.... um bairro como o nosso ? Quer dizer ... nem maior nem mais pequeno, em tamanhos de gentes e sonhos, de coisas inacabadas, de pequenos muros e escadas onde se descobriram vidas, se perderam também, se deram abraços e viram partidas, muros altos, muros baixos, que se saltaram ou por onde nos quedámos num olhar feito de palavras inventadas, terra grande de tanta gente, de onde sairam pessoas que se via mesmo de onde vinham, onde se descobriram amores e desamores, se amou o cheiro e as ruas, as pracetas e cafés, sem saída nem hora de fecho, onde a liberdade entrou e se sentou, trazendo o céu e a morte, maquilhando meninices em loucas adolescências, agrupando e afastando na insinuante aventura da descoberta, com escolas de meninos de batas, de ruas velhas e escuras numa vida em armadilha, e outras novas, de olhares e desafio nas cumplicidades de quem sentia o sabor de um abraço, de um beijo nunca sonhado, de um amor sobressaltado por tanta vida em tanto dia, em tanto lugar nosso e de todos, onde estar-se, viver-se, ter e ter-se, era coisa de montanha e seus cumes, de mirada de mundos secretos, de lágrimas aprendidas e vencidas, ou fracas e acabadas em mares de importadas guerras da cidade grande . Pergunto-me se haveria então nesta cidade algo parecido com um bocado de terra que soubémos fazer nosso ....
A Vespa e a Gestão
Há 3 dias
2 comentários:
pois....sabes? acho que em cada canto de cada cidade por maior que seja há um bairro onde se vive a simplicidade de deixar que a vida seja. Em cada pedaço de muro que abriga do temporal da vida há sonhos pendurados em batas coloridas em cada pedaço de terra que se alisa com as mãos para se fazerem pistas de imaginação, há raizes que ficam e prendem e te reconhecem quando voltas, porque ainda se lembram da tua mão, dos abraços e dos punhos fechados, dos beijos e carinhos trocados entre muros que escondem da via uma infância ainda dourada em alma de gente que já se vÊ crescida.
Sim, acho que sim, que em todas as cidades do mundo há lugar para a amizade a perder de vista....
Red Cat Kiss!
Não sei não...acho que, na altura, os Olivais foram algo especial, diferente...a malta de Alvalade não vivia o «bairro» assim...nos OLivais éramos mais..livres...o bairro era jovem e nós tão jovens como o bairro. Crescemos com ele, com as ruas que se foram fazendo, os jardins que apareciam, o Vale do Silêncio era único, uma espécie de Hide Park caseiro, nada havia assim por aí...claro que, por todo o mundo, existem bairros, ruas, cantos e esquinas que pertencem a alguém ou a algum sonho...mas há mais gente no mundo a dizer «olivesando»?
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