sexta-feira, 30 de maio de 2008

Calcantes com história e estórias


Ao rever esta fotografia recordei o período em que os ténis Sanjo detinham, o monopólio do meu calçar.
Foram certamente a minha primeira exigência com nome. A adolescência a tocar à campainha.
Foi o período em que o meu grande companheiro era o João Belo, das primeiras incursões pelas ruas dos Olivais. Guardo a imagem de uma das primeiras em que, pasme-se, chegámos à Cidade Novo Redondo. Esfumaçávamos Nobel e 2002 Control, num dos nosso territórios predilectos; a casa dos elevadores. Havia ainda os Kayak´s mentolados que, diziam, nos retiravam a virilidade, confesso que era algo que não nos preocupava demasiado, tendo em conta que ainda não vivíamos a sexualidade em dueto e tudo se circunscrevia a imberbes trabalhos manuais.

Por essa altura as “biclas” mal me chegavam às mãos, eram imediatamente despojadas de todos os artefactos desnecessários que no meu caso, para além dos guarda-lamas e guarda-correntes incluía os travões. Fazia questão de travar com os pés directamente nos pneus. Esta técnica, originava um traço oblíquo de desgaste na sola dos Sanjo que, percebo agora, era a causa da trajectória pouco ortodoxa que os meus “potentes” remates às balizas descreviam.

Do período Sanjo, recordo também o episódio em que estando os meus ténis, em adiantado estado de decomposição, esburacados na sola e na lona e amputados dos reforços de borracha dos tornozelos, foram interditados pela minha mãe. Azar da autoridade que não compreendeu a dimensão do “problema”.
Era necessário encontrar uma solução que me permitisse continuar a atravessar o Vale do Silêncio em direcção à Fernando Pessoa com os prestáveis Sanjo nos pés. E rapidamente se encontrou. Saía de casa com os sapatos “approved by mother” calçados, descia do 6º andar em direcção ao r/c e dirigia-me à arrecadação onde os trocava pelos velhos e gastos Sanjo que passaram desta forma cúmplice a “dormir fora de casa”. Na chegada a casa efectuava a operação inversa e assim, durante um período, se cumpriu o 2º dos R´s Reutilizar o resíduo.

Num certo Setembro viajei até Paris e de lá vieram aqueles que plantaram os Sanjo no jardim das memórias e cumpriram o período seguinte da minha adolescência, testemunhando, esses sim, alguns (poucos) duetos.
Foi o período Adidas STAN SMITH.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Olhó 4.44! meias, peúgas, elásticos prás cuecas, pentes prós carecas! ... (*)

Hoje vou falar-vos de uma experiência recente. Sobre amigos. Faz pouco tempo, em parte por culpa de uma brincadeira de blogs, acabei por enlear duas ou três ‘novas’ amizades à minha vida. Esta idade, não muita nem pouca, já nos vai ajudando a valorizar estas oportunidades em que vislumbramos em alguém mais que mera cara de circunstância – sim, que a amizade não é mais que isso, a oportunidade de podermos escolher com quem queremos estar. Claro que quase nunca declaro isto espontaneamente, “olha, hoje arranjei mais um amigo”, assim apalermadamente, mas devia fazê-lo, com a mesma pureza e descomprometimento que o meu filho mais novo o diz. Mas não, não chego tão longe, embora pela escrita por vezes o tente, com esta acepção sentimental que todos fazem questão de afirmar estranharem em mim. Ninguém está habituado a virar-se para o mundo e a declarar as suas amizades, ninguém está habituado a proceder deste modo, mas ainda assim não receio confessar aqui que vou mastigando, com alguma voracidade, as circunstâncias que nos últimos tempos nos têm juntado a nós, (neo)amigos.

Desenganem-se aqueles que já rasgam sorrisos a interpretar das minhas palavras um elogio anónimo. Recomponham-se os que porventura se emocionam com uma declaração que também partilham. Porque quando falo de amigos, mais do que reconhecer a sua identidade, trago deles o meu próprio território, essa zona que o meu ego neles anseia e onde eu próprio me aprecio melhor, eles nisso sendo o espelho da minha auto-admiração. É evidente que isso é egocêntrico (não o somos todos?), e que é cruel definir uma amizade apenas como um espelho polido de nós próprios. Mas haverá algo que mais enobreça o significado da amizade do que defini-la como um espaço partilhado onde cada um dos que nele concorre se sente a si melhor e maior? Que pode ser melhor em tudo que não nós mesmos? Reclamar das minhas amizades, esse espaço onde me sinto bem, é o maior elogio que posso fazer a algo que cada vez mais sei apreciar e àqueles que com a sua presença participam na minha vida.

E pronto, estraguei uma declaração sentida de amizade num acto cirúrgico de desmistificação onde no fim só sobro eu, e eu, e alguns nomes que me circundam e que nem levarei ao respeito de aqui identificar. Porque no meio disto tudo o que me importa não é definir a amizade, mas sim estas amizades que recentemente juntei e sobre as quais aqui comecei a falar. Há algo especial em ter novos amigos, mas há algo ainda mais especial em ter novos amigos que são nossos amigos de novo. Que quando reencontramos novos amigos que já foram grandes amigos há 25/30 anos não é preciso que lhes expliquemos o nosso 'todo' de novo, e mesmo que o devêssemos não haveria pretexto para isso, e mesmo que eu o pudesse fazer haveria de me virar para eles e dizer “um dia explico-te, temos muito tempo para isso”, ou nem isso diria, calava-me, sem receios de ser mal compreendido, ou de a seus olhos ficar incompleto. Há amizades que, por serem revisitadas, trazem-nos esta sensação libertadora de nos dispensarmos de explicar quem julgamos que somos. E eu sempre apreciei as amizades que têm densidade para poderem existir também caladas, sem esse receio de que a falta de sinais, a falta de comunicação, as deixe de justificar. Além disso, é óptimo olhar para uma cara amiga e em vez de explicar tudo desde o princípio poder simplesmente sorrir e dizer “vai tu!”. Sim, que a idade também se cansa nisso de repetirmos definições de nós.

Afinal é isso que eu queria dizer, é grato chegar a uma fase da vida e ter a oportunidade de fazer dos velhos os novos amigos.


(*) não é que importe muito mas ... o título deste post é a forma abreviada do nome de uma equipa famosíssima que quase chegou à final do campeonato mundial de futebol do liceu R. D. Leonor

terça-feira, 27 de maio de 2008

Recosto com Olivais ao fundo

é um daqueles dias em que me apetece existir para lá do horário normal desta vida quotidiana e a minha vida quotidiana é isto: abro a loja por volta das nove, meio estremunhado, a dizer disparates, gosto de começar o dia a dizer disparates, a falar uma linguagem inventada, a rir de olhos fechados, a fingir o fingimento e fecho-a cerca da uma e meia duas, às vezes três. e este recostanço no prazer que a vida é atira-me quase sempre para os olivais. imagino tardes esticadas nos cafés. uma sensação de lanzeira, de não fazer nada, de inutilidade. do prazer de arrastar o corpo entre as sombras do escasso arvoredo, é maio e lembro-me sempre de um maio solarengo, trengo, em podendo ser feliz. o que mais gostei dos anos oitenta foi esta sensação de que a vida é um passeio pelas horas de uma tarde, seja ela qual for. de que o tempo é meu, de que o tempo é nosso. quase nunca o é. por esse país fora ou adentro abre os olhos e vê, quase nunca o tempo é nosso. e isso vê-se logo pelo modo como vivemos. vivemos à semana, a maior parte de nós. temos as semanas dentro de meses e os meses têm um ano, um ano de cada vez, com subsídio de férias, mês de férias e subsídio de natal. mas vivemos à semana. cinco dias, cinco, para o patrão, dois para a família, os amigos, e, em sobrando, para uma réstea de gente que ainda nos habita. há variações, claro. alguns têm mais dias, outros menos. mas a gente vai por aí fora, tenta marcar um almoço ou um jantar de amigos e percebe que assim é, que assim quase sempre é. e assim é também globalmente. mais fuso menos fuso, o sábado é sábado em lisboa e em nova iorque, em pequim ou em bratislava, assim como o domingo o será no rio, na cidade do cabo ou em xai-xai. não somos contemporâneos, o mito da contemporaneidade já se fugiu como as areias da praia de são joão da caparica, uns de nós vivem no século XX, outros no XXI, outros no séc. XII, mas vivemos à escala global o mesmo sábado, o mesmo domingo, é uma proeza ideológica, um mundo que explode de diferenciação aguenta-se há alguns milénios a coabitar o mesmo calendário semanal. nunca ninguém me soube explicar muito bem porque é que isso acontece. e eu, quando comecei a abdicar das respostas alheias também não as encontrei por mim. quero dizer, há as respostas clássicas: a religião, os negócios. mas isso é ainda pouco. ou é pouco agora. tenho o corpo em festa. festa dos sentidos, o cheiro, este l'eau d' issey miyake que vem sempre em maio, a minha mãe pergunta-me, o que é que vais querer desta vez?, o mesmo que pelo natal, respondo, e assim é, há anos, gosto de colocar perfume em excesso, coloco-o para mim, sou o primeiro espectador do meu cheiro, festa dos sentidos, este ruído dos carros no tapete da rua da misericórida lembra-me o mar, depois as vozes dos colegas parecem-me as conversas das vizinhas, gosto de sentir que há gente à minha volta, até o silvado lento e tímido do computador se me assemelha ao chilrear dos campos alentejanos que ainda me zurze na cabeça, olho para o azul do céu e lembro-me do azul nas tardes do vale do silêncio, um dia, estava já nas aulas do josé manuel costa na nova, fui fazer de frederick eiseman para o vale do silêncio, horas e horas de cassete para trinta minutos de documentário. talvez um dia consiga trazer isso para aqui, é uma questão de formato, de formatação. é quase verão. apetece-me ir a jogo. poderia ter escrito e tê-lo-ía escrito com a mesma sinceridade, com a mesma autenticidade, estou farto de ir a jogo, mas escrevi, apetece-me ir a jogo. escrevi e inscrevi-me. ir a jogo numa tarde assim. já não apenas os olivais, a bucólica imagem dos olivais dentro dos cornos. este prazer hereje, sacripantas, é um pouco maior que um bairro, que uma cidade, até que um país. é o meu pequeno mundo.

sábado, 24 de maio de 2008

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A sopinha estava mais que maravilhosa


































(reparem na 2ª foto, o pavão que está em pé encostado ao poço a martelar a loiraça... calção justinho, meia branca e sapatinho como manda a lei...)

A sopinha estava muito boa...


Olh'ó Belo!





quarta-feira, 21 de maio de 2008


© pedro morais


para o joão belo

árvores da mesma família em terras de vinhedos e de poetas.
parabéns!






terça-feira, 20 de maio de 2008

Orvalho não enche poço.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

sábado, 17 de maio de 2008

Não há cá pão pa malucos










post 648


oliveiras em flor


quinta-feira, 15 de maio de 2008


nesta revista participam, entre outros:
André Lemos
Diniz Conefrey
Filipe Abranches
José Abrantes
José Carlos Fernandes
Pedro Leitão
Pedro Morais / Cláudia Santos Silva
Pedro Nora / Jessica Khane
Roberto Gomes / José Carlos Fernandes
Susa Monteiro

Os Pesados (versão ilustrada)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Os Pesados

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Nas artérias desta cidade
o homem dos ferrinhos trabalha,
suando pingos de limão,
panfleto, êmbolo, combustão.

Heróis e heroínas,
futuros pré-destinados
ter que levar
com os mais pesados

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(texto de Brozalho, feito em 1984, sobre um certo tipo de pessoas que circulavam pelo bairro)
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Ilustração ao post de cima






terça-feira, 13 de maio de 2008

O meu primeiro computador

Tinha 15 dias quando o levei a passear à rua pela primeira vez, a pedido, foi até casa amiga ali para os lados da Alameda… e ali está ele instalado, posando para a posteridade momentos antes de o confiar… à sua sorte!

Migas com carne do alguidar

Lombo, entrecosto e toucinho (de porco alentejano)
Banha (igualmente do bicho acima referido)
Dentes de alho
Vinho branco
Massa de pimentão
Pão (de preferência com alguns dias)
Sal

Corta-se o lombo aos cubos grandes, o toucinho em falcas e o entrecosto aos bocados. Faz-se um piso de alho a que se adiciona a massa de pimentão, o sal grosso e a golada de vinho branco. Envolve-se muito bem a carne com esta massa e deixa-se a tomar gosto pelo menos durante um dia dentro de um alguidar. Processo este semelhante ao temperar e maturar da carne para os enchidos, daí o nome de carne do alguidar.

Numa frigideira, na qual previamente se deitou uma colher de banha, fritam-se as carnes juntamente o restos da massa em lume brando. Depois de fatiar o pão, acama-se em recipiente à parte, vertendo-lhe por cima água quente de forma a ensopá-lo. Abafa-se um pouco.

Num tacho, de preferência de barro, deita-se o pingo coado da fritura da carne e o pão húmido. No lume igualmente brando, com uma colher de pau, vão-se batendo e enrolando as migas. Estas vão paulatinamente secando até ficarem em bola.

Serve-se numa travessa com as migas ao centro e a carne frita disposta em redor. Pode-se acompanhar e enfeitar com azeitonas, rabanetes ou rodelas de rábano.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Para o enjoo

Água ferrosa - Introduzir várias vezes um ferro incandescente em 1 litro de água.
- Ferver 1 litro de água com um punhado de pregos oxidados.
Deixar repousar durante 24 horas e decantar.
Tomar 2 a 4 chávenas diárias como remédio para o enjoo.

modesto contributo




domingo, 11 de maio de 2008

Os craques dos karts....

... and the winner is...
Não era suposto ser o Fula?!?!
Fulita e Vilo Pery




































Phonix, já não tenho idade pra isto...








































sábado, 10 de maio de 2008

Fomos poucos, mas bons...

Foi giro!

Gostei de ver gente que não via há muitos anos.

Foi engraçado ver em pista pais, filhos, tios e sobrinhos. Filhos lá dentro e pais cá fora, também houve!

O bafatense vencedor nunca lá tinha andado (grande prova!).

O Goa foi o 2º mais rápido em pista (grande andamento!).

O Barão da Bolama depois de ter ameaçado não aguentar o tempo todo, fez uma boa prova e até ganhou uma nova vida para não me deixar passar durante uma volta completa que por curiosidade até era a última... ehehehehe

O Goíto andou muito bem.

O Xai Xai teve uma estreia bem acima da média. Lastrado por natureza e desconhecendo o funcionamento/reacções daquelas coisas, esteve sempre na dele e espero que se tenha divertido.

O Moçamedes, o gajo mais fustigado no briefing, andou por lá a lavrar umas terras...

Espero que o Bengas se tenha divertido.

O Fulita acabou à frente do pai.

O Vilo Pery teve grande e importante claque.

O Fula, que fez as suas duas melhores voltas nos treinos em 48.207 e 48.209, diferença entre voltas que não é para todos, decidiu fazer uma pausa durante a prova. Uma vez que isto foi desorganizado para ti, espero que te tenhas divertido.

O Carioca Verde, o gajo mais penalizado em lastro natural, ficou mal disposto e só fez 14 voltas.

O Maralhitas, o caçula da coisa, só fez 10 voltas. Espero que não tenha sido por nada de anormal que se tenha passado em pista e que se tenha divertido durante os 25 minutos que andou lá dentro.










terça-feira, 6 de maio de 2008

Azeitonas ao volante!

Em contagem decrescente para o I Grande Vrrum do Olival, ainda há lugar a inscrições para quem quiser participar… pronunciem-se aqui.

A pedido de várias famílias, está confirmada uma corrida de...








... para o dia 10 de Maio (Sábado), às 11h30.


O local escolhido e reservado foi este:


















Cumprindo as regras de trânsito, coisa que até deve estar sempre presente, fica a aprox. 25 min. dos Olivais, no Campera (Carregado).

Quem já experimentou, sabe que é engraçado e quem nunca teve contacto com aquele tipo de coisas, é capaz de ficar a gostar... ou não!
Uma vez que a coisa está marcada/reservada e requer o mínimo de desorganização, para quem estiver interessado em marcar presença, é favor dizer qualquer coisa por aqui...