segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Olivais vs Infância

Uns dizem que foi mau, outros que foi bom e... ainda outros que nem por isso.
Todos concordam no entanto que não houve infância tão marcante quanto a vivida nos Olivais.
Em que outro sitio seriamos obrigados - lembrando o JoãoBelo - desde tenra idade, a aprender a sobreviver aos “ataques” dos indígenas bairros vizinhos.
Diz a Lobita, e bem, que não morremos todos várias vezes, simplesmente porque não e que diariamente fazíamos imensos disparates apenas porque sim.
Os Olivais nasceram de uma experiência, quanto a mim, errada, de misturar todo o tipo de gentes o que veio a provocar um nivelamento por baixo, claro, de todo o gentio que por lá cresceu.
Atenção Oliveiras, não me interpretem erradamente, por baixo, não implica necessariamente mau ou errado, mas simplesmente escusado. Imensos disparates e abusos sucederam e que, obviamente poderiam ou deveriam ter sido evitados.
Em que outro sitio se poderia dar largas á imaginação durante dias (anos) a fio?
Em nenhum outro lugar poderíamos ter a liberdade que tivemos.
Enfim, estava-se mesmo a vêr que bandos de miúdos, a solta durante todo o dia ( bairro dormitório para os pais) não podia acabar bem.
O que realmente penso, é que se criou um ambiente de solidariedade, amizade e camaradagem como em mais nenhum outro. Não tentem desmontar a teia existente entre as Oliveiras.
Quem passou anos naquele activo dolcefarniente sabe que aquela é, e sempre será a sua terra.
Assim se criou o Bairro dos Olivais, grande em tamanho e grandioso nas pessoas que por lá cresceram.

11 comentários:

joão belo disse...

Nem mais, Lobito. Mesmo não tendo vivido lá a minha infância como muitos de vós, e tenha por isso um lugar tão mitico como este para lhe justapôr, sinto que os Olivais enquanto lugar são maiores do que a soma daquilo que cada um de nós lá viveu. E é exactamente como tu dizes: activo dolcefarniente.

Anónimo disse...

lobito & joão belo: uma análise , válida como qualquer outra. E no entanto, parte apenas de uma realidade infinitamente maior, que foi e é aquele bairro. Com mil e uma vidas .... de fare niente ou fare brutalmente muito ! Depende de onde se está sentado !

benguela disse...

ou da maneira como te sentas...

(não é a cadeira que é desconfortável!)

Lobito disse...

O sitio meus amigos o sitio...dassssss estamos a falar do sitio

Lobito disse...

já agora, alembrei-me dumas escadas com vista para o cheira-mal.

Anónimo disse...

vês ???? és mesmo dos olivais !!

Anónimo disse...

Para mim crescer nos Olivais, até uma certa idade, foi sempre a balançar entre integração e coabitação, nenhuma delas a 100%
Também aprendi a fugir dos raides da "ciganada" das células vizinhas lá da Rua e a evitar outras tantas zonas mas pelo menos estava na Rua e nunca deixei de estar por causa disso, fosse de dia ou fosse de noite (é certo que não havia computadores e a TV não era tão alienante como agora mas o que me fazia estar na rua era o estar com o "pessoal").
Por outro lado fui tendo todo o tipo de coleguinhas de escola e amigos e amigas, com todo o tipo de vidas e ambientes familiares. O prédio em que viviam, a profissão dos pais, a roupa que usavam, as coisas e a a maneira como falavam nunca tiveram a minima importância no fazer e manter de amizades se fosse caso disso.
Em termos urbanísticos agradeço aos planeadores e arquitectos a inspiração de tantas das ideias e as combinações infinitas que nos deram de explorar e viver os espaços. Nada melhor. Ainda hoje me oriento melhor em zonas das cidades de planta não regular que quando é tudo "à esquadria". Em parte, é por essas e por outras que tendo aqui crescido e após uma ausência de 6 anos, para cá voltei. So far so good.

C6

Lobito disse...

aqui está mais uma grande conclusão.

xai xai disse...

bela reflexão. está aqui a essência dos olivais, um falhanço do ponto de vista social, um ferro bem quente e muito fundo na alma de cada um de nós.
É certo que o crescimento em bando, limita o desenvolvimento individual. Mas também é certo que não existe melhor modo de saber o que significa "...solidariedade, amizade e camaradagem..." e isto para quase todos nós é o mais importante.

MRP disse...

bela reflexao, sem dúvida. E concordo em absoluto: o traco mais marcante da minha infancia nos Olivais foi a liberdade. A liberdade de poder passar os dias fora de casa, a liberdade de poder jogar à bola na rua às duas da manha, a liberdade de conviver e aprender com outras experiencias de vida tao diferentes das nossas, ...

Anónimo disse...

... a liberdade de se ser !!!!