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terça-feira, 25 de novembro de 2008

as longas tardes do guelas (versão bafatá)

Leio o Fula e o Xaixai à volta deste tema redondo, leio o Johny Belo à volta de outro e ganho a certeza de que passar aqui é lufada, de ar fresco e vida, passada e trazida, contada, vivida e dividida.

Pois quanto aos 'guelas' , e suas subdivisões em ' esferas, cebolas, abafadores, estrelas, azeitonas ... todos eles parentes próximos do guelas povo, o tal, o de plástico, simples em sua beleza e cor, os comprados na drogaria de cheiro a 'crio' ou os saídos em rebuçado de tostão, que obrigavam a partir a seta e raspar a redondez da coisa .. ocupante estatístico de tanta saca atada à presilha de rotos calções' .. pois quanto a isso, e à meia-piras, piras e mata, mais a 'santinha' e a 'pedida' que tantos nos levavam, momentos e guelas, tantas nos traziam, importâncias e volume na saca ... os guelas que disputavam às caricas o amor do dono, da sua gula pela 'jihad' , guerra santa, de meninos e ruas, guelas, bolas pequenas, mais tarde trocadas e aprendidas a chutar em balizas de pedra da 'santinha', num chutar saudável de braços e murros no ar, de Maracangalhas inventados e eternizados em cicatrizes de golos gritados. Guelas, elas, manguelas, jolas e não jelas, e gajas e motas, ou seria ganjas ? ou guelanzas .. por onde saltámos mesmo da piras para a mata ? E porque nesses buracos escavámos e guardámos para sempre o ar de quem se é dos Olivais ... e tanto que assim deve ser, que Fulas e Xai's nos trouxeram partes do livro ... daquele tal, de azeitonas que não morrem nunca em braços de sua Oliveira ?


por Bafatá

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

as longas tardes do 'guelas'

As mochilas ficavam no hall de entrada e de passagem rasgávamos três ou quatro carcaças que besuntávamos com manteiga e borrifávamos com milo e açúcar. Depois saíamos em passo apressado para só voltar à hora da janta. As horas passavam-se lentas mas os dias corriam velozes. É curioso, não me lembro de em nenhuma dessas infinitas tardes do ano ter chovido, de alguém se ter sumido, de ouvir dizer que o mundo estava avariado, não me lembro de arrelia maior que não fosse perder mais que 5 ‘olhos de boi’ a jogar ao guelas. Não sei precisamente quando se foram abrindo as cortinas para o mundo do lado de fora da nossa rua, mas agora, olhando para trás, irei admitir que terá sido quando passei o saco de berlindes ao meu irmão mais novo. Por essa altura provavelmente já teria aparecido o tulicreme e as tardes já se faziam sentadas numas escadas enrolando uns bonés e esfumaçando argumentações encaloradas. O mundo ter-se-á aí desvendado, opulento, até ameaçador, quando começámos a brincar aos ‘pontos de vista’ e as nossas discussões devanearam para questões bem menos concretas do que o número de berlindes que cada um tinha ganho. Foi por essa altura que mais ganhei e perdi amigos. Ainda assim só muito mais tarde vim a perceber que os amigos para toda a vida nem sempre são aqueles que nos calham em pequeninos, mas aqueles que encontramos ao longo da vida como se tivessem estado à nossa espera desde pequeninos. É também verdade que, por coincidência ou não, uns serão frequentemente os outros, mas isso terá sido da importância desse tempo infinito a esgatanhar a terra que passámos com eles, acocorados, a jogar ao guelas.

por Fulacunda