as mulheres que amei. E sossegavam-me apenas com um gesto de olhos, um manso gesto de olhos. Eu era desajeitado, quase nunca conseguia à primeira, mas elas eram meigas, carinhosas, devoradas longamente pelo devotado exercício de fazerem de mim um homem. O homem que as foderia. A paciência que uma mulher tem para antever num homem aquele que a vai comer é uma das coisas mais enigmáticas de todo o universo. A mim ensinaram-me tudo. A pôr e a retirar a cobra entre as pernas. A deixar-me ir na torrente de um gemido. A dizer palavrões, a gritar e a possuir-me. Talvez outros gajos tenham tido sempre e noutros lugares, a felicidade de terem aprendido o sexo entre rapazes. Eu, o único testemunho que posso dar, é a tristeza que, à distância de mais de vinte anos, ainda hoje consigo vislumbrar nas caras aterrorizadas dos putos que não podiam, nem sabiam, desmontar os relatos façanhudos de alguns de nós. E desejo que todos eles tenham tido a sorte, a bem aventurança, de terem aprendido com uma mulher a partirem o sexo em dois, metade macho, metade fêmea. Sempre tive inveja, uma inveja sem par, da educação das raparigas.



sábado, 20 de outubro de 2007

sexta-feira, 19 de outubro de 2007


© pampam (d'après serge clerc)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

E a Red Light


E o Bairro


VIVA O FAVAIOS


Reviver o Passado

Um destes dias, não há muito tempo, tinha eu ido dar uma voltinha até ao Reino dos Bafatenses, lá onde o nosso Bafatá é Rei e Senhor, quando me deparei como uma foto que me deixou tão cheia de saudades... era um dos ícones da minha adolescência – era a imagem de tudo o que eu achava o máximo. Lindo, rebelde, um certo ar perigoso... charmosíssimo... e completamente “passado daqueles cornos”, enfim tinha tudo para ser “o” ideal daquela altura. Quanto pior, melhor... depois mudei de convicções, mas naquela altura era exactamente isto. E quanto piores e mais descabeladas fossem as coisas que eu inventava, arquitectava e fazia, mais integrada me sentia – era uma onda “muita maluca” – éramos totalmente irresponsáveis e só não morremos todos, várias vezes, porque não era nada a altura para isso – ía cortar a ganza toda!!!

Ora, aquela foto personalizava toda essa altura. O ar dele, a pose, o ar blasé (embora tivesse algum estudo...) Fiquei alguns dias a pensar nisto; sonhei imenso e revivi momentos únicos. E cheguei mesmo à conclusão de que era uma pessoa da qual me tinha esquecido. Como é que era possível? Não sabia nada dele, onde andava, o que fazia. Não é que me tivesse dado especialmente com ele, éramos só da mesma “seita” e os nossos amigos eram os mesmos. Mas eu gostava dele.
Revivi a toda a sua atitude – imagem, para mim, de uma época (soou um bocado piroso, não foi?) nos últimos dias... quando, de repente, saído do nada, vinha eu (hoje) com as crias a passar pelo Pinto/Cheira-Mal/Mete-Nojo/etc/ quando vou cumprimentar algumas das pessoas que ali estão na esplanada, e como já era lusco-fusco e nessa altura todos os gatos são pardos, não vi metade...e oiço: “Já viste quem está ali?”... Ele há coisas do caraças; Ali está ele, igual...igual... até o ar era o mesmo. Irra, tinham-se passado 20 anos. Ok, mais uns cabelos brancos... quem não tem??? Um abraço apertado! Que bom que foi vê-lo. Falámos 10 minutos. Até pode ser que voltem a passar mais 20 anos. Foi bom!

uma pequena brincadeira


olivais sul ... have a coffee around !!

óbvia ...


evidente ...

cruzadistica !