quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

entreposta

[Esta posta de texto tem por único intuito intervalar a série de georetratos que aqui se têm vindo a reproduzir. Pois se é cada vez mais calada a natureza deste blog, não é menos verdade que o têm pincelado de avivados tons neocoloniais (não haviam fotos mais recentes beira?) estas tão etimológicas fotos … E agora, abafando este berreiro (tão impróprio como uma alheira num prato de salmão) para de novo respeitar o cerimonioso silêncio, e ainda assim, arrisco-me a deixar o mote para prossecução desta série retratista com o seguinte desafio: venham de lá então as vistas aéreas do maracangalha]

13 comentários:

xai xai disse...

e se fosse um desenho? até pode ser que o Beira descobra que tem jeito...

maria correia disse...

Silencioso? Então não se diz que uma imagem vale mais do que mil palavras????

Beira disse...

Sempre atento, caro Fulacunda.

Estava a ver que ninguém dizia nada sobre isso.

Mas a minha ideia era mesma mostrar imagens de Lourenço Marques e não do Maputo, de Moçamedes e não de Namibe e daí por diante...

No entanto as imagens de satélite mostram as cidades na actualidade.

Espero que quem se interesse por estas imagens seja curioso e vá procurar mais imagens, mais recentes e mais antigas e construa a sua imagem de cada uma das cidades.

Eu vivi numa e passei por algumas das outras e não tive como objectivo o revivalismo neo colonial mas sim mostrar cada um desses locais com o aspecto que tinham quando, em Fevereiro de 1974, fui viver para os Olivais (foi nessa altura que me apercebi que quem lá vivia, nos Olivais, pouco ou nada sabia da localidade que dava nome à rua em que vivia).

Esta pesquisa levou-me a perceber que, por exemplo, a vila de Fulacunda, na Guiné, pouco maior deve ser que a rua do mesmo nome nos Olivais Sul.
;-)

Fulacunda disse...

mas conheces o óleo "fula" certo? ah pois! ...agora dá-me lá um produto da área alimentar que dê pelo nome de "beira" ... estes gajos que vêm das beiras ... invejosos

Fulacunda disse...

ah e deixa-me dizer que a minha curiosidade pela fulacunda já me tinha levado a procurá-la bem no mato. foi aí que descobri que há um dialecto, este abrangendo uma área geográfica centrada na guiné mas mais vasta que ela, e relativamente utilizado, que se chama ... FULA! pois é oh beira, dialectas tu?

Fulacunda disse...

maria correia, eu dizia do silêncio para os outros, não para si, entenda-se

xai xai disse...

Fula: Fula é mais que um dialecto, é uma etnia.

Bom! Para mim é mais que uma etnia, é um amigo...

etv disse...

Vistas aéreas do maracangalha nesta altura do campeonato não se recomendam....

benguela disse...

... quanto a isso o melhor é fazer um enquete.

maria correia disse...

O pouco que sabíamos sobre essas cidades e vilas vinha daquela ideia absurda, dada logo na instrução primária, de que esses lugares pertenciam às famigeradas províncias ultramarinas...TEnho ainda vagamente na memória um mapa de Portugal em que Angola, Moçambique, Guiné, etc, vinham coladinhos ao mapa de Portugal pespegado no quadro de ardósia...(ah, Portugal é enorme, pensávamos nós)...por volta de 74-75 é que começámos a ouvir falar nos movimentos de libertação...até à altura, falava-se da guerra colonial, a medo...recordo-me dos meus pais dizerem que ia lá a casa Fulano de Tal e que tínhamos de ter cuidado com as conversas...recordo também que se falava muito em Lourenço Marques como uma urbe muito desenvolvida, rica e bem disposta...não deixa de ser interessante que o bairro dos Olivais guarde, assim, a memória de um «mare nostrum» que tão mal conhecíamos, nós, os que cá estávamos...

Fulacunda disse...

Oh Xai, tu comoves-me pá. ora vês, que um amigo é maior que uma etnia e as suas palavras mais ricas que um dialecto! Toma lá um abraço

Ah ah ah Maralhas, pois, nada pior que um campo de futebol sem jogadores.
Só de pensar os fartos desafios que ali despontaram, enfim, e os génios fubeloísticos que se perderam para o mundo, e hoje vê-lo assim, quase sem nada já ... de futebol

quem falou em enquetes?

xai xai disse...

Maria:
Apreciei a parte do Fula(no) que Tal... vem a propósito.

Ainda mais interessante seria saber porque razão a toponímia nunca foi actualizada.
Até que se poderiam conjecturar uma dúzia de explicações muito profundas. No entanto, e em bom rigor, para mim tudo se resumo a esse desporto tão português que é o "temos que tratar disso!"

maria correia disse...

Espero que Fulacunda não tenha levado a mal, Fulacanda e Xai-Xai, a parte do Fulano de Tal foi sem intenção alguma...Bem, a ponte lá passou de Salazar a 25 de Abril, assim como alguns outros nomes menos «politicamente correctos»...as razões da intransigência dos Olivais é que me escapam e concordo que seria bem interessante saber por que razão tal ocorreu...Talvez por um interesse meramente académico em se conservar a memória histórica...ao fim ao cabo, a história existiu, que diabos...e, sem parecer colonialista nem sequer neocolonialista, gosto dos nomes assim...também não se poderia mudar o nome ao poema Padrão de Pessoa, pois não? O tal, que foi plantado no areal moreno: MENSAGEM de Fernando Pessoa- Segunda Parte: MAR PORTUGUEZ
- PADRÃO

O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para deante naveguei.


A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por fazer é só com Deus.


E ao immenso e possível oceano
Ensinam estas quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez.


E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma