Pelo desenho anacrónico da rua com um sossego quase aldeão e o prédio a querer trepar ao céu, escolho esta foto do Beira para ir lá, aos idos de 83, quando o Apicultor me levou a participar no meu primeiro movimento de azeitona que se reconhece enquanto tal, um movimento contra a destruição do núcleo antigo dos Olivais Velhos.
Abaixo assinados, manifestações no Largo da Viscondessa, happenings no Coreto, um pouco de tudo. E foi por essa nobre causa que eu descobri o caminho para um não menos nobre ideário, o do
movimento-de-saboreio-da-ginginha-e-do-queijo-de-ovelha, numa tasquinha ali no Largo da Viscondessa. Foi sobre esse tema aliás que eu comecei uma das minhas primeiras colaborações com o DN Jovem. Chamava-se
A Destruição dos Olivais Velhos e falava das nossas tardes passadas ali a derretermos o tempo ouvindo aquelas conversas urbanas com travo rústico. Ou, quando o etílico da ginginha já subia até ao
armazém das ideias, divertindo-nos com o vaivém naquele mictório público de ferro, a um canto da praça, que deixava ver, pelo saracoteio dos pés, as diferentes técnicas utilizadas.
Mais tarde, já no decorrer do lastro deixado por alguns projectos de animação, entre os quais os
Olivais Vivos, o largo foi utilizado para alguns concertos e propostas de agitação nocturna. Não vingaram entretanto. O betão é mais fértil. E é só juntar água. Há pouco tempo fui lá, ao velório de uma amiga, a dona da
casa das paredes de nós. Há lá umas capelas mortuárias. Tristes, soturnas, lúgubres, como se julga que devem ser as coisas ligadas à evaporação da vida. E talvez por ser assim que a ele retornei, que me pareceram inexistentes os Olivais Velho que tanto me encantaram. Nem sei se ainda têm a ginginha, o queijo seco, as horas esquecidas no fim das tardes.
12 comentários:
OMG!!!! Aquilo era MESMO um mictório público????
Bem me pareceu, mas nem queria acreditar!!! Nunca vi tal coisa!!!
Ainda lá está, intrusa, podes ir lá ver!
A propósito, sabes que achei que tinhas ido de surra lá ao restaurante ver o pessoal... não foste, não???
olha quem aqui está em cima... tás boa? [Chat]
este joão belo tem uma vivência olivalística verdadeiramente admirável.
não devo ter ido aos olivais velho mais de 2 ou 3 vezes. não tenho sequer uma memória do espaço. posso é dizer que era capaz de ir lá comprovar se ainda existe a tal de ginginha e queijo seco. ao fim de tarde, claro... num sábado. alguém alinha ou vou só no meu vespalho ?
Se é a tasquinha que penso, ainda lá está, agora se tem ginginha isso não sei. Costumo ir ao restaurante que há por tras dessa tasca... o palmeiras... já foi melhor!
Lobita: eu não pude ir porque tive a inauguração de uma exposição que não podia mesmo faltar, senão tinha ido mesmo ao jantar (com um bocadinho de medo, confesso, mas tinha ido), que não sou de me deixar vencer assim pelo medo de umas quantas oliveiras :)
Quanto aos Olivais velho eu já andei por lá a visitar e achei mto interessante. Se dizem que ainda lá está o mictório juro que vou lá outra vez só para o ver. Já agora avisem quando forem à ginginha e fazemos a excursão no mesmo dia. Tenho mesmo que ver uma coisa assim. Será que ainda é usado???
Olha que a ASAE fechou a Ginginha do Rossio.
Despachem-se antes que eles cheguem aos Olivais Velhos.
Fico contente de ver outras memórias inspiradas pelas minhas fotografias.
Se a Ginginha existe não sei, mas o tal restaurante que falo é agradável, mas tens razão Inhambane, já foi melhor!
Intrusa: Ficámos com muita pena de não te ver no nosso opíparo, mas ficamos à espera na ginginha...
Uma prima minha dá uma festa na Discoteca W (antigo Alcântara Mar)no sábado a partir da meia-noite, posso levar quem quiser, por isso aqui fica o convite p/ o pessoal do blog. Dizem q a música é fixe! Bora lá??? É só dizer que vão para a festa da Luisa Oliveira e já está...
se forem à ginginha, vão no dia 9 de Dezembro à tarde
Dia 9 não, que eu tenho um lanchinho de Natal!!
e ginginha, não é lanche?
tinha que levar a famelga atrás e era uma chatice...acabava-se a ginginha num ápice!
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