É por causa deste salmão assado no forno que me encosto ao rememorejar. Eu não sei se esta palavra existe mas se não existe, deveria existir. O memoriar traz sempre um rumor, uma vaga de fundo, um torpor, talvez um eco. Passei uma hora e um pouco a fazer este assado. Cozinho de uma forma muito particular, que aprendi enquanto observava o meu pai. Mesmo não sabendo que o observava. Primeiro, tal como o meu pai fazia, coloco o avental.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Que bem que cheira esse salmão temperado com afectos! Essa vergonha, tão candidamente assumida por ti, por outras razões também a tive ... Mas descobri mais tarde que a minha mãe tinha vergonha de mim por eu ter notas piores do que os filhos das amigas. Fiquei feliz e uma mão lavou a outra!
:)
O pai na cozinha pode ser um motivo de vergonha.
O meu porque nunca cozinhou e quando teve de o começar a fazer porque achava que bastava um pequeno empurrão e a comida fazia-se sozinha sem precisar de carinho e acompanhamento.
Mas agora do outro lado percebo melhor o que se sente quando os filhos atravessam a adolescência e nos olham dessa mesma maneira...
Boas as memórias dos outros que nos levam a desenterrar as nossas.
sábio o teu amigo, belo o teu texto.
a vida tece-se assim, com amor, percalços, dúvidas, penas, alegrias, memórias.
Estava completamente absorta a ler a tua história ao som da Stacey Kent e apetecia-me ler mais, está deliciosa e imagino que o salmão devía estar ainda melhor...
Fizeste-me lembrar histórias com os meus irmãos com as trocas das tarefas diárias lá de casa. Essas mesmas tarefas foram instituidas cá em casa à muito e o saldo foi positivo, pelo menos até os rapazes sabem pôr a mesa e arrumar a cozinha e até mesmo cozinhar...
Bem haja, pelas tuas sempre belas istórias!
Bonita memória João B.!Afinal tinhas ali um motivo de grande orgulho, na adolescência nunca sabemos claramente compreender e valorizar,diz antes que hoje esses exemplos de bons valores foram absorvidos por ti e melhor compreendidos para puderes transmitir ao teu filho.
Os nossos Pais não raras vezes nos diziam 'um dia hás-de dar valor..' Desejo que ainda tenhas os dois progenitores na tua vida e que a ternura que sentes, possas agora dar-lhes mais intensamente, compreenção e amor com que hoje escreves as tuas memórias amadurecidas de homem adulto bem formado.N.Z.
Johny ... entre o tempero do salmão, o das palavras, o das viagens que fazes, entre o prazer de me sentar no Olivesaria e ver coisa de João Belo, as coisas vividas e trazidas, ditas, sentidas e entendidas, entre isso tudo, aprendo a conhecer-te melhor. Talvez me sirva para ser pessoa melhor também. Pai melhor por consequência...
PS: .......-se, como escreves bem amigo !!!!!
Enviar um comentário