quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Os Olivais perseguem-me


A minha vida tornou-se num inferno desde que comecei a escrever para este blogue. Aliás, desde que comecei a escrever em blogues mas isso é outra conversa. Mas com a Olivesaria a coisa está a tornar-se muito complicada. Os Olivais perseguem-me. Andei quinze anos sem ouvir falar em Olivais e de repente é isto, olivais a toda a hora do dia ou da noite. E cada vez mais cercado. Hoje fui dançar para o Espaço 100 como faço sempre que há música ao vivo. Escolho a mesa mais afastada. A um canto. Estou sózinho. Combinei com uma amiga mas ela atrasou-se. Claro que não me sento, fui ali para dançar. Danço sozinho. Gosto. Os músicos já me conhecem, alguns deles são meus amigos, sorriem-me enquanto tocam, já faço parte da mobília. Ao meu lado quem está? Sem eu e ela sabermos, a Vila Pery. Sei isso, já depois dela sair ao dançar com uma bailarina que é amiga de quem? Do Bengas, nem mais. Que não veio, por um mero acaso. Estou a ficar azul, vou sentar-me, sou interceptado por uma amiga da bailarina que me rouba uma dança. E esta, que não só é da cidade Bolama, é amiga de quem? Do Bafatá. Falamos do blogue, claro, a doença é essa, ler, falar, escrever. E depois ainda sonhamos com o blogue. Tenho pesadelos com um imenso scroll que me arrasta para o quinto dos infernos. A olivesaria está a dar cabo da minha vida. Ela diz-me, sim, conheço o blogue, mas aquilo é só masturbação intelectual. Bonito, agora como é que lhe digo que sou o João Belo, autor de lençóis de palavras que devem representar 97% dos posts onanistícos a que ela se refere?! Estou frito, assado e cozido. Já não sei o que fazer. Aproveito uma subida da batida de um funaná e digo-lhe enquanto sobe a música. Felizmente ela não ouve. E eu aproveito para fugir para aqui, vou sonhar que apago o meu nick, que fujo, que fujo para muito longe, que escrevo, adeus amigos, este é o meu último post.

Talvez recupere a minha vida agora, longe desta olivesaria, penso, já embalado pelo sonho.