segunda-feira, 7 de abril de 2008

Comboios de uma vida


Proponho uma alternativa ao passeio a Belver, não sei qual o preço, mas em 1983 era uns enormes 13.500$00 (InterRail) e, sem ter a certeza de passar a fronteira em Hendaye que os Francius não queriam nada connosco (nem na CEE estávamos). Acrescia ainda o facto de termos que andar a fugir do Pica espanhol que queria cobrar um suplemento expresso para o qual ninguém estava interessado em gastar os seus parcos recursos.

Ah! Mas a chegada a França valia tudo, era o estrangeiro à séria, ruas limpas tudo com um ar organizado, uma língua verdadeiramente estrangeira, fiquei deslumbrado do cimo dos meus dezassete anos em que só conhecia Espanha.
Depois de Hendaye foi um mundo que se abriu, nunca mais fiquei o mesmo, a vontade e urgência em sair deste jardim à beira mar plantado todos os anos era irresistível. O Sud era uma porta para o mundo, a experiência total.

nota: esta placa abifeia de uma carruagem em Stª. Apólonia, é original

30 comentários:

xai xai disse...

Draive: "Ganda recuerdo"!
O inte-rail? ...Espectáculo!
Liberdade absoluta, mesmo com pouco dinheiro. Para mais eu levava travellers cheques para ser mais seguro e perdia um balúrdio nos câmbios e nas comissões. Albergues da juventude, estações e comboios, muitas estórias. Como já não tem limite de idade, espero ainda fazer outro.
Quem experimentou, não esquece nunca mais.
Fazia-se um blogue só com as estórias que se vivem num inter-rail.

benguela disse...

... podemos combinar um dia, e encontramo-nos todos debaixo da Torre Eiffel... (não vale telemóveis)

maria correia disse...

Presente! mais uma antiga usufruidora do inter-rail...mil e uma histórias, sim...foi assim que, aos dezoito anos, vi pela primeira vez a Torre Eiffel...e que fomos salvos de uma certa peripécia por um realizador de cinema francês independente...uma óptima pessoa, daqueles tempos em que se podia levar para casa quase qualquer um, sem problemas..-

xai xai disse...

Bengas: 19 Agosto próximo, lá estarei. Marca a hora!

Pode ser que ainda lá esteja o "Nureyev" a dançar o Bolero de Ravel...

bolama disse...

20 a 22 de Agosto o eixo Antuérpia-Bruges-Amsterdão (talvez um cafézito nesta pequena cidade?)? Se sim, prontos!! E por que não substituir o passeio a Belver por esta caminhada?

Anónimo disse...

O inter-rail do Olivesaria?! Seria um must na blogosfera ... (em especial se aberto a outros bairros)

Pedro Venâncio

Anónimo disse...

por falar em francius lembro-me da noite em que um tal de organo apareceu a assobiar lá em casa, vindo de hendaye, recambiado pelos gauleses. foi giro, que acabou detido pela polícia lisboeta, tamanha a piromania que o acometeu

Bonanza

Anónimo disse...

Sim, eram tempos de sofrer penosa exclusão. Permito-me recordar, em particular ao senhor João Belo, as tremendas dificuldades e até susto sofridas aquando da minha passagem para a pérfida Albion - apenas o consegui devido às boas e belas companhias que me enquadravam.

Manafá, lic.

Anónimo disse...

o engraçado foi qd um pouco (pouco mesmo) antes de eu chegar de trem a Hendaye chegou outro trem de Algeciras... nunca vi tanto marroquino a pular. O trem deles ainda não tinha parado... já eles saiam... era quase como sair do 21 ainda com ele a andar. Claro, qd eu entrei, ele estava pejado de marroquinos. Eu viajava tb com um... um tal de Cristo que morava nas traseiras da Bolama. Esse gajo revelou-se um verdadeiro sácrista.
Fiz uma viagem cagado de medo. Os 18 anos levaram a isso. Mas valeu a pena

Anónimo disse...

Mas agora tudo de faz de TGV...ou lá o que o Socrates vai querer ...ficamos sem o romantismo desse do Sud Express

Timor disse...

A maior impressao dessas aventuras foi o regresso a casa do meu irmao vindo da primeira ida a Franca. Vinha de blusao de ganga, cheio de aventuras e muito mais crescido. E as saudades que tinha tido dele, coisa que nao me tinha anteriormente passado pela cabeca que fosse possivel.

Pois foi Manafa, valeram-te as boas companhias para entrares aqui na perfida, mas ja nao me lembro por que razao implicaram contigo. Tinhamos de mostrar quanto dinheiro levavamos ou coisa do genero. Nao fiquei convertida aos comboios com essa viagem e fizemos todo o resto depois de Calais ate a Escocia e regresso a Lisboa de camioneta. Voltei a fazer o Sud-Express uns anos depois sozinha, no regresso do interail; tinha apanhado uma boleia ate Nice a ida.

Fica aqui prometido um post sobre a conversao definitiva a intelectual do Bolama na Escocia; gastou o dinheiro todo nas livrarias e alfarrabistas de Inverness e teve de regressar a boleia enquanto nos fomos de camioneta (pois) ate Barcelona com o Gino. Com foto e tudo. O Draivimpe e outros tinham ido no ano anterior para as mesmas bandas.

E nao resisto Draivimpe, nao foi essa a ultima vez que fostes a Paris?

Anónimo disse...

O Draivimpe ia a Paris comprar o seu duffle coat anual. Ficava sempre num Hâângar

Bonanza

Vila Pery disse...

Não fiz o inter-rail (falta de massas...), mas fiz esta viagem até Hendaye duas vezes, para conseguir chegar até Biarritz onde algumas Oliveiras estavam nos seus biscatos veraniantes.Tenho óptimas recordações.

das outras vezes que viajei, já nm deu para o comboio, fomos à boleia nos famosos TIR.

maria correia disse...

Algo nestes comentários me fez lembrar o Jack Kerouac do On The Road...bom, pelo menos quase toda a gente o tinha lido, na época...mas, a propósito de comboios, deixo aqui um dos sonhos da minha vida que ainda não realizei: a viagem de 14 dias, creio, no Transiberiano...atravessar a Eurásia toda até à outra ponta, dar a volta ao lago Baikal depois de atravessar as estepes...

Fulacunda disse...

Dá para contar as idas de comboio-correio, dormitadas no sítio das bagagens noite fora, com o pffiiiiuuu pfiuuuu em todas as paragens entre lisboa e ... lagos?

ou tem de ser epopeia mais intercontinental? (é que eu era das vivendas, e os meus pais não me deixavam ir para muito longe)

benguela disse...

Dá.




Uma vez em Lagos fechei-me na casa de banho duma carruagem... pensava eu que vinha ali até Lisboa sem pagar e sem ninguém me chatear... fui posto borda fora em Silves.

Anónimo disse...

excelente a ideia de fazermos um inter-rail...eheheheh...já comecei a pôr moedas na lata de coca-cola!
sou um entusiasta do comboio. regional, intercidades, internacional, seja lá o que for. o último prazer que descobri é ir no Lisboa-Madrid, entrar às 11h da noite em St Apolónia, jantar-cear a bordo até à uma e meia/duas da manhã, na carruagem restaurante e depois recolher ao meu pequeno quarto, para adormecer com o som do comboio e as sombras da paisagem. de manhã é delicioso tomar o pequeno almoço enquanto se chega à cidade de Madrid.

(com os cumprimentos aos sr. Manafá)

JB

Rua Cidade de Inhambane disse...

Pois...se é por ser das vivendas... eu também era....por isso meus pais nunca deixaram.
Mas também acho que nunca pedi, se calhar por saber que não podia ou por não ter coragem de ir nessas aventuras... sempre fui um pouco comodista.

xai xai disse...

devo dizer que 4 Xais rogam pragas a esse Anónimo aí de cima, o que inspira reverência ao Manafá, lic.
Embalados pelos argumentos que aqui repetiu, resolvemos ir no final do ano passado a Madrid utilizando tão "romântico" transporte.
Oh João Belo!
Já te disse: Ganda merda! É mais caro que o avião, faz muito mais barulho, demora muito mais tempo e aquilo que é o mérito principal de viajar de combóio, a paisagem, nem vê-la, obviamente, porque é de noite.
Estás-me a dever "uma"...

benguela disse...

Eu cá tou com os xais... combóio! vai tu... viagens intermináveis, carrugens desconfortáveis... qual romantismo qual carapuça!

Fulacunda disse...

ah pois é, ainda há dois anos fiz o sud-express - com esta douta idade, pobre de mim! oh draives lembras-te quando fui ter convosco a la rochelle para trazermos o barco para cá?

aquilo é muita giro. carruagem cama que a gente só ía naquilo porque não havia avião directo, que o nosso status já não é para estas coisas. em chegados ao entroncamento já tínhamos percebido onde tínhamos caído: abanico para aqui, abanico para lá, piuu piuuu, sandes? quais sandes, aqui só temos bolos de arroz, piuu piuu, abanicos e tal ... e café de púcara, mas ... ah não sei, eu estou na pré-reforma e por isso é que estou aqui, uma vergonha isto, e comer só em handaya, piuu, piuuu. e nós os 3, com desportivismo a rir com aquilo e a arriscar fraco humor: e agora só nos faltam entrar uns turcos lá para a nossa cubículo cama (tirada tão mais fraca quanto apelava ao terror islâmico do 11 de setembro então ainda fresco). e pimba, abanicos para aqui piuuu piuuu, abanicos para ali, e lá vêm dois que se não eram imitavam que nem tugalês falavam, e a gente a dormitar à vez de olho semi-aberto, e sem conseguir, e a sair outra vez, que venha o bolo de arroz, antes isso que aquilo, piuuu piuuu (é de factro bonita a paisagem nocturna jb, o xai não percebe nada). e ainda assim a sobrar humor que afinal íamos de encontro ao descanso, a uma bela vela, à épica travessia da biscaya, em lá chegando, em lá chegando. e já a medo, mas ainda estóico a tentar descontrair o ambiente, um de nós a arriscar: e agora só falta aqui por viseu entrar um daqueles emigras de garrafão. 1 hora depois lá estava ele a apresentar-se-nos, e a tirar a botifarra, piuuu, piuuu e que se foda o abanico que isto não se aguenta, tanta vigília, tanto pivete.
10 euros mais tarde lá nos recostámos num novo compartimento sob os gestos amistoso do afortunado trinca-bilhetes. e foi assim, por entre abanicos, pivetes e piuuu's piuu's que 20 horas depois perdemos um provavelmente fantástico nascer do sol nos pirineus, que depois de uma noite daquelas não havia quem aguentasse aquele raiar nos olhos. mas deve ser giro sim, em descontando uns 25 anos há coisa, umas ganzas, o pessoal a andar para a frente e já vou indo, e sem a artroses da idade, deve ser giro sim.

a que horas saem os de madrid JB?

Fulacunda disse...

(2 anos? eu disse há 2 anos?! foi há 4 caramba! tenho que me apressar que começo a perder o tempo)

Draivimpe disse...

Grande Timor, infelizmente não foi a última, que aquela noite com o Joni e a Patrícia foi verdadeiramente olímpica, fomos os Reis do Quartier Latin.
Lá voltei anos depois (bastantes), já fatalmente aburguesado e em que um jantar custava mais do que um mês inteiro de viagem (com as correcções monetárias devidas). O pedal já não era o mesmo e o vinho também não, entre os vários jarros de vinho carrascão despachados de uma forma expedita e entusiástica nessa noite, passou-se para os os Chataeuneuf du Pape e afins. O que se ganhou na qualidade perdeu-se na cor e na liberdade.

Anónimo disse...

e o Hâângar, estava no sítio? A loja para o duffle coat sempre na berra?
anónimo

Anónimo disse...

Eu há 2 anos (sim, dois anos, ainda não me engano nas datas) fui de comboio (sim, ainda tenho estatuto para isso) ao Largo do Chiado e apreciei. Em particular as escadas rolantes. Grandes ....

anónimo afável

Anónimo disse...

há o trem da praia das maçãs...já funciona outra vez...
parece que em vez de um TGV... vamos ter uma montanha russa em cada capital de distrito...passamos a ser o único país do mundo a ter vários TGV urbanos. O que acham? Nem na América

Anónimo disse...

eheheheh, Xai-Xai, esqueci-me de dizer, aquilo só funciona bem se um tipo for sózinho...

xai xai disse...

João "anónimo" Belo: e só agora é que avisas?
Para castigo, vais passar o fds do 25 de Abrrrrrrr, a Caldelas!

Anónimo disse...

és um desbocado, só falta dizeres com passagem por Miranda do Corvo...

(a propósito Beira, saberás por acaso o horário da exposição daquele teu amigo? e estará aberta em dias revolucionários?

é para compensar os Xais 4 das agruras da viagem que lhes recomendei...

JB

Draivimpe disse...

Claro que a útima vez que fui para Paris fui via Gatwick, mas felizmente ia quentinho dentro do meu Duffle Coat, pois tive que esperar horas no Hangar para apanhar a ligação. Mesmo assim não esmoreci.