terça-feira, 4 de agosto de 2009

SESIMBRA














Aproveito o embalo imparável do Bolama e carimbo o verão com um “post” de fato de banho e chinelos.
Sempre que o verão reclama as primeiras imperiais, lembro-me invariavelmente de Sesimbra.
Dos 13 aos vinte e poucos anos, era lá que “descansava” da minha (in)actividade escolar. Aliás, sempre me esforcei bastante para que a vida de estudante não fosse demasiado absorvente, de modo a que os 4/5 meses de férias (conquista de Abril que todos muito apreciávamos) fossem suficientes para recuperar energias. Era de tal forma prolongada a nossa estadia por aquelas bandas que contribuíamos para o ferrolhar do verão, ajudando o velho banheiro Jacinto no final da época, a desmontar a praia e a transportar os toldos e cadeiras para o armazém onde repousavam no inverno.


No fim das aulas, a família mudava-se para Sesimbra e iniciava-se o ritual veraneante.
Mas não ia sozinho. Eram muitas as famílias dos Olivais (e de outras paragens também, mas essas não contavam) que o faziam.
Relembrando esses tempos verifico com curiosidade que apesar da distância geográfica o espírito dos Olivais permanecia.
Pela manhã, na praia do Jacinto, um antigo pescador convertido à terciarização, alvo constante da irreverência juvenil (expressão linda para descrever o que lhe fazíamos), iam chegando as famílias com os farnéis preparados para uma jornada completa de sol e mar. Quanto a nós, de chegada mais tardia, ocupávamo-nos em futeboladas ligeiras, campeonatos de frisbee, caça submarina, cartadas e tudo o mais que se faz e não faz, na idade em que o tempo não tem tempo (com “tiradas” destas ainda me arrisco a ser convidado para ghost writer do nosso primeiro ministro quando este resolver escrever as suas Memórias do Cárcere...).
A propósito de caça submarina, recordo um episódio em que andávamos eu e outros oliveiras, perscrutando de arma em riste os mares sesimbrenses em busca de incautos linguados ou chocos distraídos. Naquele dia porém, os marinhos estavam particularmente astutos e não lhes parecia boa ideia passar do estado molhado para o estado grelhado. Decidimos então deslocar-nos para junto das rochas na expectativa de “convencer” algum polvo simpático que por lá andasse dos méritos da vida em terra firme. Debalde…
Um de nós, mais incomodado com o insucesso da pescaria, encontrou, numa subida à superfície para respirar, a solução para a sua frustração.
(façamos uma pausa na nossa empenhada militância em defesa dos animais – não comestíveis, claro…)
Uma pensativa gaivota descansava pacatamente numa rocha quando um arpão de espingarda de caça submarina a atravessou e…

À noite, vivida sempre em bando, “vadiagem” pelas ruas e cafés, como no bairro. Bastante activa e numerosa, era a representação dos Olivais na Confraria do Agrião. Antes da fase “encartada”, contávamos com os prestimosos serviços da empresa de camionagem Covas & Filhos para as nossas deslocações, das poucas que não foi integrada na Roubalheira Nacional, perdão Rodoviária Nacional.

Por lá paravam muitos Bolamas, desde os manos Mateus (disseram-me que são desenhadores num gabinete de arquitectos na Falagueira, mas não confirmei…) até à família “Maracangalha” (sim, também tínhamos amigos cujo pai tinha a sua assinatura nas notas do escudo), passando pelos irmãos Lemos (a um deles, não lhe “perdoo” ter-me iniciados nas visitas à Quinta das Tabuletas, uma semana depois de termos estado juntos um fim de semana em Sesimbra) Lembro-me sempre dele quando oiço dizer que mais vale ser rei por um dia que príncipe a vida toda…. Recordo com estima a família Serôdio, Novos Redondos de boa cepa, com quem partilhei quase todo o meu percurso sesimbrense, e de quem tenho muito boas recordações. Foram muitos aliás, os que partilharam as minhas estórias sesimbrenses e a quem aqui poderia fazer referência.

Da banda sonora destes dias recordo por exemplo os Stones no álbum Tattoo You ou o Patrick Hernandez quando dizia que tinha “nascido para estar vivo”, pensamento que nem a Lili Caneças desdenharia.
por Xai-Xai

Têm visto o Ambrósio?‏

"blue Va Gino was here"


por Bolama

PRÉDIOS NOMEADOS






















Esta é uma velha tradição, a da nomeação dos prédios, uma topografia toponímica que foi caindo em desuso. Nos Olivais escassearam estas imposições, algo que presumo normal numa urbanização cujos lotes se sucederam. Os nomes, tardo-imperiais, ficaram-se pelas ruas.

Por Bolama