quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Sons do bairro
No outro dia tirei meio dia de folga, para ir almoçar aos Olivais com a minha mãe e o meu irmão. Ela estava no curso de informática e eu aproveitei para dar uma volta pelo bairro. Bastou-me ouvir aquele sino para perceber que naqueles sinos meio mecânicos tinha ali uma história. Tenho o vício de contar histórias e as histórias que conto são isto: fragmentos de qualquer coisa que têm um princípio, um meio e um fim. Os sinos da igreja nova no meio de uma manhã no bairro para mim são uma história. O bairro do silêncio quieto e vazio, soprado pelo pouco vento que fazia, são também um fragmento narrativo. Tenho este vício. Lembro-me que um dia estava a trabalhar com as crianças no Bairro da Quinta da Calçada e estive entretido uma boa meia hora a inventar uma história a partir de um pequeno pau de madeira que escorria por um pequeno curso de água que a chuva improvisara. Tornou-se num barco. Transformou-se, como nós também nos transformamos com as histórias que contamos. Eu transformo-me pelo menos. E quanto mais as histórias são improváveis, mais me transformam. Por exemplo, aquela mulher que de repente entra na história pelo soar dos seus tacões, é uma pequena história que se cruza com as duas canadianas daquele homem que entra na farmácia. Ou com a bengala daquela mulher que sobe a rua. Quando os vi, pensei logo num reforço da história: e se eu fosse filmar o barulho da bengala? Ou das canadianas? Quando construímos personagens na Escola de Enfermagem há um pequeno exercício que costumo propôr: com os olhos fechados, vão ouvir o andar de cada uma das personagens que criaram. É um momento de uma grande simplicidade narrativa mas capaz de apaixonar aqueles aventureiros que comigo descobrem o território da criação de personagens. Por vezes, quando acabo as minhas aulas e conversamos sobre o trabalho feito, tenho o meu momento de verdadeira emoção: há um ou dois que descobrem o prazer de descobrir no outro uma história, de descobrir o outro enquanto história. Eu sei, este texto parece ter a doença daquela prosa muito excitada sobre objectos que do ponto de vista expressivo são uma verdadeira banalidade. O que é que isso interessa?
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Fado da Olivesaria
E cá está. Não sei se foi por influência cinematográfica do Jorge António que também passou por aquela noite, o filme, mesmo sem orçamento, fez-se. Em MP4, que é o formato da maior parte dos telemóveis e depois baixando o Pazera Free MP4 to Avi Converter 1.2 para podermos trabalhar estes ficheiros no Windows Movie Maker que já vem com o Windows ( Atenção: Quando convertemos para Avi os ficheiros ficaram sem imagem, só com o som. Deve-se converter para a outra opção disponível, MPG. ) . O bloguer está a aceitar até 100 MB por filme, o que é uma margem muito confortável. Fica o desafio para todos. A escrita de palavras nem sempre é o melhor meio de nos reencontrarmos. Peçam as vossas identidades de volta. Timor, queremos ver o Big Ben! Bolama, dá-nos um pouco da ilha de Moçambique, por favor! Rapariga que veio da província, Beira, não nos emprestam um pouco desses lugares bucólicos com oliveiras, nespereiras, alecrim, para refrescarmos os olhos cansados do cimento cinzento?
Os blogues são como os gatos. Vadios e com muitas vidas. As nossas vidas. E nós precisamos de um lugar para nos encontrarmos. Para encontrarmos o bairro, as suas imagens, que nos habitam. Já depois de termos saído da Casa da Mariquinhas fomos encontrar o Barão dos Olivais que quase julgámos tratar-se da verdadeira identidade da misteriosa Maria Correia, pela simpatia com que falou deste espaço. Afinal há mais gente para quem este lugar ainda faz sentido. Vamos lá, malta! Este espaço precisa de nós tanto como nós precisamos dele. Lembram-se quando pela sorrelfa da noite entrávamos pela nossa própria casa como se fossemos assaltantes e íamos buscar as chaves do carro da família, ou comida ao frigorífico, ou cigarros do maço de tabaco dos nossos pais, e descíamos até ao muro da entrada dos nossos prédios para prolongarmos um pouco mais a alegria de estarmos uns com os outros? Vamos fazer isso novamente. Não tenham vergonha! Entrem à sucapa nos quartos dos vossos miúdos e "peçam-lhes emprestados" os telemóveis 3 G com máquina de fotografar e filmar e saiam para a rua para serem os repórteres da Olivesaria. Este pequeno vídeo é apenas uma brincadeira entre amigos que gostam de se rirem uns com os outros e de si mesmos. Há tanta coisa que se pode fazer para trazer para aqui o bairro ao vivo e a cores. Uma entrevista. Uma conversa. O fado da Olivesaria.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
correio olivalense
Ainda assisti à parte final, com os "catrapilas" a alisarem os jardins,
que foram depois plantados com árvores (que agora tentam escapar ao
abate), e que eram nessa altura regados com mangueira e aparados com
gadanha. Por vezes também estrumados com a passagem de algum rebanho...
Vim para cá com seis anos, e passados quase quarenta e cinco (com
passagem por terras distantes no meio) cá estou, satisfeito por ter todo
este espaço azul e verde (céu e árvores),que já desapareceu da nossa
Lisboa."
JLF