Uma vez por ano tenho uma insónia e foi anteontem. Não conseguia dormir e tinha uma música na cabeça: Absolute Beginners do Bowie (nem sequer é a minha preferida e o rapaz até diz que Bowie só até 1976), mas o som ia crescendo e eu dei umas cotovelada ao rapaz a perguntar se ele se lembrava da letra e meio a dormir lá ma foi dizendo uns bocados. A música e o filme são de 1986 e da época que aqui andamos a evocar. E uma das coisas dos Olivais era a música (e devia ser também dos outros bairros, mas para o caso não interessa).
E lá passei parte da noite com canções díspares a assaltarem-me a memória:
- o Bobby Brown do Zappa que só lembra férias. Mas sobre o Zappa a autoridade suprema é mesmo o Beira que aparecia de vez em quando em Lisboa (isto depois de ter saído dos Olivais e só por força de grande amor) e ia lá a casa de cassete na mão, Zappa claro.
- Femme Fatale (versão Velvet Underground) cantada pelo Gino no Rock Rendez Vous. Não é justo que me fosse lembrar da única canção que não era original, mas era de noite.
- O disco Too Late to Die Young dos Departure Lounge, o único CD que comprei só pelo nome, mas com um passado tonto e adolescente como o nosso, quem resistiria ao título (o rapaz ainda me goza de vez em quando: “morrer jovem e de rosas coroado”, particularmente cruel quando estou vestida de fatinho do trabalho)? O disco é óptimo e acompanhou-me umas semanas do Verão em que nasceu a minha primeira criança.
- You Can Have it All dos Yo Lo Tengo que só pode ser escutado acompanhado de uma dança pateta que eu vi ao vivo na viragem do século.
Estava sem forças para me levantar e ir beber um leite com chocolate e devo ter adormecido. Mas ele há noites muito irrequietas, mas normalmente dou por elas e nem me apetece ir para a cama.
Venha a próxima lista olivalense.