.... um bairro como o nosso ? Quer dizer ... nem maior nem mais pequeno, em tamanhos de gentes e sonhos, de coisas inacabadas, de pequenos muros e escadas onde se descobriram vidas, se perderam também, se deram abraços e viram partidas, muros altos, muros baixos, que se saltaram ou por onde nos quedámos num olhar feito de palavras inventadas, terra grande de tanta gente, de onde sairam pessoas que se via mesmo de onde vinham, onde se descobriram amores e desamores, se amou o cheiro e as ruas, as pracetas e cafés, sem saída nem hora de fecho, onde a liberdade entrou e se sentou, trazendo o céu e a morte, maquilhando meninices em loucas adolescências, agrupando e afastando na insinuante aventura da descoberta, com escolas de meninos de batas, de ruas velhas e escuras numa vida em armadilha, e outras novas, de olhares e desafio nas cumplicidades de quem sentia o sabor de um abraço, de um beijo nunca sonhado, de um amor sobressaltado por tanta vida em tanto dia, em tanto lugar nosso e de todos, onde estar-se, viver-se, ter e ter-se, era coisa de montanha e seus cumes, de mirada de mundos secretos, de lágrimas aprendidas e vencidas, ou fracas e acabadas em mares de importadas guerras da cidade grande . Pergunto-me se haveria então nesta cidade algo parecido com um bocado de terra que soubémos fazer nosso ....
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
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