Eu também gostava de ir à festa no Frágil, mas chego 10 dias depois. Não sei é se gostariam de me ter por lá. Claro que não me apresentaria sozinho, chegaria com grupo de fundadores, retirados da naftalina. Passaríamos primeiro pela Tasca Azul (essa que os parvenus chamam, literais, Arroz Doce) onde beberíamos, a desafio da velha Alice que a Rosa já lá não deve estar, umas rodadas valentes de "pontapés na cona" (como da última vez que lá entrei, 1994, natais, mais de 10 anos depois de lá ter ido pela última vez, rodeado nesse dia de 7 sobrinhos "a mostrarem-me o Bairro Alto", e logo a ex-tia aos gritos ao ver-me a assomar à porta, "óóóóó homem!!!!, há quantos anos!!!! Sai já uma rodada de pontapés ..." para o balcão, e os sobrinhos e as sobrinhas a olhar para mim, esgazeados, que à espera de tanto, apesar do tudo, não estavam. Nem eu, confesso, num esgar de "ixe, que bandeira". A desse dia, mas acima de tudo que grande estendal devia(mos) ter feito in illo tempore.
Se tivessemos tempo iríamos depois ao Estádio ver os putos (mas só por ir, por ser dia de refazer velhos trajectos, que aquilo para além do quadro nunca teve nada), desceríamos ao B'artis ver a Paula, dado que o Judeu se ausentou de vez, resmungaríamos que o raio do Targus é uma merda a querer-se chic (malditas cadeiras, raio de jornalistas enfatuados amais os publicitários), rir-nos-íamos dos tempos de um tal de Juke Box/Rock House ou vice-versa que já não lembro, coisas até de acabar por lá, enquanto detestaríamos a Tertúlia a não ser as tostas, recusaríamos o cinéfilo do Majong e nem os matrecos jogaríamos, lamentaríamos o já não dos Lábios do Vinho (esta é de conhecedor veterano), fumaríamos umas coisas estranhas junto de vários caixotes de lixo da Diário de Notícias ou adjacentes, contestaríamos o estado lamentável do BA de hoje e das novas gerações, coisa sem jeito, aportaríamos aos Pastorinhos (reaberto, disseram-me os tantans) à procura do Eduardo e do Hernâni que não sei se ainda andam por lá, beberíamos ainda mais cálices de rajada, interromperíamos a noite para ir picar o ponto ao Frágil, interrogarmo-nos sobre o raio de porteiro que não tem, decerto, a pinta do Alfredo. Se nisto tudo ainda estivessemos de pé alguns dos meus amigos assumiriam, histriónicos, pérfidas identidades bloguísticas (de falsos barnabés ao terceiro anel tudo seria de esperar) e destruiriam a minha parca reputação no bloguismo. Logo depois, quais Bijagós, regressaríamos mal-vistos (que os gajos dos Olivais "são sempre a mesma merda") aos Pastores ouvir o melhor funk do mundo (será ainda assim?).
Nisto tudo ainda bem que não estou aí para o tal encontro. Porque não há fígado e coração para tanto? Nada disso. Apenas porque há que saber sair com dignidade, ainda no apogeu. Dar lugar aos novos. Com a nostalgia de que no nosso tempo é que era. Mirando(-as) de soslaio
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
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1 comentário:
Bolas, roída para deixar comentários durante o dia e não conseguia. Este texto, caro bolama, devia ser assim lido em prólogo do primeiro capítulo de um romance. Toca a agarrar nos acentos e escrever o resto. Bolas, que bateu mesmo.
Há c'anos que não sei dessa gente (faz agora oito, que foi a última valente saída da minha vida, a maior talvez: a inauguração do circo do Manuel Reis, com o Alfredo ali naquela nova porta). Do Pedro do Labios de Vinho que seguiu para rp do Alcântara e alternava entre Lisboa e Goa, nem sei se ainda...enfim, o Hernâni vi-o há uns anos, tinha um bar na Fábrica da Pólvora em Barcarena. Olhou para mim (nós) e disse-me, ah que puto tão giro, agora já sei porque é que desapareceste de circulação.
Que te lembres do RockHouse é de antologia. Devemo-nos ter cruzado muita vez, eu e vocês rapazes dos Olivais. Vou ler outra vez. Caneco, pá, comoveste-me. Ou coisa assim, que gajos como nós não se comovem.
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