terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Coisa de pro-Natal, cotovelos no balcão do Arcadas (o velho Tó, claro está), tudo ao bolo-rei e na visita aos velhos pais, quando ainda os há, carregados dos remorsos de já não se ser a fonte de problemas diários lá em casa. E, na moda do agora, olivesando. Já agora sobre o que dizer, do como dizer. Do cuidado com os textos escabrosos, dizem-me e eu cabeceio na anuência. Das opiniões de cada um sobre o que fazer. Mas nisto pouco há a acrescentar - ali a castanha chama-se caju, e é cara e bafienta, daí que se comem tiras de milho empacotadas e a cerveja não tem gás. Como desenvolver com este ambiente? Gente com registo diferente ligada por um velho bairro, alguns copos por vezes, e isto chega e de que maneira. Um perora sobre se é ou não diferente "conversar" ou "comunicar". Ele acha que sim, mas come tiras de milho empacotadas e bebe cerveja com pouco gás - e com aquele frio todo. De que interessa o que pensa um gajo com estes modos, resmungo enfastiado com este vizinho apesar de ter que o aturar.

Como vamos para o Natal repetem-se as cervejas, agora de garrafa, as putas das tiras de milho, e até chegarão alguns whiskies, sem soda claro, e também gente relapsa a olivesar, que não têm o registo próprio e isso assim, dizem. Como se este existisse. Insisto, o que me fica deste pre-natal olivesado é o aquilo dos textos escabrosos, assustarmos colaboradores, ferirmos susceptibilidades, espantarmos leitores. Enfim, esta merda de ser conspícuo geracional. Eu estou inocente, até aqui já pus a Bíblia e não era in-natal. Nisto ficou tarde, a "pastelaria" já quer fechar. Daí que, poucos, vamos para os caracóis, miserável sobrevivência do que in illo tempore evoluíu de "Mete Nojo" a "Pinto". Os caracóis, caralho, onde um gajo vai acabar a sua única noite de natal olivesada ... Vá lá que por lá ainda haverá um ou outro Ponderosa para apoiar um Bonanza desvalido com a idade, que não há reino que seja imortal e aquilo agora é uma merda de uma república de velhos. Ainda olivamos ali. No caminho, ali ao saudoso D. Rafael, cumprido que já foi o segundo de silêncio pelo velho Carregal, ainda pergunto nada escabroso se por acaso não haverá alguma brachola, até há, mas alguém se esquecerá de a representar naquele durante.
Afinal hei-de sair, pudera, que os dos caracóis já querem zarpar, assim para o trôpego. As grades dos maias são ainda verdes, mas esses maias foram espantados de vez, e não sei porquê, a casa de brasileiro antes de o ser está abandonada como sempre o esteve quando era algo, e depois foi lá um gajo dizer que era admirador do james eduardo de cook e alvega e tirou-nos aquilo, como se fossemos alemães, e do aquilo tudo fez o nada de hoje. Com as pontas dos dedos corro o gradeado como tantas vezes o terei feito, mas desisto, olho aquele vazio agora soturno e regresso na via do meu fiat, que há coisas que não são mais do que coincidências. Oscilo, e percebo que olivesei o que posso olivesar. "As coisas foram mudando", mais ou menos cantava um gajo dos velhos tempos - olivesa pouco, rapaz, diria ele hoje, e se calhar não está sozinho nessas lérias. Avanço então para a Rua, há luz em casa da Timor, do Xavi também, mais nada, mas não assobio a ninguém, seria escabroso repito-me ácido.
Subo, pé ante pé, não vá acordar os meus pais - e é só no corredor que me lembro que tenho lá também mulher e filha (já!?!?, ganda bandeira). Foda-se, por esta não esperava. Meia volta, abanco na sala em saudades dos tempos da nossa datcha, e assalto a garrafeira do pai António, esvazio-lhe o whisky velho - com um sentimento de culpa apesar de ter sido eu a comprá-lo. Depois, bem depois, um briol do caralho, vou pé ante pé, e nada escabroso, tirar fotografias ...


Ofertado à comunidade por a guy once known as Drinô, depositada na Gruta do Venâncio.

4 comentários:

Fulacunda disse...

isto sim, a entrar verdadeiramente em 2008. E é preciso vir um gajo de lá das áfricas para com uma mão aparar as coisas que ainda pairam, e com outra enxotar aquelas que se querem fazer mais altas que aquilo que verdadeiramente somos.
isto para dizer 3 coisas bolama: 1) estiveste bem, 2) este é o meu melhor post desta lavra olivesiera (e sendo opinião subjectiva isso nem terá discussão), 3)um bom ano também para ti pá, assim tão perto ao longe

Anónimo disse...

Bolama .... texto de arrasar quietudes, de ir com tudo, carregadinho de palavras que são palavras, que com suas letras dão murro na mesa... Li duas vezes, já volto para ler de novo !

Anónimo disse...

Recordama,
Super post!
É do camandro!
Lourenço Marques LogOut

Timor disse...

Que saudades desses assobios. Já tinha pensado que um dia escreveríamos um post sobre os assobios, o da nossa rua e os das outras. Tantas e tantas noites a vir à janela depois do assobio:
"- desces?"
"-'tá bem"
ou
"- desces? Já só falta um" (isto era para a canasta na gruta do Venâncio)
"-'tá bem"
E era capaz de reconhecer a tonalidade diferente to teu assobio, do Gino, do Barão.

Por essas e por outras é que só lia poesia na altura dos exames, mas isso fica para outro dia.

E haverá alguém mais técnico que consiga postar o assobio?