sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Vão trabalhar!







malandros

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

lembras-te, Timor?

quão belos estavam o Maracangalha, o Bolama e o Draivimpe de smoking, um segurando a ventoínha que fazia esvoaçar o cabelos das Divas, outros conduzindo la maquina...
grande concerto, grande noite.


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

das guerras que ficam por contar ...

Quando chego a casa já o jantar se havia servido, há muito tempo. Nos dias comuns é a minha mãe quem primeiro chega do trabalho, mais tarde chegará o meu pai e quando finalmente cair a noite já todos nos sentámos à mesa, em família. Hoje, às 8 da noite, faltava eu.

Já ontem tinha chegado atrasado e fui por isso chamado à razão. Agora, olhando para os pratos já empilhados na cozinha, sei que não me espera nada de bom. Mas já estou preparado. Antes, durante as largas horas em que estive escondido na minha trincheira no quintal dos Moreiras pude reflectir demoradamente no assunto e em todas as suas possíveis consequências. É a minha mãe quem me fala agora, diz-me que não compreende como posso achar que eles não ficariam preocupados, que eu tão novo assim e ainda lá fora até tão noite adentro, ela mais de palavras já se vê. O meu pai, o seu olhar - e esse já me bastaria – leva-me à cozinha dependurado nas suas mãos grandes e em duas penadas chega-me a roupa ao pêlo sem mais nada dizer, que nada há para dizer. Lido melhor com ele e assim com isso. Vejo nisso um ponto final e apesar do ardor do correctivo dou-me por tranquilo ao presumir que nada se me aplicará em castigo.

Apresto-me para me retirar, em silêncio. Também eu nada tenho para dizer. Vim sabendo o que me seria devido, resignado já, e por isso abstenho-me de lhes explicar os motivos. Sei que nunca seria capaz de lhes fazer perceber o quão importantes tinham sido as razões do meu atraso. O seu mundo de adultos nunca compreenderia como poderia uma brincadeira de todos os dias afastar-me de um compromisso que eu estava farto de saber ser o único a cumprir em família. Mas sou ainda um miúdo, gosto de brincadeiras idiotas e ainda mal sei medir o impacto que as minhas reacções têm nos adultos. Ficaram furiosos de me ver assim, quedo e resignado, amofinado no meu silêncio sem sequer arriscar uma justificação. Quando dou pelo agravo, quando percebo que eles afinal entendem tudo isso como uma afronta, já é tarde demais.

Três dias de castigo. Três dias sem rua a seguir ao lanche. De repente tudo se esboroa em mim. Já não me sinto sequer no intervalo da guerra que vou ganhando lá fora e de onde vim herói e que há dois dias travo por entre os muros dos quintais vizinhos da Rua 5. A metralhadora que serrei e aplainei de um pedaço de porta velha, e que depois laboriosamente arredondei com a grosa que tantas vezes vi trabalhar nas mãos do meu pai, acaba por se dissolver em cima do baú de entrada nas lágrimas com que a minha vista se embacia. Subitamente compreendo que acabei de perder a guerra. Ninguém lá fora, se contado o sucedido, se comoverá com este meu destino. Por isso nem ponho por hipótese vir a justificar a minha desistência mais tarde. Nem isso provavelmente ficaria bem a um soldado.

G, a mais nova e mais dada das minhas três irmãs, vem sentar-se ao meu colo. Seco os olhos e é ela quem me faz levantar o olhar de novo. Estão ali quase todos os meus irmãos, mudos, até compadecidos comigo. Compreendo então que se eles existem então há quem saiba que eu não fugi da guerra que travava, que apenas fui impedido de a continuar. Outros, em situação equivalente, não terão a possibilidade de partilharem o seu orgulho com quem conhece todas as suas desventuras. Nesse verão, depois do castigo, quase todas as brincadeiras acabaram por ser trocadas pelas descidas endiabradas nos carrinhos de esferas.

Muito mais tarde, quando já em adulto me quiseram voltar a pôr a brincar às guerras, eu simplesmente recusei e por isso não me lembro de alguma vez ter voltado ao reboliço das armas e trincheiras. Mas dessa guerra guardo a percepção dos meus irmãos. De uma guerra que afinal só ganhei junto deles cinco. E de como é importante poder ter ao nosso lado essas pessoas especiais que sabemos estarão sempre dos dois lados da nossa realidade por mais anos que se estendam por diante de nós. Hoje olho para cada um deles e continuo a encontrar-lhes segredos que guardam de mim, das guerras que eu não pude acabar. Fico a pensar que cada um de nós, por mais distante que possa parecer, é sempre uma parte que pode contar ou calar do outro. E fico a pensar - e a pensá-los - na sorte que tivemos em sermos tantos … tantas partes de nós.

Abril de 2007

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O dia seguinte



Esta fotografia tinha ficado prometida o ano passado ao Benguela. Foi tirada no dia seguinte ao celebrado concerto dos Radar Kadafi e Mler if Dada na Aula Magna com grande presença Olivalense. Durante o espetáculo, o vocalista dos Radar levantou a perna com grande ímpeto num assomo de excitação e performance, e deu com o joelho no nariz. Este gesto teve resultados perniciosos e espetaculares que requereram tratamento hospitalar. Já não me lembro se cantou até ao fim do concerto ou se o espetáculo teve de ser interrompido. Alguns de vocês saberão. Mas lá está ele, a contar a aventura nas escadas, nos Olivais...



terça-feira, 14 de outubro de 2008

filosofia de ponta e mola
















Foi num sábado.
Ainda me estava a habituar a essa nova vida que era andar numa escola bem longe de casa e que me obrigava a andar todos os dias de autocarro durante hora e meia.
Quando chegava aos Olivais o coração apertava pois tinha de percorrer aqueles 300 metros, desde a paragem do 31, na cidade de Lourenço Marques, até à escola.
Será que conseguia chegar lá sem que ninguém me viesse acossar?
Tenho que admitir que nesses quase dois anos devo ter sido perturbado umas duas ou três vezes.
Mas a angústia era diária.
Foi num sábado, num dos primeiros sábados em que tive aulas, que ao sair da escola e ao dirigir-me para a paragem do autocarro encontrei no chão um canivete. O canivete da imagem. O canivete que me passou a acompanhar todos os dias enquanto fazia aqueles 300 metros. O canivete que apertava na mão, no fundo do bolso. O canivete que me iria salvar de quem tentasse perturbar o meu percurso do autocarro para a escola e da escola para o autocarro. O canivete que ainda hoje tenho e que me serve para abrir cartas e cortar folhas. O canivete que me deu a força para todos os dias percorrer aqueles longos e intermináveis 300 metros em segurança.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ciclos

















Comecei a frequentar os Olivais todos os dias quando ainda vivia no centro da cidade.
Foi em 1972.
Entrei para a Escola Fernando Pessoa para fazer o ciclo preparatório.
Horário da tarde.
Tinha de almoçar às 11:30 para apanhar o 31 e, depois de dar a volta a meia Lisboa, chegar à escola um pouco antes da uma da tarde. E ainda tinha aulas ao sábado de manhã.


No ano seguinte passei para a manhã, a escola passou a ser Damião de Góis e tinha de apanhar o 21 ainda o sol não tinha nascido.
Como colega tive a loura que "obrigou" o Fulacunda a passear o cão com uma regularidade pouco habitual.
E fizemos uma visita de estudo a Alenquer, terra natal do Damião de Goes.

Estas fotografias tirei-as em Junho de 1983.
Alguns anos depois a escola foi toda reconstruída.

sábado, 11 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

( )


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

vizinhanças

A pasta escondida


O pretexto foi a grappa mas aquela pasta acabou por inadvertidamente tornar-se a estrela da noite. É que as paredes da casa denunciavam a arte, o traço, o olhar. Vasculhámos à procura de sinais, rastos da evidência de uma expressão mais própria. Ele, o artista, tímido - tão acanhado que é impossível denunciá-lo - lá condescendeu em abrir o espólio. E lá de dentro saltaram esboços, cores, formas mais ou menos acabadas que nos seduziam.

Concentração máxima


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

janela, janela, assim de repente ...



... por mais que busque e rebusque, encontro esta, genuina, tirada de janela do quarto mesmo, sem rios nem lonjuras ou grandezas por paisagem mas, há sempre um mas, com dois ingredientes FUNDAMENTAIS naquela nossa infância: muro e amigos, pessoas que ainda hoje recordamos o primeiro e último nome, os primeiros e nunca últimos abraços!

vizinhas

terça-feira, 7 de outubro de 2008

vizinhos

domingo, 5 de outubro de 2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Limpeza de material de desenho

Para limpar borrachas, réguas e todo o material de desenho, utilizar tetracloreto de carbono.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

a janela aberta

...até hoje, a minha varanda, e será sempre a minha varanda, ficou por fechar, ela que estava sempre aberta qualquer que fosse a hora do dia e da noite à espera de um assobio ou qualquer outro código de acesso