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Este blog é um espaço colectivo sobre nós e os Olivais. Caso tenha fotos ou textos que deseje aqui partilhar envie-os para o endereço na coluna da esquerda, (identificando-se ou solicitando anonimato) para a sua posterior publicação neste sítio. Obrigado.
11 comentários:
será possível que um post em branco ajude a desatar a escrita? aqui fica como um desejo, mais do que apelo. comecemos pelo verão. o verão sempre falou de nós. confesso, já não sei o que o bairro é no verão. sempre que telefono à minha mãe, também quem me manda telefonar à minha mãe sempre à mesma hora - é quando fecho os dossiês, quando apago a luz da secretária e digo, em surdina, até amanhã - ela vai sempre tomar um cafézinho ao shooping, lá em cima, parece que faz uma aragem fresca, uma brisa, ela mete o carro no parque e depois sobe de elevador, até lá cima, lá em cima, com o vento, uma aragem pequena de fim de tarde, a bater-lhe na cara, a sua solidão fica mais doce, eu agradeço ao vento o consolo, como se ele, ao compensá-la pelo tempo que não lhe dou, fosse também um bocado de mim, nesses momentos, quando lhe telefono, eu sou mesmo um pedaço de ar, de vento, quase nunca damos o tempo aos nossos pais, falo por mim, e depois, quando calha em dá-lo, percebo que esse tempo que não lhes dei não me serviu para nada, não ficou comigo, esbanjei-o perdulariamente numa vida que não sei se vivi verdadeiramnete, ora outra coisa que nos desata, o verão e os nossos pais (será que o filho do Bafatá está a ler isto? e o do Fula?, como seria bom trazermos aqui mais do que aquilo que fomos, aquilo que seremos), para mim os Olivais são cada vez mais a minha mãe, a casa materna, custa-me imaginar como coube lá dentro, quando lá vou sinto-me sempre uma espécie de Gulliver, lembro-me que subia pelas portas do roupeiro ou do quarto a um armário embutido na parede que havia no quarto e passava por lá horas, era o meu esconderijo, fumava, acendia velas, lia, escondia-me das tarefas domésticas, claro, custa-me a imaginar como é que eu coube lá dentro...
o verão nos olivais? o verão?!! era justamente a parte que não gostava de viver nos olivais: era árido, deserto, despopulado ... onde agora é o tal centro do lanche de ar condicionado das nossas mães haviam umas hortas que destilavam calor e um cheiro podre a couves mornas. faziam-se caminhos de ida e volta sem encontrar ninguém, que as férias nunca coincidiam, e os dias passavam-se estreitando-os o mais possível para que trouxessem rápido as férias que haviam de nos levar dali. os olivais no verão eram apenas um ansioso cais de partida. na volta sim, era do melhor, o reencontro, mas isso já não era o verão, era o fim dele, e é por isso que era bom. Os Olivais não eram definitivamente a 'terra' do meu verão.
que as férias nunca coincidiam! isso dava um outro desafio para post. como tu dizes, até ao reencontro do fim das férias. outro tema para post, eheheheh. temas ele até há, posts é que ainda não...eheheheh...
:)
eu fico-me pelos comentários ... de férias
o verão, nos Olivais eram as noites longas de Julho nas escadas do prédio, de onde se partia para uma esplanada em Alfama, ou para um bar no Bairro Alto. partia-se de autocarro, pela borda do rio, depois a pé. regressava-se mais tarde ainda, de autocarro até ao Relógio, daí a pé até casa, pelo bairro adormecido fora.
em Julho também se aproveitava a casa vazia, os pais de férias, para jantaradas com os amigos (houve uma moda de fondue...).
dormia-se até ao princípio da tarde, gozava-se o calor e esperava-se pelo fresco da noite.
em Agosto, eram as noites de jazz na Gulbenkian, ventosas e frias, como se verão já não fosse.
em Setembro, eram ainda as férias em contraste com a cidade que retomava o bulício do dia-a-dia.
noites longas e preguiçosas ao correr dos dias.
e quando não havia lugar no carro para ir à discoteca na Foz do Arelho? Lá estáo vs com a cena bucólica - os Olivais também tinham a tragédia. Ou, pelo menos, o combinado na Portugália, as canecas, e a recolha para Cabo Ruivo
sentado em casa, azul pálido ("barba-azul" sem qualquer misógino crime no currículo, como se virgem), e lá vem o prudêncio amais a gente, lembro a sua belissima prima mais nova, a carregar-me para a tenebrosa Costa, o carro carregado, e eu a ter que ir, que não ficava bem esquivar-me. O pavor, o draivimpe impante a rir, a bela quasi-ruiva a iluminar, eu a sofrer a antevisão. É isto o Verão nos Olivais, a dor do escaldáo, a areia horrorosa, as ganzas que me obrigaram a fumar na areia escaldante, a água do mar que julgava quente, o cabeçear nas bichas para lá e para cá, em particular no para cá, naquilo que pensava ser a terra batida, naquele carro com o sacana do prudêncio - seria um GS, a dar 180 kms à hora? - com a sua belissima prima quasi-ruiva como se farol, e eu escaldado, logo ali, o azul aprimorado da face destruído pelo astro-rei, as pupilas sei lá como, o exílio do lar por umas horas garantido, sei lá, para que lembram vs o Verão?, dai-me um chuvoso inverno dos 70s, deixem-me em paz
eu na costa com a timor amais a verdadeira aleixo corte-real, (elas a dizerem que era combinação da véspera, eu sem coragem para duvidar) a ressacar e a deixar-me dormir na praia, elas - lindissimas, garanto-vos, como acredito e confirmo ainda estarem, até mais, se tal fosse possível - a rirem-se de mim, ressonando na praia pejada de gabirus quase surfistas, tempo do fiat marília e do waikiki
Quereis maior tragédia?
Este post é completamente tonto - o Verão acabou quando o gaspacho deixou de ser servido
olha um post Branca de Neve!
"temas ele até há, posts é que ainda não..."
posts até há, uns tantos perdidos aqui nos comentários.
:-):-):-)
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