quinta-feira, 26 de agosto de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
Um bairro indo
sexta-feira, 30 de julho de 2010
O Capitão Nemo dos Olivais
Arrastávamos a adolescência até ao mais que se podia. Depois começaram as (e)migrações, a vida adulta há quem lhe chame. Alguns (e)migrantes calcorrearam estradas parecidas, outros pararam - por vezes - em entroncamentos comuns, matando sedes e fomes. Depois, em cada paragem, haveriam de narrar do onde e como de alguns dos outros, esses que haviam cruzado.
Mas outros, vários, seguiram lonjuras que os tornaram apenas passados. Agora, de repente, encontro rastos, melhor dizendo espumas, de um bem antigo parceiro. Percebo porque o perdera, que se fez Nemo, migrante nos fundos do mar. Parece ainda, diz na foto, que me atravessou as vizinhanças. Não seria de termos unidos as nossas "sedas"?
terça-feira, 27 de julho de 2010
Tantos graus à sombra
terça-feira, 1 de junho de 2010
Naco da década de 80
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Sons do bairro
No outro dia tirei meio dia de folga, para ir almoçar aos Olivais com a minha mãe e o meu irmão. Ela estava no curso de informática e eu aproveitei para dar uma volta pelo bairro. Bastou-me ouvir aquele sino para perceber que naqueles sinos meio mecânicos tinha ali uma história. Tenho o vício de contar histórias e as histórias que conto são isto: fragmentos de qualquer coisa que têm um princípio, um meio e um fim. Os sinos da igreja nova no meio de uma manhã no bairro para mim são uma história. O bairro do silêncio quieto e vazio, soprado pelo pouco vento que fazia, são também um fragmento narrativo. Tenho este vício. Lembro-me que um dia estava a trabalhar com as crianças no Bairro da Quinta da Calçada e estive entretido uma boa meia hora a inventar uma história a partir de um pequeno pau de madeira que escorria por um pequeno curso de água que a chuva improvisara. Tornou-se num barco. Transformou-se, como nós também nos transformamos com as histórias que contamos. Eu transformo-me pelo menos. E quanto mais as histórias são improváveis, mais me transformam. Por exemplo, aquela mulher que de repente entra na história pelo soar dos seus tacões, é uma pequena história que se cruza com as duas canadianas daquele homem que entra na farmácia. Ou com a bengala daquela mulher que sobe a rua. Quando os vi, pensei logo num reforço da história: e se eu fosse filmar o barulho da bengala? Ou das canadianas? Quando construímos personagens na Escola de Enfermagem há um pequeno exercício que costumo propôr: com os olhos fechados, vão ouvir o andar de cada uma das personagens que criaram. É um momento de uma grande simplicidade narrativa mas capaz de apaixonar aqueles aventureiros que comigo descobrem o território da criação de personagens. Por vezes, quando acabo as minhas aulas e conversamos sobre o trabalho feito, tenho o meu momento de verdadeira emoção: há um ou dois que descobrem o prazer de descobrir no outro uma história, de descobrir o outro enquanto história. Eu sei, este texto parece ter a doença daquela prosa muito excitada sobre objectos que do ponto de vista expressivo são uma verdadeira banalidade. O que é que isso interessa?
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Fado da Olivesaria
E cá está. Não sei se foi por influência cinematográfica do Jorge António que também passou por aquela noite, o filme, mesmo sem orçamento, fez-se. Em MP4, que é o formato da maior parte dos telemóveis e depois baixando o Pazera Free MP4 to Avi Converter 1.2 para podermos trabalhar estes ficheiros no Windows Movie Maker que já vem com o Windows ( Atenção: Quando convertemos para Avi os ficheiros ficaram sem imagem, só com o som. Deve-se converter para a outra opção disponível, MPG. ) . O bloguer está a aceitar até 100 MB por filme, o que é uma margem muito confortável. Fica o desafio para todos. A escrita de palavras nem sempre é o melhor meio de nos reencontrarmos. Peçam as vossas identidades de volta. Timor, queremos ver o Big Ben! Bolama, dá-nos um pouco da ilha de Moçambique, por favor! Rapariga que veio da província, Beira, não nos emprestam um pouco desses lugares bucólicos com oliveiras, nespereiras, alecrim, para refrescarmos os olhos cansados do cimento cinzento?
Os blogues são como os gatos. Vadios e com muitas vidas. As nossas vidas. E nós precisamos de um lugar para nos encontrarmos. Para encontrarmos o bairro, as suas imagens, que nos habitam. Já depois de termos saído da Casa da Mariquinhas fomos encontrar o Barão dos Olivais que quase julgámos tratar-se da verdadeira identidade da misteriosa Maria Correia, pela simpatia com que falou deste espaço. Afinal há mais gente para quem este lugar ainda faz sentido. Vamos lá, malta! Este espaço precisa de nós tanto como nós precisamos dele. Lembram-se quando pela sorrelfa da noite entrávamos pela nossa própria casa como se fossemos assaltantes e íamos buscar as chaves do carro da família, ou comida ao frigorífico, ou cigarros do maço de tabaco dos nossos pais, e descíamos até ao muro da entrada dos nossos prédios para prolongarmos um pouco mais a alegria de estarmos uns com os outros? Vamos fazer isso novamente. Não tenham vergonha! Entrem à sucapa nos quartos dos vossos miúdos e "peçam-lhes emprestados" os telemóveis 3 G com máquina de fotografar e filmar e saiam para a rua para serem os repórteres da Olivesaria. Este pequeno vídeo é apenas uma brincadeira entre amigos que gostam de se rirem uns com os outros e de si mesmos. Há tanta coisa que se pode fazer para trazer para aqui o bairro ao vivo e a cores. Uma entrevista. Uma conversa. O fado da Olivesaria.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
correio olivalense
Ainda assisti à parte final, com os "catrapilas" a alisarem os jardins,
que foram depois plantados com árvores (que agora tentam escapar ao
abate), e que eram nessa altura regados com mangueira e aparados com
gadanha. Por vezes também estrumados com a passagem de algum rebanho...
Vim para cá com seis anos, e passados quase quarenta e cinco (com
passagem por terras distantes no meio) cá estou, satisfeito por ter todo
este espaço azul e verde (céu e árvores),que já desapareceu da nossa
Lisboa."
JLF
quarta-feira, 21 de abril de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
ladrões de mergulhos
Ao princípio ia com o meu pai, lá pelas tardes caniculares de algum verão muito longínquo. Ia escuso, ilegal, mas aconchegado na presença dele. Acho que custava 25 tostões a entrada na piscina grande mas eu nem lá podia entrar que tão tenra idade não me permitia. Íamos então para a piscina das crianças, no terreno lá mais abaixo, para os lados do campo de ténis. Só que pouco depois lançávamo-nos os três pela rampa da calçada acima e esgueirávamo-nos por entre muros para a piscina dos saltos, a dos ‘adultos’. Foi lá que aprendi a saltar, primeiro da prancha de 1 metro, depois, valentão, seguindo o meu irmão mais velho, da dos três. Não sei que idade tinha, mas era tão novo que quase não sabia nadar. Lembro-me disto porque mergulhava de viés, para reduzir o caminho da água que após o mergulho eu fazia atabalhoadamente, quase sempre debaixo da superfície, retendo a respiração, que ali não podia trazer comigo as braçadeiras. Como disse, eram tardes clandestinas - embora disfarçadas pela presença imunizante do meu pai. Levávamos no tornozelo uma pulseira (dir-se-á tornozeleira?) de cor verde, que nos davam com a entrega da roupa e que se destacava das dos crescidos, que eram pretas, e era isso que evidenciava a minha presença furtiva na piscina dos olivais e tornava a tarde ainda mais entusiasmante, que ali se arriscava (a prisão, pensaria eu?), ainda por cima na cumplicidade do meu pai.
Depois cresci e já podia entrar na piscina dos grandes, só que aí já raramente ia com o meu pai. Mas muitas vezes não tinha dinheiro. Saltávamos então o muro junto à Av. de Berlim, escondíamos a trouxa de roupa no canteiro dos lírios e disparávamos pela relva fora até ficarmos fora das vistas. Já não usava a pulseira verde, mas por razões óbvias também não tinha a ‘legalizadora’ pulseira preta. Mais tarde, apesar de continuar a frequentá-la, deixei de lhe achar graça. Pode bem ter sido por se tornar uma fraca alternativa à praia (agora já alcançável) e às simpáticas companhias que ela trazia, mas provavelmente terá sido por falta dos banhos de adrenalina com que me habituei, em mais novo, nessa simpática clandestinidade com que nela mergulhava.
sexta-feira, 19 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
Quarto com vista para Santiago do Chile
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
e olha quem ele é!
(e retransmite-se na íntegra saudosa mensagem remetida para o email deste blog)
" Caros companheiros de aventuras futebolísticas sou o Toninho B
fielmente retratado no capitulo do Maracangalha, aquele grande mestre do futebol
o das botas ortopédicas.
No decorrer dos anos 80 iniciei minha vida fora de
Portugal passando por a França, África do Sul até ao Brasil onde resido
hoje em Brasília e onde aconteceu o principal evento, FUI PAI DE
TRIGÊMEOS.
Encaminho um grande abraço a todos e saudações,
Antonio Barrigana "
sábado, 23 de janeiro de 2010
Pó, poeira, livros, Olivais
Tinha ido ao lançamento do caderno de memórias da Isabel Figueiredo. Na Pó dos Livros. De repente percebo que o dono da livraria era o Jaime, que eu não via há milhares de anos, desde os tempos em que habitámos o mesmo bairro (onde a palavra pó tinha outros significados que não aquelas partículas que se alojam nas páginas dos livros). Desde as festas da garagem do Johnny, ou da Vila Catió. A fotografia é reles, eu sei. Os combinados, nos telemóveis, fazem de conta de que são um pouco de tudo, não sendo quase nada daquilo que nós esperamos que eles sejam. Mas são o que temos para agarrarmos no real e o trazermos para aqui, dizendo, olhem, é o Jaime. E saudarmos - nós que vimos aqui apalavrarmos a nossa identidade - uma vida ao pé dos livros.