domingo, 30 de setembro de 2007

Abrir o pano... ou como um olivalense perde os "três" nesta coisa dos blogues.

O Beira já me enviou o convite. Estou sózinho. Levanto-me da cadeira no 2º balcão. Desço as escadas até aos bastidores. Abro a porta. Entro. Estou sózinho. Quero abrir a cortina e pisar o palco. Estremeço. É a primeira vez. Dispo-me? Mascaro-me? Não tenho a lírica, a épica, ou a poética do Fula ou do João Belo. Procuro inspiração na TV. Kelly Slater, Bobby Martinez & friends, estão ocupados. Vamos a ele. Procuro a abertura e abro, trémulo, o pano. Estou sózinho. Ah! e a música? Não sentem necessidade? Descobri recentemente um acustico MTV da Gal Costa (eu que até embirrava com a personagem - preconceito contra mulheres feias) com músicas à "flor da pele". Acompanha-me. Já não estou tão sózinho.

Já agora e enquanto não começa o GP do Japão...


A Av. Marechal Gomes da Costa era um bocado diferente, certo?


Conheço um gajo que morou neste prédio, em que no 3º andar, havia um puto que se fartava de berrar...


O prédio do Tapia, em construção!


A futura Rua Cidade de Bafatá!


O prédio das "bananas"!

Já faltou mais para começar o G.P. do Japão...





© pm

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Cascas de batata




Podem utilizar-se como sementes as cascas de batatas com 3 a 4 cm e com grelos de 3 a 4 mm. O terreno deve estar bem adubado.






quinta-feira, 27 de setembro de 2007

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Umas e meias da tarde

Olho a foto que a Rapariga da Província colocou aqui e fico especado diante daquela mancha de realidade. A verdade é que vim ao blogue enquanto tenho que fazer um compasso de espera para a recepção de um documento de trabalho e assim, fico a marcar passo diante do êcran. O preto e branco da foto, que pode ter sido apenas o resultado da sua passagem por algum programa de edição de imagem, interpela-me. Tenho uma amiga que tem a mesma paixão que eu, embora ela lhe seja mais fiel: todos os dias o seu ofício é conservar e classificar as pequenas peliculas fotográficas do espólio de uma fundação que tem um património de imagens vastissímo. No caso desta imagem não a reconheço de todo e por isso não tenho aquela tentação de tentar perceber onde é que já vi aquela cara. É claro que os brincos e a blusa, poderiam ter os indícios de uma marca temporal, mas a verdade é que hoje absorvemos todos os estilos de época e o anacronismo das nossas actuais modas despistar-me-ía. Há algo no entanto que me perturba como se me quisesse contar uma pequena história (e deus sabe o que eu faço por uma história, seja ela qual for): o relógio de parede. Tudo o resto no enquadramento parece que tem a disposição de querer apagar as pistas. O olhar de lado, entre a pose, a surpresa, os braços cruzados, o sorriso hesitante, o próprio ângulo da casa. Excepto o relógio. O relógio é afirmativo, eloquente. Uma e meia. Seria uma e meia da tarde? Ou uma e meia da madrugada? De imediato deixo a foto e começo a pensar nas umas e meias nos Olivais. Quando penso nas umas e meias nos Olivais divido-me logo entre as umas e meias da tarde e as umas e meias da noite e cada uma delas me leva para uma viagem no tempo diferente. As umas e meias da noite nas ruas dos Olivais eram o território do vazio, da desolação, excepto à entrada de alguns prédios onde se juntavam os jovens e adolescentes, perto dos cafés fechados, e é a memória, como falava o PVG, da falta de ofertas culturais e de diversão de um bairro que a partir das dez horas (e isto no Verão) adormecia no seu embalo entediado. Não, prefiro as umas e meias da tarde, embora o exercício do recordeio vá mais atrás, quando vinhamos da escola e tinhamos a tarde livre para as nossas aventuras. Almoçava, ainda em família, ás vezes ainda com o meu pai, e depois santa vadiagem. Ir buscar a bicicleta à arrecadação, juntar amigos, fazer equipas, deixarmo-nos estar, ali, parados. Surtidas ao vale de silêncio. As fugas. O regresso à escola já não para as aulas, para flirtar, cravar um cigarro, esperarmos amigos, conhecidos ou simplesmente companheiros ocasionais do muro do pátio. As umas e meia da tarde, quando o sol varia mais forte, amolecendo o espírito. Paro. O que é que isto tem de tão especial? Em todas as ruas de todos os bairros de todas as cidades de todos os países de todos os mundos devem haver memórias de adolescências trincadas pelo sol, pelo vazio, pelo saboreio do não fazer nada. O que é que as minhas umas e meias da tarde têm assim de especial para além de serem minhas e de eu não as poder dispensar para contar uma pequena história, a minha ? A pergunta leva dentro o engano que a trai: parece que eu só as deveria contar se elas tivessem algo de especial. E não. Não existe nenhum dever na narração. Eu quero contá-las porque elas, mesmo sendo umas banais e vulgares umas e meias da tarde, me reconstituem enquanto história. Enquanto possibilidade de uma história. E quero contá-las assim, como se fosse um jogo de esconde-esconde. Com o mesmo decifrar e o mesmo apagar das pistas que tem a fotografia da rapariga da província que me entreteve neste compasso de espera em que aguardei a chegada de um documento.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

escritório !!



... provavelmente a sobrevoar os Olivais ! E com nativos lá dentro !!!

A vida continua...



...e descobri este índio que não me parece do Cambodja.
(ou deveria ser Kampuchea?)

Será que o autor ainda se lembra dele?

...

Já que ninguém se acusa eu digo:
É do Barão!
(ele é que era o especialista das coboiádas!)
(gostava da Comanche e desenhava apaches!)

sábado, 22 de setembro de 2007

Um Gajo dos Olivais

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

farnel !!!

Olivalenses estimados:

Se vierem a Londres tragam farnel, espalhem o odor a pastelinhos de bacalhau no Hyde Park, lambuzem os dedos de um franguito de churrasco em frente ao Buckingham . Agora, entrar num qualquer restaurante sem ser inventado pelos Americas .... NUNCA, ou NEVER como por aqui dizem!

Dois steackzinhos, duas colas e duas + duas bolas de gelado = 50 £, ou melhor ... 75 euros ! Querem em contos !!! QUINZE!!!!

Tragam farnel ! Nao eh proibido e os bifes sempre ficam a saber de onde somos !!!

GM


Av. Marechal Gomes da Costa
Junho 1983

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

É para os putos que não querem comer a sopa! *


f



" O Ai-Ai era uma das alcunhas, porventura a mais generalizada de Ricardo Santos Carvalho, célebre reclamista e vendedor de esticolicas (rebuçados estreitos e compridos) que percorria Lisboa com os seus pregões. Era um homem delgado, franzino. A sua fraca compleição não o impedia de palmilhar Lisboa de uma ponta a outra, principalmente os bairros populares.
Um dos seus pregões mais conhecidos era o ´"É para os putos que não querem comer a sopa!" o que ajuda a compreender o perfil deste personagem castiço, dando-nos conta, quer da sua língua afiada, quer do modo como era considerado persona non grata por muitos pais que pretendiam evitar o contacto dos seus filhos com esta figura.

O certo é que ele , que vestia sempre de branco, arrastava atrás de si a miudagem, que tentava roubar-lhe os chupas e rebuçados. Assassinado, ao que consta vitima de um assalto que lhe foi fatal, e que terá rendido meia dúzia de tostões, o Ai-Ai não tinha paradeiro conhecido, embora alguns dos habitantes mais antigos ainda afiancem que ele vivia para os lados do Pote de Água (Rotunda do Aeroporto de Lisboa).

Há também a indicação de que ele participou numa revista no Teatro Apolo (a "Bolacha Americana", onde se representava a si próprio), que estreou nos primeiros dias que se seguiram ao armistício que, em Maio de 1945, assinalou o fim da 2ª Guerra Mundial, e onde tinha como parceiros de cena, entre outros, Costinha, Hermínia Silva e Carmencita.

Outro personagem, o Urié, também existe no bairro dos Olivais, em Lisboa. Há muito que trocou a árvore pelos autocarros, a Carris ofereceu-lhe uma farda (o seu passe vitalício). Também nunca mais foi visto a vender jornais (do dia anterior) na Rotunda do Aeroporto."



*[Em 1990, na sequência de um trabalho de animação teatral com um grupo de teatro da paróquia de Santa Maria dos Olivais, resultou um texto, "É para os Putos que não querem Comer a Sopa!", que venceu o 1º Premio de Textos de Teatro do 1º Concurso Cultura e Desenvolvimento, do Clube Português de Artes e Ideias e do Instituto da Juventude, cujo título glosava um dos pregões mais conhecidos do Ai-Ai. Do pórtico desse texto - com autorização do autor - retiro esta pequena informação sobre os personagens "reais" daquela peça.]

Rua

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Febre...



...de Sábado à Tardinha, no Brown's!

Primeiro a performance, digna de um Travolta.

Depois a desilusão de não levar a taça para casa.

. . .

Mas ainda restavam umas festas perto do PAV!

Bolhas de sabão

Saturar soda cáustica com ácido oleico. Diluir 2 g desta saturação em 8 dl de água destilada e deixar repousar 24 horas. Depois juntar 2,5 dl de glicerina e 2 ou 3 gotas de álcali. Logo que o líquido assente, decantar.
Gaijas giras


Passar pelos trabalhos do linho




terça-feira, 18 de setembro de 2007

IDEIAS DE RUA

Texto de Paulo Varela Gomes
publicado no jornal Blitz
(em duas partes, a 16 e 30 de Abril de 1985)



. . . VER O RESTO > > >
. . .

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mexas

foto enviada por Lobita




Fazer uma mistura de pólvora com goma-laca e resina colofónica, diluídas em álcool. Mergulhar um fio grosso ou uma guita de algodão e deixar secar. A combustão será tanto mais rápida quanto menos resina tiver.






Kid


Aproveitando o enquadramento anterior, foto tirada mais ou menos no mesmo sítio.

foooo...


...foi este o desenho que inspirou o grafito, feito por desconhecido,
mesmo ao lado das escadas mais batidas da rua.

Há uns anos a boca de incêndio foi retirada e a rua perdeu um ícone!

Ficam as imagens.

Queques e ciganada

No outro dia, meio a brincar, ao falar dos Radar, disse que a partir daquele momento tinha, mentalmente, deixado de pensar neles como queques. A Rapariga que Veio da Província, também a brincar, pediu-me que explicasse. Ontem, ao ir aos Olivais, estava a olhar a Rua Cidade João Belo, o muro entre o 89 e o 88, e de repente comecei a povoar-me de imagens antigas.
Os prédios da Rua Cidade João Belo - aliás como todos os Olivais, por alguma razão a natureza interclassista dos Olivais é um même - eram um enclave entre as tijoleiras dos prédios em frente e as tijoleiras dos prédios detrás. Das tijoleiras em frente separavam-nos apenas uns cem metros de terreno. Víamos-los a olho nu, todos os dias. Ouvíamos os gritos da mãe do Abílio que quando se zangava punha o bairro todo em alvoroço. Víamos os irmãos mais velhos dos ciganos que conhecíamos. Os mais novos eram os mais perigosos porque atrás deles apareciam logo os calmeirões a defender a honra dos irmãos contra estes copileites que acham que podem tudo.

[Quando a coisa chegava à honra não havia nada a fazer. Assim o soube o Vitor, um cigano dos prédios em frente que me dava estalos, pontapés e eu nada, mas que no santo dia em que pegou numa daquelas flores que se assopravam e ficavam despidas, e me disse, o teu pai é careca, compreendeu que a honra de um copileite era tal e qual como a de um cigano, dei-lhe tantos pontapés antes de ele poder sequer abrir a boca de espanto e quando a abriu ainda levou com uma pedra da calçada no estômago, foi o meu tempo de glória na rua, depois esqueci-me claro, voltei a ser o mesmo copileite que era, excepto quando o pessoal do 88 e 89 se cansava da vida que levavam e me inventavam a mim cigano. ]


Nós nunca atravessávamos a fronteira imaginária que dividia estes continentes anões. Nós éramos os betos, eles eram a ciganada, que tinham vindo com as enxurradas das várias cheias de sessenta. O único que tinha licença de convivência era o Nilo - sem provocar debandadas gerais, do género, lá vêm os ciganos - um rapaz gago que tinha sido adoptado pelo João Cerejeiro.

Nem todos os ciganos eram iguais.


Os da frente eram ciganos doces. Eram uma ameaça sempre presente, mas estavam sempre à vista, não nos supreendiam, eram a nossa guerra fria. Piores eram os das tijoleiras de trás. Havia uma família de muitos irmãos, como os Jacós do Gordo - é curioso como esquecia os nomes, eles cresceram comigo e aterrorizaram muitos dos meus dias - que eram terríveis. Mesmo os mais pequenos assustavam. Eram uns pequenos bandidos. Desciam as escadas ao pé da igreja nova e de repente tinhamos de fugir para dentro dos prédios. E depois havia os tipos que nos metiam tanto medo como o homem do saco nas histórias de adormecer: a ciganada da aldeia dos macacos e do cambodja (Bairro do Relógio).

Fora estes universos bem delimitados em que os queques e os ciganos eram quase sempre os mesmos, embora com intrusões, lembro-me que fui colega na escola de um João que morava nas tijoleiras detrás e por isso comecei a temer apenas os tipos das tijoleiras detrás das tijoleiras detrás, e, ainda mais tarde - tal como o Fulacunda, o Kitos, o Chico Belchior e a namorada do tenista - fomos colegas do Subtil, do Ambrósio, e aí passei a ter uma ideia menos fantasmagórica do Cambodja, moravam lá tipos decentes e que até vestiam e cheiravam à beto (estávamos na altura do Aramis e do Paco Rabane), mas dizia eu, fora destes universos, ser queque era uma questão relativa.

Eu tinha vindo também da província e por isso quando aterrei na Rua Cidade João Belo a lista de favoritos já estava constituída. O meu irmão, já em Mafra era a mesma coisa, tinha sempre lugar cativo na bancada dos betos. Eu não. Eu era dos putos vadios, da chinchada aos figos no seminário, dos espianços no Quartel de Mafra aos namoricos das filhas dos oficiais, dos clubes do moinho velho e das lutas tribais nas tardes imensas no Rio Cego, sempre protegido nas brigas por ser o filho da senhora professora, mas um pivete endiabrado. Nasceu comigo, com a minha cor e confesso, nunca me amargou mais do que a conta. Lembro-me de quando o João Cerejeiro se virou para o meu irmão e lhe perguntou, virando-se para mim:


- Ele é teu irmão?

E o meu irmão a anuir com a cabeça e o João a responder:

- Parece cigano.


E parecia. Tinha a tez morena, na Damião de Góis chamavam-me o Yazalde, e logo aí me apercebi que ser queque não era uma condição, era um estado de espírito. Eu era meio aciganado para alguns tipos e era beto quando, numa qualquer esquina ouvia o temerário,

- Queque, bolsos!

Ser queque era por isso relativo. E claro, à medida que crescíamos eu cada vez me importava menos com isso. Ainda tentei levar a coisa a sério, com calça de fazenda à boca de sino, lois, lewis strauss e wrangler de ganga, sapato italiano ou de vela, pullower da woolmark à cintura, camisa azul, e claro, odores de Aramis, Paco Rabanne, mas como era o irmão do meio tinha de herdar a roupa do meu irmão mais velho e por isso eu estava condenado a ser sempre um beto fora de estação. Além disso eu nessa altura começava a estar completamente apaixonado pela leitura e todo o dinheiro que tinha era para correr à D. Isaura e à Belazé (confesso, aqui entrava também uma platonia acesa e conturbada pela Carolina, uma colega de escola que era filha ou sobrinha da dona)a comprar o último exemplar do meu Somerset Maughan na Colecção Dois Mundos e Livros do Brazil.
E, já não sei porque cargas de água, houve uma altura, ainda o prédio da rampa não estava construído, entrámos em batalhas campais com os prédios altos que descem o principio da lourenço marques do lado esquerdo. Eram guerras que nos ocupavam toda a tarde e que envolviam os três prédios da rua cidade João Belo. Já nem sei porque motivo foram, talvez fosse por uma disputa territorial de uma espécie de maracangalho que havia ali ao pé, só sei que foi coisa de uma semana, não mais. Mas nesse entretanto nós também provocámos o mesmo sentimento de insegurança nos putos dessa correnteza de prédios. As incursões eram sempre por nossa conta, os outros só queriam era estar sossegados. E confesso, só mais tarde, quando a ciganada dos prédios detrás - já sei, eram o Samuel e o seu bando - nos encurralou dentro do nosso reduto é que eu percebi que as brincadeiras com os prédios do outro lado da rampa não tinham tido assim tanta piada.

Ao chegar ao fim do texto percebo que este novo léxico urbano, copileite, ciganada, betinhos, queques, foi uma enxertia na linguagem que me ocorreu quando cheguei aos Olivais (eu sei, este post é grande mas agora só escrevo para a próxima semana!).

sábado, 15 de setembro de 2007

Munique


Lembro-me de uma noite com o Lobito, o Paulo Franco e o Gonçalo Marcelo, acabámos a noite na Cervejaria Munique (ainda), no Areeiro. Quando resolvemos voltar para casa, ninguém tinha carro, fomos para a paragem do 19 junto às bombas da BP. Já estavamos fartos de esperar, por uma questão de principio não se gastava dinheiro em taxis, aparece uma motinha que para ao nosso lado. Era o Nuno Pais com a sua casal de duas velocidades, tinha estado no Pote e voltava a casa. Depois de alguma negociação, para escolhermos os lugares (a boleia em si nunca esteve em causa), lá nos organizamos. O Paulo (o mais forte) no lugar do condutor, o Gonçalo (o 2º mais forte) à pendura, o Nuno Pais em cima do depósito a conduzir, o Lobito aos ombros do Paulo e eu (o 2º mais leve), em cima do farol traseiro com as mãos nos ombros do GM. E não é que o raio da mota nos levou até aos Olivais. Custou um pouco a fazer a subida do Relógio, à mota e a mim também. O Gonçalo teve de me agarrar as mãos que já não tinha força para me segurar. E pensar que o Nuno queria subir pelo Valsassina, que ela aguentava, subia tudo! Tá bem tá!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Maroc

Pessoal da Rua


Pencas, Xavier, Gravato e Lemos
(© Sandro, c. 1978)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

GIL AUTO STORY

1. Marcador: Iluminárias.

"Ui, do que malembram. Essa Zunlera verde alface, lembras-te moçâmedes, era o meio de transporte de vários ...simultaneamente. Recordo com alguma angústia o pessoal abancado em casa, já não sei de quem, em armação de pera, e a sair à noite, os três em cima de uma 50. O lobito na frente, um de nós nas mudanças, e o outro a cair do banco. Só que aquilo, apesar de ser uma 50 e alancar com os 3, não andava bem de luzes. E então era ver-nos a fazer as estradas do algarve, noite fora, e eu de lanterna na mão a alumiar o caminho: "olha lá, isto aqui já não me parece estrada", "então aponta mais para o chão", "fod****"

2. Marcador: Polícia de Segurança Pública

"estavas naquela vez em que vinhamos do summertime tb 3 na mota roubada às tantas da manhã e fomos mandados parar por um polícia ainda mais bêbado que nós? e o gajo a dizer que tinha de passar multa por não levarmos capacete mas que não sabia como o poderia fazer aos três, já que o código só previa duas pessoas por mota?
Quase ia acabando a beber umas jolas connosco ... "


3. Marcador: Rotunda do Relógio
"Este, volta e meia, tinha alguns episódios caricatos, como o de cair a matrícula... fomos para a praia, comigo no lugar do morto (uma das mais belas expressões da língua de Camões), de matrícula em riste, à espera de ter que a exibir em qualquer altura a um qualquer agente da autoridade - mas o que é certo é que em plena rotunda do relógio, na altura sem semáforos e cheia de polícias a controlar as asneiras alheias, lá passámos nós e eu de matrícula nas mãos e braços esticados para fora do carro para que se visse bem... "

[retirado daqui e dali]

M

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Aguentas-te à bronca?


Casal

Fulacunda, se estiverem a ser muitas fotos da Bolama, diz. Não te queremos indispor outra vez...

time to say ...



.... some words to you ... Olivais Sul !!



Melhor assim Bengas ? Cerveja com bagaço .. como pedido !!

Olivais à noite


© gino

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Líquido Decapante

Misturar 2,5 l de benzina, 1,5 l de álcool metílico, 7,5 dl de acetona e 10 g de parafina.





foto "gentilmente" cedida por FULACUNDA

olivais sul

Passou o tempo e o momento
Foram-se o cheiro e a côr
Não lembro das tuas roupas
Esqueci como sabias olhar
Para que me serve sorrir
Se não souber onde te guardei

E acordo então assustado
Quando te sinto sem aviso
Voltaste amiga, mas porquê ?
Diz-me que valeu a pena
Que não foste tu nem eu
Não partimos sem nos guardarmos

Que terra era aquela então ?
Onde te tive e guardei
Onde sei criança ter sido
Que me chama por onde ora ando
Onde soube ter encontrado
A resposta para me viver

Parti, parti um dia
Parti para lado algum
Fui apenas andando
Dar uma volta na vida
E volto hoje, volto sempre
Para te dizer que sou teu

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O primeiro milho...

Em homenagem ao Fulacunda e aos outros do bairro que jogavam râguebi (pelo menos um dos meus irmãos). Desculpem isto estar em estrangeiro (e não vou fazer disto um hábito), mas este artigo é muito elogioso sobre o esforço dos nossos rapazes e até nos dá o melhor momento do jogo. A despropósito, lembro-me que a primeira vez que me dei conta que estávamos a envelhecer foi quando os jogadores de futebol passaram a ser mais novos que nós.

"Scotland gain patchy win. Rob Dewey struggles through
Scotland managed to gain all five points from their first Pool C match against World Cup debutantes Portugal on Sunday, in a 56-10 win. Those who expected Portugal to wilt under the pressure of a side with significantly more World Cup experience than them were sorely mistaken.

Right from the anthems the signs pointed to a rousing display, full of courage and passion from the Portuguese.
Os Lobos positively belted their anthem out, while Scotland went about theirs in an altogether more sombre manner. That was reflected in the way they played for large periods. They did eventually run away with the game, but the performance will be of concern to coach Frank Hadden.
The early stages of this intriguing affair were dominated by Scotland, but too many basic errors cost them dear. Many expected the floodgates to open early, but despite an early brace of neatly taken tries from the impressive Rory Lamont, Scotland found the going tough.
The opening try demonstrated Lamont's power, while his second was a show of his pace, having fended off the last defender to race away. Both tries were converted and it seemed Scotland would kick on and rack up an impressive score. But Portugal had other ideas, despite a third Scots try, from hooker Scott Lawson after a clever cross field kick by Dan Parks.
With the majority of the crowd firmly behind Portugal they were brought to life with the most popular score of the evening. The crafty Duarte Cardoso Pinto, who impressed throughout, was able to free his arms in contact to find Pedro Carvalho who somehow squeezed his way over. The joy of the Portugal players was unbridled and the score was no less than they deserved.
Conceding a try straight from the re-start showed the frailty of this Portuguese side, Rob Dewey the benefactor, and again all signs pointed to Scotland finally getting into their stride. But again, back came the plucky Portuguese, and again they were rewarded again for their efforts. With Jason White being a little over eager to break from a defensive scrum he afforded Pinto another shot at goal. Again the little fly-half slotted the points.
A series of penalties, four in as many minutes, from Portugal resulted in a yellow card for João Uva as referee Steve Walsh finally lost patience.. The fact they did not concede a single point whilst a man down is a testament to their spirit, although some of the rugby played by Scotland in the same period was truly woeful.
Looking more relaxed with the ball in hand, and making their first time tackles count, Portugal frustrated Scotland for close to twenty second-half minutes. Yet, as expected, their legs began to tire, and Scotland found the going somewhat easier as they added four tries in the closing quarter.
But Portugal were not without their chances during this period, the most notable wasted by Carvalho, who dropped the ball with a three-man overlap begging. As it was they would fail to trouble the scorers again, not for the want of trying.
What will have pleased Tomás Morais is that his side did not simply gift Scotland tries. Each and every second-half try was a result of concerted pressure, with the Portuguese back row prominent in defence, and captain Vasco Uva playing the game of his life.
If Scotland harbour serious quarter final ambitions they will need to play with more structure and less wild abandon than they did here. Too often they tried to force the issue, not to mention failing to execute the basics of passing. On several occasions they lost all momentum in their attacks through poor passing as players had to check their runs to take passes behind them.
Having played two warm-up games and spent the last three months together as a squad there is no excuse for such rudimentary errors. Credit must go to the manner in which Portugal hounded the Scots; their defence was tenacious, if what a little scrappy at times.
For Scotland the main objective was achieved, a bonus point victory, but they will leave for Edinburgh with much to ponder. Portugal on the other hand emerge from a gruelling encounter with much credit and more than a few admirers of their passionate style.
Man of the match: Whilst Rory Lamont impressed with a two-try performance this award goes to Portugal. Despite a heavy defeat in their World Cup debut they had several star performers. The best of them was captain Vasco Uva, who never stopped working in both attack and defence and was the epitome of the manner in which Portugal approached this game. A superb display which inspired his team mates to follow suit.
Moment of the match: Call us sentimental but it has to be Carvalho's try, the first ever by Portugal in Rugby World Cup history, and a much deserved one at that.
Villain of the match: Nothing out of sorts from anybody, a good clean game."


a aula magna estava cheia e movimentada e, a um dado momento,
os rapazes desenrolaram uma tela azulada.

enquanto as belas se instalavam,
um outro rapaz segurou, com garbo, uma ventoínha retro que,
depois de ligada,
fez voar os cabelos da diva,
fez flutuar as longas écharpes,
agitou o público na sala.

(nunca mais esqueceremos essa noite)

um concerto único, memorável.



domingo, 9 de setembro de 2007

"Nós tinhamos o 21!"





Disse o Bafatá. E como esquecer este, de porta aberta?























Nomes que me acorrem como se a memória fosse um rio

Faltam-me as fotos dos Olivais onde me sobram nomes.
Ao ler o comentário do Marco e ao pensar que ele poderia ser aquele miúdo que quando jogava ao petróleo com o meu irmão se vestiam os dois de sheiks das arábias, comecei a imaginar o prédio por andares. O Duarte e o Zac moravam no sexto que cruzava com o meu, no quinto. Foi com o Duarte que eu soube o que era o 25 de Abril. Tinhamos onze anos, estavamos em 74, como é natural não percebíamos nada de política, não sabia nada do mundo - como se agora soubesse!!! - sabia que o João, o Tico e a Moscha traziam - com o primo dos Pachecos, o Xavier do 89 - histórias fantásticas das férias passadas em Espanha, onde um dos pormenores mais festejados era a mistura de Coca Cola, a verdadeira, com aspirina, a liberdade para mim era isso, o Xavier, a Moscha e o João a beberem Coca-Cola com aspirina. Um dia, no dia 25 de Abril de 74, há grande alarido na manhã informativa, está tudo em sobressalto, pergunto ao Duarte, o meu primeiro melhor amigo em Lisboa, da nesga da varanda de onde conversávamos horas a fio:

- O que é que há?

- É uma revolução.
- O quê?
- Foi o meu pai que me disse.- O pai do Duarte já tinha lido o Portugal e o Futuro de António de Spínola - Eu depois explico-te. Mas não há aulas.
- Não há aulas?
- Não.
- Fixe!
Saudámos logo ali a revolução por nos oferecer um dia de férias suplementar. Não sei o que fizémos. Eram dias sem fim. Tudo era novo. Ainda não tinha feito um ano que eu chegara ao bairro, viver num prédio, com elevadores, uma espécie de caixotes pequenos dentro da caixaria maior onde habitávamos, era estranho, eu naquele tempo ainda era todo falta e ausência do verde, do cheiro a estrume nos caminhos, da ordenha do fim da tarde, dos sinos do Convento a espalharem-se pelo povoado, das horas e horas e horas na Tapada de Mafra a apanhar castanhas bravas, a procurar a sombra de veados, coelhos e esquilos. Era por isso que, como uma esponja, absorvia tudo.

yerevan & olivais sul !!


Em pleno treino da selecção, bem longe na Arménia, fumo uns cigarros e confirmo como até por aquela terra já mais asiática que europeia o tal de Cristiano deixa o povo a olhar para a Lua... Aproxima-se alguém e:

- Mas tu és irmão do PP, não és ? És dos Olivais .. !

Sou ! Aqui e no mundo inteiro, sou, fui e serei sempre daquela terra mágica ! Onde gentes de todo o lado criaram o seu bocado de terra na Terra! Único ! Especial !

Os americanos copiaram-nos e fizeram algo parecido ! NY ... Mas não tinham o Vale do Silêncio, o Ferrador, o Gordo, o Tó e o Cheira Mal, o Pão de Açucar, o Largo das Mamas, o Maracangalha ou a Damião de Góis, os Viveiros, a Piscina, a Policlinica com vista para a Cambodja Fair. Nem o 10, o 19, o 21 e o 31. Ou o 34 para Chelas!

E nós tinhamos !!

Vale do Silêncio






i

k

n

Viemos passar uma tarde aos Olivais. Ele entusiasma-se cada vez mais em saber dos sítios onde o pai viveu quando era pequeno. Primeiro decidimos ir fazer um piquenique até ao Vale do Silêncio. Ao chegar lá percebo que os poucos equipamentos desportivos estão vandalizados, inoperacionais. Tudo ali respira abandono. Não há nada, senão aquelas mesas de piquenique à entrada do vale, que qualifiquem aquele espaço verde e que lhe acrescentem algo ao que havia há vinte e cinco anos. Custa explicar a um miúdo o desleixo público. Passamos uma hora e tal a jogar à bola e depois voltamos. O Vale continua a ser um parque verde apetecível para a prática do desporto, das caminhadas. Mas falta-lhe tudo. Renovação dos equipamentos desportivos. Limpeza das matas. Arranjo dos bebedouros, do chão circundante aos mesmos. E já não falo de uma esplanada. Nem de actividades lúdicas, culturais e desportivas para miúdos, graúdos, seniores.

sábado, 8 de setembro de 2007


as raparigas dos olivais que eu visitava eram muito belas.
os rapazes tinham para com elas uma cumplicidade
que se imaginava velha, velhinha.
e indestrutível. (invejável)
elas, fatais, sabiam-no.


Olivais, o crescer das árvores



Estas árvores são mais novas do que a minha passagem pelos Olivais. Apercebo-me que o tempo mudou porque elas cresceram onde antes só havia tojo, relva rasteira rasgada pela peladinha do fim da tarde. Vim parar à rua cidade joão belo em 1973, vinha de uma vilória saloia a mais ou menos quarenta quilómetros da capital. Os meus primos moravam na bafatá, a minha tia dava aulas perto da minha casa, no grande que a cidade era para um campónio - e eu, por mais cidades cosmopolitas que venha um dia a conhecer hei-de ter sempre um espírito de campónio por todos os dias da minha vida - havia traços de familiaridade. Mas não foi fácil adaptar-me nos primeiros anos. São conversas para outros posts. Saí dos Olivais em 93, vinte anos depois. O tempo das árvores crescerem.

Olivais tem mais encanto, na hora da recebida....






redjan is gone !!!




Para que se entenda o triste e cruel fim que reservamos a quem posta com nomes esquisitos, juntamos imagem elucidante, mesmo que esta p ... de palavra não exista !!... Poor Redjan. Não é que Red não seja uma côr do best ... e Jan 50% de um nome respeitável. Mas postar aqui com esse nick ? NEVER!

Redjan is gone ... BAFATA FOREVER !

Esclarecimento!

Tenho a esclarecer que somos uma sociedade secreta.

Não entra qualquer um.

Temos uma conduta exemplar (salvo alguns amuos).

Raparigas são sempre bem-vindas.

O nosso humor é agreste mas respeitoso.

Não damos bola aos "media".

Uns gostam de futebol.

Outros de inquéritos.

Outros ainda de partilhar receitas.

Outros ainda mais de dizer palavrões...


Vejam como se desenrolam as nossas reuniões:
-sempre numa língua que ninguém entenda
(mas com sotaque irrepreensível)
-sempre bem vestidos que não somos vagabundos
(vestidos por José Luís Barbicha)
-todos falam mas só os administradores decidem
(e por vezes decidem ir embora)

Na imagem a última reunião. Sem a presença do Fulacunda:
© Georges Remi

Casting

© Georges Remi

Um candidato a postar no Olivesaria a tentar ser admitido.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

meninos d'oiro

Hummmm !



Mas eram os dois dos Olivais ? Parece-me que o moço ao lado do Bafatá era mais lá do Norte ! Parece-me !

Bafatá