quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Nos fins dos anos 70

dava-me mais com o pessoal da zona do Cheira Mal (mais conhecido pelo "Mete Nojo") e outros da zona das vivendas do Fulacunda, e não tanto com os Bolamas.




Por essa altura saiu-me um 12 no totobola, foram 62.370$00 escudos, e a primeira coisa que fiz foi logo tirar a carta. Uns meses depois comprei o meu primeiro carro:









Era um espectáculo, custou 30 contos. Já tinha tido um acidente e não tinha depósito de gasolina.



Era um fartote de rir parar numa bomba para meter gasolina e pedir para atestar. Abria-se o capot e no sitio do pneu sobresselente estava montado um depósito de mota , que levava 4,9 litros. Lembro-me perfeitamente de, ao regressar a casa de uma noitada, ter parado numa bomba e pedido para meter 2$50 de gasolina, porque estava no fim e não fosse acabar.

O Benguela deve lembrar-se bem uma vez fomos todos a um rali TAP, em Sintra e Montejunto, com um jerrican cheio de gasolina. Gasolina esta gentilmente cedida pelos moradores do prédio por detrás do carro, na 1 foto (por uma em espacial). Considerando que eram vários jerricans e vários carros, foram de uma generosidade pouco comum. Mesmo considerando que estavamos pressionados pelo tempo, era de noite e só havia uma mangueira e não nos lembrámos de pedir a ninguém as chaves dos tampões.

Este carro teve um fim triste. O meu querido irmão saía com ele à noite, sem eu saber, e um dia deixei de o ver. Naquela altura apanhava boleia do meu pai quase todos os dias, para a escola, e um dia, ao passar na Artilharia 1, estava um carocha carbonizado no separador central. Tive um estranho presentimento, mais tarde confirmado, de que era o meu. Ainda hoje tenho a chave e os documentos.

Parece que o carro ardeu por causa do consumo exagerado de coentros ou de oregãos. Iam todos "muito contentes", quando o banco de trás começou a arder ( a bateria ficava por baixo). De repente estavam todos os passageiros nos bancos da frente a gritar. Pararam o carro e fugiram todos as gritos, "Vai explodir! Vai explodir!", tipo filme. Como se um carro com um depósito tão pequeno conseguisse explodir.

O amigo das fotos era o Mário Vicente, não participou em nada nem foi ao rali, mas é um daqueles que um dia desapareceu e nunca mais soube nada dele.


2 comentários:

Fulacunda disse...

claro que não te podias dar com os bolamas: os bolamas nesta altura andavam de cueiros! putalhada mesmo, à vontade com menos um ano que eu e pelo menos dois que tu

benguela disse...

Ai não que não me lembra! Quando daí a um par de horas me levantei para ir pró rali já de banho tomado, estava sentado na cozinha a morfar e entra a minha mãe de roupão, ensonada (isto eram para aí umas quatro da manhã, que a malta levantava-se cedo pró rali) e exclama: então a pé tão cedo, onde vais?… snif, snif, cheira aqui a gasolina!?

Andei o dia todo a arrotar a gasolina!




E o Mário Vicente! Cum caneco! Lembrei dele ontem a propósito de o Marco (que não sei quem é) ter metido ali num post em baixo um comento com fotos do jantar de 30 anos da Fernando Pessoa.