Insisto na memória deste 25 de Abril em calções, de palmo e meio. Aderi à UEC em fins de 74 e ainda não ia a meio 75 já eu entregava o meu cartão de militante e dizia adeus a uma das experiências mais fantásticas da minha vida, principalmente graças à camaradagem do Xai-Xai, o amigo que me levou até ao Centro de Trabalho do PCP na Rua de Entrecampos.
- Anda comigo inscrever-te na UEC.
Vamos. Era o tempo dos melhores amigos e a estes nunca se dizia que não. Porque nunca nos levam por maus caminhos. Assim foi, assim será. Fomos a pé dos Olivais até ao Campo Pequeno, onde perto, na Rua de Entrecampos, funcionava um Centro de Trabalho do PCP. Não tínhamos dinheiro para ir e vir, fomos a pé para lá e guardámos o dinheiro para a volta.
Eu pensava que nos tinhamos inscrito. E que o que se tinha passado tinha sido a consequência natural de já sermos militantes. Mas memória para cá, memória para lá, redescubro que não. O que se passou foi que não fomos aceites naquele centro de trabalho por sermos muito novos. Fomos recambiados para o Centro de Trabalho do PCP nos Olivais, que ficava num rés-do-chão dos prédios da Vila Catió, e onde nos inscrevemos não no PCP mas na UEC. O que torna mais caricata a situação que se seguiu. À saída demos de caras com uma bilha de barro que dizia: " Camarada, o teu partido precisa do teu contributo". Nem pestanejámos. Colocámos lá os quinze tostões do bilhete de autocarro e viemos a pé, à chuva.
Havia uma coisa que nem eu nem o Xai-Xai previramos. Era engraçada a vida partidária, a minha controleira, era uma espécie de irmã mais velha, mas mesmo naquela altura não era confortável ouvir, tanto à esquerda como à direita, o " uec-uec, abriu a caça aos patos" com que todos nos xingavam. Aliás, essa estranha unicidade xingatória aos comunistas era a expressão do maior consenso político ocorrido em Portugal antes das eleições do general Eanes. E um dia, o dia em que eu descobri , no liceu D. Dinis, pela boca do Prof. Lourenço, que ao discutir com o Luis Trotski e com o Paulinho da UEC se virou para este último e lhe disse que a União Soviética até tinha o COMECON, aí foi demais.
Apressei-me a voltar a casa e a bater à porta do Xai-Xai.
- Preciso de falar contigo.
Com ar grave contei-lhe tudo. Da discussão entre o Trotski, o Paulinho e o Prof Lourenço, na sala de convívio do D. Dinis. E como este tinha calado todos quando lançara o seu demolidor:
"- Porque a URSS também tem o COMECON."
O Xai-Xai assegurou-me que não sabia, senão tinha-me contado. Respondeu-me:
"-Também eu já não aguento mais isto."
Isto, era a vida ingrata de um militante quá-quá. Não sei como era com os comunistas mais velhos mas um dia, se o Partido Comunista conseguir vir a tornar-se numa entidade tão respeitável como a Igreja Católica, devia abrir processos de beatificação aos seus militantes quás-quás. Levávamos porrada dos emrrs, dos udps, dos mirns, basicamente levávamos porrada, a variante de quem dava já chegava a ser desinteressante para nós.
[Lembro-me, quer dizer, lembraram-me neste processo de aferirmos a memória a meias, que um dia, era sábado, tinhamos um encontro de patos dos olivais, o ponto de encontro era o Pão de Açúcar. Eu atrasei-me porque, à saída, os meus pais, que estavam sentados na mesa de camilha que havia no quarto da criada (que não tínhamos), me obrigaram a fumar um cigarro, o primeiro cigarro, com eles. Eles sabiam que eu fumava há uns tempos e resolveram aceitar e quiseram que eu fumasse ao pé deles. A revolução foi uma ludoteca para tudo, até para a educação. E por isso me atrasei e só apanho o meu novo controleiro a subir e a descer com a sua motoreta e a dizer que tinhamos todos ido para o Técnico, que os emerres estavam a cercar aquilo tudo, que havia porrada. Havia porrada era um eufemismo deste nosso controleiro para dizer, bora aí, vamos levar porrada dos émerrs.]
Era dura a vida de um militante quá-quá. Éramos gozados pelas miúdas como se fossemos uns seminaristas com uma vida casta, asceta, longe das drogas e das traições da iálma, com a vida a mando de controleiros, irmãos mais velhos que nos orientavam adentro da epopeia comunista. O Xai-Xai sofria especialmente por causa dos olhares de censura da Laura, uma rapariga da UDP que, enquanto o xingava, desejava-o : " uec-uec, abriu a caça aos patos" . E o pobre do Xai-Xai, um excelente moço, sem saber para que lado é que se havia de deitar.
Desfizémos ali mesmo o nosso pacto. Pegámos no jornal do Avante e, como em todas as semanas, fomos buscar os microfones duplos da aparelhagem lá de casa dele e lemos, alternadamente, em emissão radiofónica privada, com nobreza na voz e firmeza no coração, na última página do Avante, a lista completa do comité central do partido comunista português. Depois disso olhámo-nos e combinámos telefonar aos nossos controleiros. Eu não sabia que o PCP e a UEC eram tão conservadores como pude constatar quando falei com o meu controleiro. "- Viva. Precisava de falar contigo. Tenho que sair da UEC... - Porquê, camarada? - Por causa do Come... - menti. Algo me disse que estava a explicar as coisas pelo caminho mais complicado. - ...por causa dos meus pais. Eles não gostam que eu seja da UEC. - Camarada, a família está primeiro!- Disse-me do outro lado o meu controleiro. E logo ali me prometeu tratar de tudo para me poupar a mais chatices, nunca mais ninguém me faria perguntas. E assim foi comigo. Porque o Xai-Xai não pôde explicar a história da sua Laura. Ela não tinha, nos códigos conservadores dos comunistas, o mesmo peso que a minha família. A Laura seria logo etiquetada como um desvio pequeno-burguês. Lá acabou a frase e disse que era por causa do COMECOM. Nas quatro semanas seguintes um misto de pena e remorso acompanharam-me enquanto via o Xai-Xai a reservar o melhor da sua tarde percorrendo as alamedas do Vale do Silêncio, ombro a ombro com o seu controleirom que talvez lhe explicasse aquilo que eu só mais tarde vim a descobrir, numa aula de nocões práticas de economia, em que o tema foi a EFTA e o ...COMECON . [Nota: Este post foi revisto em 6.11.07 tendo em conta as sugestões editoriais deste blogue. E que, em abono destas, não prejudicam em nada a compreensão da narrativa. Mantiveram-se apenas os nomes que fazem parte da nossa memória colectiva. Quanto à Laura, que nunca existiu - foi só para pôr um pouco de telenovela na estória (desculpa lá, Xai-Xai) - fica em itálico como merecem todas as personagens imaginárias]
sábado, 3 de novembro de 2007
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38 comentários:
o duarte sou eu. por acaso, o nome de clandestinidade de álvaro cunhal. talvez que esta tão precoce e fugaz passagem pela organização comunista seja a explicação para não comungar da ideia bastante comum de que os devemos admirar e que desempenharam um papel positivo na nossa história recente.
antes pelo contrário...
e a aproveitar-te, ó (ex)comuna para contar uma história cujo (grande) camarada já cá não está para a contar.
Esses tempos, fins dos 70s, um jovem camarada entra na UEC, ali ao D. Dinis, à época lenda liceal. Enquanto titubeia a revolução vai-se o quase ou pós-ela permeando de de iniciativas psicotrópicas, coisas do alcool e ervas sobre e subsaharianas. Ele e outros, algum dia ele e outra, e consta que nesse dia também o irmão. Dia como outro qualquer, esfumaça-se algo pós-alcool, caminho para casa própria, pai ali ausente, mais se esfumaça, daí às adolescências sexuais foi um passo pois claro (masturbação não intelectual diria uma imbecil que lê este blog). Dada a foda sai sono. No dia seguinte apelo a presença na célula liceal da UEC, a camarada, ressaca fodida (metafórica e literalmente, note-se) apresentara queixa de ter sido violada. Sedução pequeno-burguesa, quanto muito, dir-se-ia. Reunido o concílio, discutido o desvio de direita, a violência pré-gender issues, emanada a sentença revolucionária, ainda que matizada pela compreensão inter-macha: expulso do Partido? Absolutamente, pelo período de dois anos. Purgatório (ateu)? Dois anos de trabalho no MDP/CDE e depois regresso com cadastro limpo.
O assim quase-camarada temporário eximiu-se - contava, repetidamente, a história década e meia depois. Homem sem partido, ainda que partido ele próprio. "Átila da palavra" disse alguém e assim o lembro. Jorrava o alcool nesses recantos que intrusos hoje perseguem e gritava ele, apesar de tudo, e história já recontada "Viva o Camarada Álvaro Cunhal, Viva", e "venham mais" nosso (ou meu?) corolário. "Viva o camarada Z.M.", ainda digo eu ...
Outra história dessa trupe, dos recantos da memória que este comandante joão belo traz [ainda que o Beira a deva conhecer bem melhor, por maior convívio com o camarada de então]: ali a Chelas, seus inícios, o tal liceu. O camarada, também UEC pois então, acusado (pela própria camarada Zita? ou imagino eu) em processo de desvio imoral burguês. Consumo do brunhol, oleoso então, ao que consta. Pena imediata, sem recurso: expulsão. Transmitida pelo próprio controleiro, o nada doce P. da UEC, o homem dos guarda-costas aos 15 anos. Convocado o acusado condenado, o P. da UEC a enrolar o charro, do tal brunhol oleoso presume-se, num "éh pá, estás expulso, vamos lá fumar um charro".
As contradições nada dialécticas da história (agora sim, masturbação intelectual, dirá uma imbecil que lê este blog)
johnny: melhor que qualquer coisa que se me aflorasse, são os dois comments acima ! Mais... please!!
Impressionante descrição.
Como sou de direita nunca tinha percebido o envolvimento pessoal dos de esquerda.
Na verdade, para mim a política nunca foi uma questão pessoal, de tal forma que nunca deixei de me dar com pessoas de esquerda, nem sequer na Faculdade, com quem jogava belíssimos jogos de xadrez.
O 9º ano nos Viveiros foi o ano mais político que vivi, porque nunca andei no D. Dinis.
Apesar disso, nunca deixei de falar com os de esquerda, em particular aqueles que já antes conhecia e considerava talvez como amigos.
Mas reparava que com eles as coisas eram diferentes, e que nós de direita tínhamos de ser tratados com desdém ou desprezo.
Foi algo que nuca entendi.
Agora, com esta descrição dos controleiros, das ideias de não praticar actos por serem socialmente reprováveis ou identificáveis com outras forças políticas, começo a entender.
Com esta descrição penso que já sei quem é o Xai Xai, só não entendo o nickname.
Quando puder aceder ao blog vou postar umas fotos que vão ser as delícias de alguns dos bloguistas e de outros olivenses.
Um abraço.
citystreet ou mamadu sissé (ainda não sei que nome escolher)
mamadu sissé (herói guineense) tem muito mais panache (além de que é mesmo nome de rua)
Geeeeeeeeeeeee ... e estive ali ao lado da toponimia MamaduSissense e ... não a posteriorizei em digital ! Agendada a foto !!
PS: citystreet: email beira ou benguela no link à esqª da pág. de entrada e venha de lá esse fotoespólio! URG !!!
Hmm... Erhhh peço desculpa de me intrometer mais uma vez, é só uma coisinha, pequenina, se não se importarem, e já agora sem gozarem, e sem começarem a inventar mais coisas para me deixar ainda mais confusa, é só dizer, se fazem favor... o que é que são os viveiros??
Prometo ficar caladinha durante mais 15 dias só a apreciar a mas... ehhh aquela coisa... pronto que a outra diz...que vocês fazem...
Intrusa,
Mais uma vez venho em teu auxilio:
Os Viveiros eram o "nome" que se dava ao então extinto (com o 25 de abril) Colégio dos Olivais, e que agora se chama Escola Secundária Eça de Queiroz. Viveiros porque nas traseiras, pegadinho, pegadinho, eram os viveirpos da Câmara aqueles mesmos que estavam pertinho do atelier do SAM e consequentemente ao pé da relva que ladeia o TÓ!
Frequentei essa pérola arquitectónica enquanto Colégio dos Olivais e foi lá que fiz o liceu quase todo.
Beira, imagem, please!
mamadu sissé: esclareço que xai xai é o actual nome da cidade moçambicana que antes da abrilada se chamava Cidade de João Belo. isto ajuda o teu reconhecimento?
Lobinha, o Colégio dos Olivais não foi extinto com o 25 de Abril, funcionou até depois. Os Viveiros foram inaugurados no ano lectivo 1976/1977, mais exactamente num Janeiro de 1977 quando então se iniciou um ano lectivo - ainda não estava fisicamente ligado ao ex-Colegio por óbvio atraso de obras e entre-pavilhões era um mero lamaçal. Tinha mais pinta do que o velho D. Dinis, este pejado de tristes recordações não cicatrizadas dos precs e da envolvência chelense (ainda que então). Os Viveiros mandaram no juventude oriental, englobando malta de moscavide, sacavém e, em particular, gentes retornadas da portela - as festas deles eram porreiras e os pais ofereciam ponche à gente [as avós não apreciavam muito que a gente se servisse directamente com os copos mergulhados na bebida, mas acabavam por achar piada a estes hábitos europeus - quem o provará é um tal de nani já aflorado em posts e comentários anteriores].
O primeiro presidente da velha escola era um latinista (decerto ex-padre) chamado Roxo que tinha a boa alma para compreender que a rapaziada numa escola sem ginásio devia poder jogar râguebi (ou rugby, como agora se diz) nos corredores da escola - pobres professores.
À porta dos Viveiros, do outro lado da rua, havia um muro muito bem frequentado, de miúdas roliças e comerciantes de shampoo. Alguns (mas) até iam às aulas. Logo ali era o célebre Sô Álvaro, entre a tasca (uma porta) e a mercearia (outra) onde o velho casal quase galego ia ganhando os vinte e cinco tostões à rapaziada. Tinha uma máquina de flippers (ai que saudades, ai, ai), o maluco Luís "dá-me um cigarrinho" era o maluco residente, e ali bebi os meus primeiros submarinos (acho que já tinha buço, mas não vou jurar). O Sô Álvaro não fazia horas extraordinárias daí que a partir das seis da tarde era necessário avançar ao café ao lado da farmácia, um pouco abaixo, o "Vítor", onde o tráfico era menos gritado mas tão pouco oleoso como o acima referido. Nessa rua vivia, acho eu, um tipo com o nome mais actualizado que se poderia encontrar nos tempos, o Charrinho (apelido verídico, entenda-se), que organizava festas (no Charlie Brown, no Beat?) de quando em vez. E logo a seguir um outro tipo verde, dono da vespa mais estúpida da época, e que é um presumido (até afixado) bloguista deste recanto.
Diz à intrusa ainda, e porque tem muito a ver com este post, que dos viveiros seguindo rua acima se vai dar ao prédio onde o Cunhal viveu a última década de vida, e que virando à esquerda era o reduto do Gen. Soares Carneiro - e já não falo do "coronel" porque esse merece que alguém de verve suficiente se chegue à frente para botar "post"(a) condigna.
A escola secundária dos olivais veio a tomar não o nome de Eça de Queiroz como afirmas acima mas sim de Eça de Queirós, prova que o min. educação há anos que reortografou a língua
Parabéns pela nova epígrafe - claro que fui ao google ver o que era.
João Belo, isto dá um novo capítulo e muitos mais posts. Esta época foi fantástica e às vezes não sei como os nossos pais aguentaram ou como nos safámos.
Acho que um dos meus irmãos queria inscrever-se na juventude comunista por esta altura e a minha mãe não deixou (tinha que assinar?) e um ano depois na juventude centrista e também não o deixaram.
Eu entrei na Fernando Pessoa a seguir à revolução vinda de um colégio relativamente protegido (um dos miúdos dizia que tinha lido o livro do Spínola no início de 74 e ainda fizemos um governo provisório mas pouco mais). A Fernando Pessoa foi uma revelação: votações (sempre de braço no ar como era próprio da época), discussões, sessões de esclarecimento, encenação do Jesus Christ Super Star, um fartote.
E lembro-me de acusarmos o meu pai de ser fascista por não nos deixar sair à noite em dias de escola.
Fartámo-nos de ir a manifestações e de todos os partidos pois a nossa mãe entendeu que precisavamos de ter uma educação política. No fim, comíamos um gelado. Estas expedições substituiram parcialmente as visitas regulares ao museus que também acabavam com um gelado.
Eramos de facto muito novos e facilmente impressionáveis: a minha irmã e eu gostávamos mesmo era dos discursos inflamados do Vítor Gonçalves para consternação dos progenitores.
E tinhamos uma vizinha do LUAR - nunca percebemos o que era, mas o nome era bonito e era daqueles partidos cheio de esclarecimentos no nome (maoista, leninista, etc.).
Esse vosso Bernardo é o da Cidade de Bolama?
Também andei um ano nos Viveiros de que fala o anónimo uns anos mais tarde. O Ministério da Educação parecia querer que experimentá-se-mos o maior número de escolas possíveis - eu andei em 4 todas ali da zona e não gostei de tanta mudança, quase que não valia a pena desfazer a mala.
Bonanza, bem regressado do trabalho de campo?
Sim, era esse, ainda há pouco falaste do irmão dele. Eu lembro-me bem de ti lá nos Viveiros, Timor. Eras uma pessoa muito simpática, lembro-me bem (nunca falámos, aliás a única vez que devemos ter trocado duas palavras foi quando o teu irmão me pediu ajuda e me "contratou" para ir lá a vossa casa dactilografar-lhe um trabalho, lol, mas lembro-me bem da tua simpatia, eheheheh).
e dá de facto muitos mais posts. por exemplo, a malata que andou no Liceu D. Dinis, e havia grupos de diferentes idades, têm histórias fabulosas para contar. é por isso que aquilo foi uma ludoteca (é engraçado, estou a escrever isto e estou a ouvir o final do "Conta-me como foi" na RTP1, com o Miguel Guilherme (nosso vizinho) como um dos protagonistas e estão a saltar imensas histórias.
e eu também chamei uma vez fascista ao meu pai por causa da semanada. e ainda me lembro do ambiente que caiu lá em casa. naquela altura chamar alguém de fascita, tinha um peso muito forte e podia dar chatices.
eu acho que te devias chegar à frente Timor para falar disso... :)
e já agora também este anónimo com tão boa memória e um escrever tão solto e agradável...
tentem pôr o mesmo marcador para depois os textos poderem surgir todos...
timor: do que me lembro o bernardo é o irmão da rita e do nuno.
bonanza: confesso a minha pouca esperteza. obg. pela dica da epígrafe. sempre a aprender...
Bonanza, falta qualquer coisa nessa história do Z. e J. M. No dia seguinte, de manhã, eles telefonaram-me arrasca e contaram a sua, suas versões! Falei nesse dia com a R. (a visada)! E tudo batia certo...! Tinha sido feita bostada!
Um abraço.
Bonanza, tenho por hábito defender as minhas personagens: não é nada imbecil a que lê este blogue e assim falou. aliás, a propósito das personagens, das nossas histórias, tenho para mim que nos levamos demasiado a sério. abraço
João Belo: tenho um grande amigo (de outros longínquos bairros) que é um grande escritor, e a gente discute os textos dele. O defeito que lhe disparo é exactamente esse, o ter carinho pelas suas personagens - as cujas são tão pouco como a restante rapaziada, real ou ficcional, presumo eu. Já agora, em tempos de Olivais havia a mania, que não era exclusiva do bairro, de invectivar os PSIE's (lembras-te?). Ou seja, cada vez que um gajo saía do rame-rame (e estava-se na idade disso) lá vinha a crítica ao "pseudo-intelectual de esquerda" (mesmo que não fosse de esquerda, como aqui ao caso, se calhar apenas conjunturalmente um pouco mais confuso devido ao deficit de inee [é assim que se escreve?] da mistura brunhalesca). Do repúdio ao PSIE à acusação de masturbação intelectual era um passo, diga-se. Vinte e cinco anos depois a mesma conversa, francamente, "não há saco" - mas tens razão, um tipo a escrever comentários soltos em blog simpático não pode andar a invectivar as co-visitas. Daí que onde acima se lê "imbecil" solicito que se leia "tipologia-para-a-qual-já-não-há-paciência".
Estás a propôr um "onde é que Vs. estavam no pós-25 de Abril?"
Já agora, tens alguma razão, a timor era simpática. Ainda que "tivesse dias". Lembro-me que até lia. Nas trocas de livros éramos, com alguns outros, uns "psie's", acho.
Quanto às nossas histórias cada um se levará a sério ou não consoante o que vê ao espelho. Eu, que me gosto bem mais do que no tempo dos olivais, continuo a não me levar muito - e (re)vi-te um dia em palmela muito pouco cheio de ti, salve. Pelo contrário, acho que quem se leva e às suas histórias muito, muito a sério são os "blasées", daí a minha falta de paciência para "determinadas tipologias" por assim dizer. (para além de que acho a masturbação, a capella ou em dueto, uma actividade
muito salutar - não é o tom do blog, mas já que estamos em registo de crítica literária ...) Abraço, Ai.
Luís T. é incrível encontrar eco directo dessa história (este blog é mesmo porreiro)... Eu conheci o Z.M já crescidos, nos 90s, e aquilo marcara-o. Se há gente de quem tenho saudades é do gajo. Como acima escondo, com ele até brindaria, bem gritado, "Viva o Camarada Álvaro Cunhal, Viva!!!"
Já agora eu uma vez tratei o meu pai por "este gajo" [e naõ foi um ataque, foi um deslize inconsciente] e ia sendo posto fora de casa. Expulso de casa só mesmo quando apareci de argola na orelha. Tive que a retirar para me poder manter no bem-bom. Mas não custou, o Corto era o Barão e eu sempre me achei mais Rasputine, verdadeiro Alter Ego.
Timor: esse a quem gostavam de ouvir, quais "muralha de aço", não seria o "camarada Vasco" [e naõ Vítor, ou será que haveria outro Gonçalves].
Informo-te que comprei um colchão de praia e respectiva bomba de pé. Rejuvenesci, sem dores de costas. Ou seja, livre do clonix quando na estrada, bem estado e bem regressado.
grande maschambeiro, um abraço. Ou vice-versa, maschambeiro, um grande abraço. e vê lá se levas isto mais a sério que como dizia alguém, convidar e zarpar, não tá com nada. a gente merece-te. capitão cook, cook, cook sauda a sua tripulação...
último anónimo, lembras-te de que noutros anonimatos te dediquei uma antevisão das comemorações dos trinta anos dos viveiros?
Já agora, um post sobre o capitão cook, lenda dos 90s ali ao entre-tó e pinto, é exigível ...
Luis T., só agora, me ocorre a pergunta, tu és quem partilha um lugar efémero?
João Belo, a propósito dos viveirosaqui te deixo a cópia de um texto para ti, quando vens com outro J à frente, coisa de outras conversas em outros blogs há já dois anos:
[João Belo] imagina os 25 anos de fim de curso liceal num liceu qualquer. P.ex. na antiga Escola Secundária dos Olivais, vulgo Viveiros, agora Eça de Queirós (com s). Almoço, os alunos de então a ver se se encontram, reconhecem. Eu vou, até anunciei no blog. Tu idem. Havemos de nos cruzar, sem nos vermos há anos. Eu chego, 90 e tal kgs, camisa aberta até ao umbigo, o tal cordão, um bocado lânguido com as antigas colegas, hás-de reparar durante o dia, bastante extrovertido até. Não catalogas, não julgas (aprecias)? Não te afastarás até, talvez em busca de outros?
A Luísa (lembras-te da Luísa?) já não tão bela, agora não mignone mas atarracada, mini-saia apesar dos também kgs, baton a mais, pechisbeques vários, tanto sentimento e beijos com os velhos colegas. Tu não idem? O Carlos (sabes?) agarrado ao sg filtro ainda, talvez ainda às ganzas isso não sabemos, com expectoração - nem se levanta, cospe para o lenço de pano. Tu não notas? A Mizé também se assoa, num lenço de pano. Tu não notas? O Orlando, o velho Orlando, depois do frango, a ele só sairam asas, palita abundantemente os dentes, retira o palito, olha, esfrega-o no prato, e recomeça. O Mendes trouxe a mulher, esta assim com um ar enfim, e chama-lhe "gajinha", até conta como conheceu a "gajinha". Tu gostas? O Finezas nota-se que deve estar bem, bem vestido, director, fala de carros e do apartamento em sítio bom, bem como das férias, distribui cartões de visita, se precisarmos de alguma coisa... Tu não catalogas? O ZéTó não engana, não saiu. Tu não lamentas? Tu não julgas? A Joana continua linda, está uma senhora, elegante, bem vestida, simpática. Tu não notas, não gostas? Já a Fátima, a Fátinha, tão bonita que era, agora matrona, bebeu umas cervejas e fala muito com o ... olha com o Flávio, o marido dela, que não é dali, até bufa. Tu não reparas? O Flávio, esse de África, já bebeu, o botão do umbigo já se desapertou, mete a mão no joelho da fátinha, tão bonita que era, riem-se ambos, o marido dela que não é dali já bufa, tu não notas. A mulher do Flávio ... como é possível, parece uma senhora (sublinho o parece) como é que está com aquele bimbo? (tu não dizes? tu não dizes o "parece" que eu te sublinhei?), ali enfadada. O Castro está careca e puxa os cabelos de um lado para tapar a careca. tu não reparas? Tu não reparas? O Santos, o santos da portela, está em forma, nem barriga, nem brancas, a idade não lhe passa em cima. Tu não notas, não invejas, não comentas? O velho professor de história está lá, um caco, tu não te assustas? O Albino é gay, está como os outros, mas é gay e tu não notas mesmo nada disto que notas nos outros, não podes notar, não queres notar, não queres classificar, não queres moralizar.
É só isso. Organiza lá o almoço, a reunião. E vê lá se não notas. Eu não vou, estou cá longe. Moralista, reaccionário, homófobo. A achar um gay tão palhaço como um straight. Tão puta como uma puta. Tão tudo como eu. E como o Quim.
[para lá do tom, que foi assim que saiu, abraço. E saudades]
Ora bem,
Anónimo: registadas as alterações e agradecida pelos esclarecimentos - altera tu também, já agora, de Lobinha para Lobita. 'brigadinha!
Luis T.: serás tu quem eu penso? O homem das motos italianas?
Não se pode estar um tempinho fora e sai um post com comments que davam para Lusiadas e Meio !!
E agora a revelação. Nado e criado naquele bairro, com Mãe que até enfermeira foi no infantário do Colégio dos Olivais, con 'n' amigos nos Viveiros e .... NUNCA percebi que eram uma e a mesma escola... Dasssss... mas tem uma lógica. No Colégio entrava pela porta perto da Tosta, nos Viveiros pela rua C3 .... Mesmo assim, vai lá vai !!!
E não eram Bafas, na verdade, ao início não eram, apenas confinavam uma com a outra. Posso dizer isto com propriedade pois estreei os Viveiros e fiz a primária no colégio dos Olivais (talvez nos anos seguintes tenham os viveiros sofrido ampliação prevista mas no primeiro ano, e estamos a falar de ... deixa cá ver, acho que em 1976/77 as duas instalações coexistiram).
A propósito, lembro-me bem da tia Bi, e das mazelas que ela com tanto carinho cuidava, quando nos recreios ganhavamos medalhas. Lembro-me particularmente de um hematoma que um tal de breyner/gravato/gino/desaparecido em combate, e que era da minha turma da 4ª classe me provocou à traição. Resultado, Tia Biiiii. Saí de lá com a cabeça entrapada, de ligadura à volta, e orgulhosíssimo com a coisa. Ao 2º dia, o inchaço já teria desaparecido mas quem me tirava a ligadura, aquilo assim a fazer-me herói apache?!!! ah pois
Lembro-me bem de que o truque do tratamento passou por pôr uma moeda em cima do hematoma e depois então envolver a cabeça com a tal ligadura. Aí a Tia Bi disse que depois de tirada poderia ficar com a moeda e foi aí que me convenceram a tirar a ligadura que troquei por um pirolito bilas para aí, à conta do tesouro que tão simpaticamente me foi oferecido.
Um beijo a ela bafas, ... do filho dos pegas.
Lobita, desculpa, foi erro de tecla (associação de ideias?) - cumprimentos ao mano. Bafatá, o colégio durante anos ficou como secretaria e afins, sem aulas, e sem ligação directa com a parte dos alunos. Não é assim tão estranho não teres percebido.
Bafatá: Estou como tu, tb não fazia a mínima ideia de q confinavam uma com a outra como diz o Fulacunda. Também lá andei no Colégio dos Olivais e a minha mãe foi professora de Inglês! Isto há coisas do caraças...
Fulacunda: essa do pirolito bilas, foi engraçada, já nem me lambrava disso...passava a vida a juntar $ com o meu irmão para comprarmos essas garrafinhas na taberna! Era gasosa, não era?
fica aqui um pedido: ando à procura de fotos de turmas do colégio dos olivais. quem as tiver p.f envie-me para maeght99@gmail.com
obg.
Joao Belo,
Não foi uma ludoteca para todos.
No 7º Esq houve um casamento que se desfez naquela época.
toste?!?!?! és tu açoriano????
Não sei se falam da mesma timor...
Moreira (iiiihhh, aos anos que não te chamava assim) - tens razão, claro que é o Vasco Gonçalves e havia duas versões, a da muralha de aço e a da apertar a corda, dois extremos do espectro político da altura. O Vítor Gonçalves foi um professor meu.
Anónimo, não compartilho nenhum "lugar efémero" (presente do indicativo)! :) Talvez um dia possamos conversar acerca do Z. e JM.
Lobita, nunca tive motas, tenho pena. O Bafatá conhece-me, assim como o JPT, e outros, porventura. Sou originário da RCB, a poucos metros do Bafas.
Um abraço.
Acho que é da mesma Timor que por aqui se falou, conheci-a em tempos. Também conheci o Luís T., ainda em tempos mais recuados - se calhar homem para se chegar à coluna da esquerda deste blog [nada melhor do que o pretérito imperfeito, não achas?] - Praça Mercado do Relógio é um bom nome para ti?
Zezé Moreira, não te estou a ver, neste momento! Sabes, prefiro RCB... Pode ser? Essa praça é do outro lado da estrada e isso faz muita diferença! :)
Olha, nem esquerda, nem direita ou centro, cansa... tenho ideias próprias, já lá vai o tempo "qua-qua" e outras manipulações da mente. Falei muito,em temps idos, quando em 1976 mandei tudo à fava, com a Ana Mourão, Ana Paiva, e outros... O ZM e JM, também têm a ver com essa situação.
Um abraço.
Luis T, a coluna da esquerda deste blog significa apenas a coluna onde estão afixados os nomes dos bloguistas participantes do olivesaria. Só apenasmente ...
Fula: beijos entregues com muiiiiiito carinho à tal senhora enfermeira ! ;-)
Luis T.... join the team ... na tal coluna da esquerda, a dos postadores nesta tabanca de fraca frequência !! ;-)
zz moreira: pretérito imperfeito ? Conheço um blog com esse nome, por acaso escrito pelo filho de um humilde olivalista que por aqui escrevinha . E que numa oliveira por aí espalhada tem um link para tal. Perde um tempinho.... vê-se mesmo que o raça do miudo ... é aparentado dos Olivais !!
pretérito imperfeito, presente do indicativo, há olivelos para tudo ...
Isto sem Laura fica com menos sumo ...
fantástico. eu, que passei pelo colégio dos olivais, pela fernando pessoa, inaugurei os viveiros e ainda fiz algumas incursões ao centro de trabalho da vila de catió, acho que não reconheço ninguém deste blog. deve ser por sempre ter sido um 'bicho do mato'. aposto que também ninguém me reconhece a
mim.
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