segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Bolama (Guiné)



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(sempre tive a curiosidade de saber qual seria o aspecto visual das localidades que deram os nomes às ruas do nosso bairro)

Beira (Moçambique)


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(sempre tive a curiosidade de saber qual seria o aspecto visual das localidades que deram os nomes às ruas do nosso bairro)

ir ficando

Ontem, encontrámo-nos, um punhado de amigos, tudo malta desta criação. Eramos apenas uma meia dúzia mas não exagero se disser que acumulávamos quase duzentos anos de amizade. Tínhamos ali concorrido à mesma hora, com o mesmo motivo. Claro, tudo hoje, para nós homens adultos, tem de trazer um motivo que nos transporte para algum lado. Confirmo que somos capazes de desfiar conversas com a mesma desordem e liberdade com que sempre o fizemos, mas para que estas emerjam é preciso sempre um motivo, algo que se combine, que hoje só nos juntamos porque assim nos aprazámos – e nisto tão diferente d’aquele “ir ter com o pessoal” que integrava os dias de modo quase inconsciente.

Quase os mesmos, mas ‘crescemos’, e agora tudo tem de ser previamente combinado, e a horas certas que isto já não dá tempo para ir ficando. Mas é bom ver que a nossa natureza permanece a mesma e que pouco depois já mergulhamos nas memórias, nos trejeitos subentendidos, das novas que algum nos traz dos meridianos que lhe são próximos, e rimos e gozamo-nos com a simplicidade com que sempre nos provocámos e tudo retorna ao que sempre foi.

Depois, claro, inevitavelmente, acabam por chegar as horas, as horas de nada, apenas as horas com que nos habituámos a emaranhar a nossa vida - e neste compromisso que nos leva a lamentar um já “não poder ficar mais tempo” não somos, é certo, a mesma coisa. Nem sabemos bem o que temos “lá” de tão importante para fazer, nem creio sequer que reflictamos nisso, que este “bem já está na hora” vem-nos de dentro, reflexivamente, do treino do dia-a-dia. Como se ficar por ali, a degustar amizades fosse quase ilícito na rotina do dia-a-dia. Como se a hora de partir já tivesse passado mesmo que nunca ali tivéssemos chegado com hora marcada.

Hoje, crescidos tanto, mantemos as mesmas conversas, mas já não sabemos estar, pelo menos o estar de ir ficando. Como se algo em nós nos empurrasse na pressa de voltarmos para a nossa vida adulta … talvez, quem sabe, temendo por ali querer ficar, assim, simplesmente sem nada que fazer, entre a malta da nossa criação, sem horas marcadas.