quinta-feira, 17 de abril de 2008

5 a 3

Março de 1974.
Tinha ido viver para os Olivais há um mês.
E nesse domingo havia futebol no estádio de Alvalade. Mais um Sporting-Benfica.
Nesse ano fui muitas vezes ao futebol com o meu tio.
Foi-me buscar a casa e depois fomos de carro pela 2ª circular que estava cheia de trânsito e com carros estacionados por todo o lado. Acho que estacionámos mais perto dos Olivais do que do estádio.
Foi uma tarde memorável. Um bom jogo de futebol. Bem disputado e com as duas equipas a lutarem pela vitória.
No regresso a casa ia satisfeito pois tinha valido a pena ir ver aquele jogo. Fossem assim todos os jogos.


(foto de JOS, in "Futebol 74")

Ganhou o Benfica por 5-3.
Foi o último Sporting-Benfica que vi ao vivo. Nunca consegui ver ao vivo o Sporting ganhar ao seu eterno rival.
Ontem a mesma sensação. Desta vez foi a minha equipa a ganhar, mas teria ficado igualmente satisfeito se o resultado fosse ao contrário.
Tal como há 34 anos atrás o que fica é a memória de um grande jogo de futebol, com grandes golos e emocionante até ao fim.
Como o futebol devia ser sempre.

12 comentários:

Beira disse...

Lembro-me também de um Atlético de Madrid contra o Barcelona (com o Figo) em 1997.
Ao intervalo o Barcelona perdia por 0-3 e ganhou o jogo por 5-4.
Um jogo memorável que foi transmitido pela TVI e repetido no dia seguinte.

xai xai disse...

Este blogue, forum das mais elevadas questões universais, areópago onde se reunem alguns dos mais notáveis pensadores deste século, permite-se acolher no seu seio um dos temas mais populares (brrrrrr!!) e desinteressantes de que há memória?

Estou chocado e indignado.

Como é possível perder 1 nano segundo que seja com algo tão primitivo como 12 humanos a disputar uma esfera saltitante.

Não estou obviamente ao corrente do acontecimento que originou esta heresia, mas estou convencido que para chegar à resolução da operação 5-3=2, não será necessária tanta comoção.

Agradeço que seja retirado o meu olivalense nome deste espaço conspurcado e fedorento.

bai, bai do xai xai...

[já que insistem, posso continuar, mas.... que isto não se repita!]

Beira disse...

Realmente o tema não é dos mais elevados mas se notares bem não é nenhuma provocação a quem perdeu.
A memória até é de um jogo que a tua equipa ganhou.
Umas vezes ganham uns outras vezes ganham outros, mas se o jogo for bom ganha quem assistiu a um bom espectáculo.
E foi disso que me lembrei, de um bom espectáculo que aconteceu na altura da minha ida para os Olivais.

Anónimo disse...

está bem abelha...

Abraço,

Xai Xai

bolama disse...

Grande recordação, grande post.
Se me lembro (eu não tive a tua sorte, não vi o jogo ao vivo - só no ano a seguir me estreei em Alvalade, num 7-1 ao Olhanense, com o primeiro golo ainda a sentar-me no lugar junto ao meu pai [ele também a primeira vez que ia ao futebol]) o Sporting lançou nesse jogo o reforço Dé, um bom avançado brasileiro: que não pegou de estaca pois havia um trio de ataque maravilhoso (Marinho, Yazalde, Dinis). E do outro lado brilhou, espantosamente, o melhor jogador português que vi jogar: Jordão (então ainda no Benfica). Ontem à noite, ouvindo o relato - como então, bem me lembro, na altura esfusiante do 4-3 pedi "só mais um golo" para "vingar" (ou seja, lembrar) estes 5-3.

E, Beira, tens razão: é destas maluquices que a bola é

Beira disse...

Já que falas desses 3 violinos penso que foram os obreiros do golo que aparece na foto.
Livre no lado direito marcado pelo Marinho, a bola vai para a extrema esquerda e o Dinis foi à linha centrar para depois aparecer o Yazalde a marcar de cabeça o melhor golo desse jogo, num vôo que fica na história.

Fulacunda disse...

" (...) mas teria ficado igualmente satisfeito se o resultado fosse ao contrário"

Beira, pode ter havido satisfação da tua parte mas o que escreves revela que, nunca haverá paixão!
um gajo capaz de apreciar (de forma isenta) o futebol precisa de ter três qualidades: 1) beber uma mine pelo gargalo, 2) saber negar a evidência de um penalti, 3) nunca se dar por satisfeito perante a hipótese dos lampiões ganharem (e isto seja qual for a cor clubistica que representa), por mais merecido ou por mais interessante que isso possa parecer para o espectaculo em si.

sugiro que retornes aos teus dotes antológicos mas sem arriscares mais entrar em àreas do conhecimento especializado, dessas em que aqui só reconheço qualidade ao xaixai e ao bolama.

(por falar em antologia: aguardo com alguma ansiedade que aqui seja devidamente sublinhado o último golo, aquele que provem do passe milimétrico que o puto mete ao sabor da raiva do pé esquerdo do Ivkovicas que lhe mete uma bofatada como só na playstation vejo fazer. isso sim, são coisas importantes de salientar.)

xai xai disse...

Mas esta gente não trabalha?

Não podem fazer menos barulho?

É que me dói a cabeça, não sei bem porquê...

[a sério]
foi com esses cavaquinhos (violinos? francamente!) que começei a frequentar campos de futebol (Alvalade) acompanhando o meu avô sportinguista. De salientar que disse campo e não estádio. Aquele "alguidar" é mesmo pequenote.
Mas já que são ambos dessa época questiono:
-lembram-se do peão em que os espectadores ficavam de pé?
-e do placar (do francês placard) onde eram colocados à mão os resultados dos outros 12 jogos do Totobola?
-e do famoso anúncio sonoro: "Para terminar um dia feliz, vá ao cinema Avis"?
-e tb. este anúncio sonoro: "O jogador do Sporting que marcar o primeiro golo ganha umas calças Miura"?
- E da invasão de campo contra o União de Tomar?

Beira e Bolama: será que foram mesmo a Alvalade, nessa época?

Fula: Esse teu posicionamento perante os adversários é típico de benfiquista, não terás sido mal aconselhado? Ainda vais a tempo de mudar!

Bafatá e Lourenço Marques: Pior que uma derrota, é o tédio das vitória consecutivas...

S.L.B. FOREVER

Anónimo disse...

a mim, porque tinha um ar moreno, meio aciganado, chamavam-me o Yazalde quando andava com uma thsirt verde e branca, às riscas......

foi aliás por essa altura que passei a sportinguista. Vitor Damas, Marinho, Peres, Nelson, Diniz, outros grandes nomes da arte do pontapé na bola.

eu - excepto uma vez que fui ao Sporting - foi como sócio do SLB (porque fazia atletismo lá, levado por um colega que era o campeão de triplo salto, lembras-te Fula?) que vi mais jogos de futebol. lembro-me de iremos com as quotas aldrabadas, atrasadas.

algumas das vezes ia também nas claques organizadas pelo Facadas e onde pontuavam as raparigas da Catió, naquela que chegou a ser a maior claque do estádio.

estou como ao Beira, adoro este jogo!

JB

bolama disse...

Fulacunda - os textos têm contextos e contextos autorais. Ou seja, o Beira nunca foi um furioso sportinguista. É-o profunda e essencialmente, como qualquer sportinguista o é. Mas, como qualquer membro desta elite sentimental que constitui o sportinguismo, é capaz de apreciar o beau geste adversário. E é disso que estamos a falar. Para contexto autoral estamos falados ...
Para além disso estamos a falar de 3-5 acontecido há 34 anos, num dia seguinte a um 5-3. Para contexto chega, não?

Fulacunda ainda - e a bicicleta em cima da bola, a la Ronaldo, do tal djaló, antes da bomba "toma lá pinhões" num dos golos? Para antologia não está mal ...

Fulacunda, fundamental: a mine pelo gargalo deve ser acompanhada, com prazer infindo, pela sandocha de corato ou entremeada (com a carbonizada penugem, claro). Os melhores exemplares mundiais desses petiscos foram encontrados sob a 2ª circular, ao CAmpo Grande.

Em casos mais "cariocas", mas só nesses, é admissível a sua substituição pelo sumol de ananás acompanhando uma sandes de rissol.

Beira, tens razão, este o mergulho para o golo do Hector Casimiro Yazalde, vulgo "Chirola" e radiodito "Jázaldé", casado com a Miss Carmizé, ficou lenda.

JB, sem google(s): Damas, Manaca, Alhinho, Bastos, Carlos Pereira (ou Da Costa); Vagner, Nelson, Baltazar; Marinho, Yazalde, Dinis - e comovo-me na escrita.

Já agora, e embora benfiquistas, seria interessante no registo oliveseiro, o evocar das claques do "facadas", ali à pé dos olivais à Luz em dias de jogo. Houvesse neste blog gente dada às letras e decerto seria tema abordado (infelizmente algu(m)ns dos utentes limitam-se a provocar temas e pautam-se pelo silêncio activo)

Xai Xai, trabalhar hoje? Só se for para espantar os males futebolísticos ...

E muito bem me lembro do peão, onde acampei algumas vezes. Orgulhoso - que o Sporting é um clube do povo, de peões.

Lembrava o anúncio do primeiro golo, mas já não das calças "miura" ... E a invasão de campo com o união de tomar foi quando o slb despediu o eusébio e o obrigou a ir ganhar a vida, depois de mal pago e arruinado, para tomar? É que convém saber, pode ter sido de gente indignada com a indignidade lampiã ...

Fulacunda disse...

xinapá!

Marco Oliveira disse...

O primeiro jogo do Sporting que eu vi foi o 21-0 ao Mindelense, de Cabo Verde. Naquele tempo as equipas das colónias também entravam para a Taça de Portugal.