quinta-feira, 27 de março de 2008

Tardes dos «Viveiros»

Por momentos, João Belo, transportaste-me para dois momentos, distintos. Coisas da mente, que vai buscar aquilo que queremos mas também aquilo que não esperamos.

1º Momento: A primeira namorada a sério!
O fim do 9º ano.
Acaba o ano escolar. É o último dia de aulas.
Andámos o ano todo naquele jogo de insinuações. Mas nunca deixavamos de ser apenas bons amigos. Sempre soubemos que era mais que isso! mas continuavamos naquele jogo!
Aquele delicioso jogo, em que nos afastamos e sabemos que ela vem atrás, e quando ela finge que não nos vê, nós estamos sempre atentos a ver tudo, e quando há qualquer coisa, estamos sempre ali, ao lado...

Foi um jogo delicioso. mas o ano acabou!
Acabámos o 9º ano. E eu, por decisão familiar, vou ter de deixar a escola. Vou viver para a Caparica.
Estamos nas despedidas e declaramo-nos. Choramos. Mas porquê? Porquê? Porque razão não aproveitamos todo o ano? porque fingimos que éramos só amigos? Ambos sabíamos!

Um drama... em que o calor ardente de junho, o efeito das multiplas cervejas acumuladas na relva inclinada, o desespero da separação, as lágrimas, os beijos desesperados como se fossem os últimos (e foram mesmo!!! essa é que é essa!!!)... Foi uma tarde dos «Viveiros»...
A última tarde dos viveiros!


2º momento.
Por acaso acho que não foi de tarde, mas de manhã!
E veio-me à cabeça por causa dessa tonteria que ganhou dimensão de caso nacional, de uma miuda histérica a recuperar um telemovel da professora em plena sala de aulas.

Ora, digam-me lá vocês? nenhum de vós esteve numa sala de aulas com cenas parecidas???
É verdade que não havia telemóveis. Eu sei... Mas havia a mesma bagunça!

Um dia, tinha uma professora que era doida, dava uma aula estranha... já nem me lembro bem, no 9º ano, acho que era Economia & Contabilidade... uma coisa assim!
Ora, a mulher não batia bem da cabeça!
Entrava na sala, e falava, falava, sem olhar para nós.
Metia o olhar no infinito, e debitava cassetes... falava, falava, falava...

Ora, era o gozo total!
Aquilo parecia um robôt! Se houvesse muito barulho ela levantava mais a voz, se não houvesse barulho, falava baixinho!

Um dia... estava tudo doido... era Primavera, o Sol entrava pelas janelas... a miudagem, toda apaixonada... cada um a querer impressionar o próximo... e era a palhaçada total!
A prof. de olhos vidrados no infinito já nem se ouve a si própria... e desmaia. Cai no chão, parecia uma pedra!

Assustámo-nos abrimos a porta a chamar uma administrativa... e lá foi ela levada em braços para uma ambulância!

Ninguém lhe tocou. A mulher caiu pró chão sozinha... mas acham que alguém nos perguntou o que se passou???? Nada!

Agora de repente está tudo escandalizado com uma miuda desesperada para obter o seu telemóvel!

Não é desejáve que aconteça, e deve ser penalizado quem se comporta assim... mas de repente parece que todo o mundo perdeu a memória! Já não se lembram?

Olhem... eu lembrei-me! As manhãs dos Viveiros...