quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A destruição dos Olivais Velhos

Pelo desenho anacrónico da rua com um sossego quase aldeão e o prédio a querer trepar ao céu, escolho esta foto do Beira para ir lá, aos idos de 83, quando o Apicultor me levou a participar no meu primeiro movimento de azeitona que se reconhece enquanto tal, um movimento contra a destruição do núcleo antigo dos Olivais Velhos.
Abaixo assinados, manifestações no Largo da Viscondessa, happenings no Coreto, um pouco de tudo. E foi por essa nobre causa que eu descobri o caminho para um não menos nobre ideário, o do movimento-de-saboreio-da-ginginha-e-do-queijo-de-ovelha, numa tasquinha ali no Largo da Viscondessa. Foi sobre esse tema aliás que eu comecei uma das minhas primeiras colaborações com o DN Jovem. Chamava-se A Destruição dos Olivais Velhos e falava das nossas tardes passadas ali a derretermos o tempo ouvindo aquelas conversas urbanas com travo rústico. Ou, quando o etílico da ginginha já subia até ao armazém das ideias, divertindo-nos com o vaivém naquele mictório público de ferro, a um canto da praça, que deixava ver, pelo saracoteio dos pés, as diferentes técnicas utilizadas.
Mais tarde, já no decorrer do lastro deixado por alguns projectos de animação, entre os quais os Olivais Vivos, o largo foi utilizado para alguns concertos e propostas de agitação nocturna. Não vingaram entretanto. O betão é mais fértil. E é só juntar água. Há pouco tempo fui lá, ao velório de uma amiga, a dona da casa das paredes de nós. Há lá umas capelas mortuárias. Tristes, soturnas, lúgubres, como se julga que devem ser as coisas ligadas à evaporação da vida. E talvez por ser assim que a ele retornei, que me pareceram inexistentes os Olivais Velho que tanto me encantaram. Nem sei se ainda têm a ginginha, o queijo seco, as horas esquecidas no fim das tardes.

Olivais Velho








Algumas fotografias tiradas nos Olivais Velho, em Janeiro de 1983.

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2º Opíparo e 1/2 ... à volta de uma entremeada !!



Na presença de dois ilustres ( sói dizer-se !! ) membros da secreta Olivesaria, realizou-se o 2º repasto e 1/2. De inicio com a fraca aderência de dois personagens presentes na Roullote da Esquina, seguiu-se uma estrondosa comparência de Olivalistas, tresmalhados entre os mais de 50000 ( isso, são quatro zeros, cinquenta mil !! ) que se quiseram juntar ao evento ali para os lados da Catedral. Não podemos jurar que seriam todos Oliveiras, mas que haveria muiiiiitos, lá isso haveria !!