segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
domingo, 30 de dezembro de 2007
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
domingo, 23 de dezembro de 2007
Oliveira de Natal
Convidou-me a sentar e abriu um velho livro, de cor e odor azeitonados. Era meu e já não me lembrava. Ofereci-lhe incontáveis serões de memória que me transportaram às fundações de mim. E dos outros que comigo dividiram o ferro e o cimento.
Um dia ofereceu-me papel e lápis, perguntei-lhe pela borracha e explicou-me que se deve deixar correr o fio das palavras directamente do coração, sem emendas, sem verniz nem camuflagem. Sábio conselho que nos deixa nus no meio da praça. Expostos, mas totalmente NÓS. Ao desafio disse sim e lá fui contando àquela oliveira de longos ramos pretos, algumas das nossas estórias, outras vezes revivi os muros e as escadas onde até o nada era tudo, falei-lhe das homenagens à flor da pele a velhos amigos com camarote vitalício dentro de nós.
Não é um livro acabado, apenas está escrito até metade, o resto são páginas em branco que escreverei com novas estórias. As páginas em branco dos livros são o futuro, não se devem usar para voltar a escrever o passado.
E os dias na companhia da oliveira continuavam. De costas aninhadas no seu tronco, abrigava-me na sua copa e dividíamos estórias e segredos. Contou-me que um dia se enamorou por uma nuvem. Da transumância das nuvens sobreveio um olhar, uma nuvem parou e olhou-a de um modo diferente do habitual. Tinha a sensação que a olhava debaixo da pele. Nunca nada se fixara nela assim. Estavam neste estado de flutuação quando apareceu o vento. Dominador e zeloso da ordem das coisas, apontou à nuvem o seu caminho. Nesse dia, a oliveira entendeu que, ao contrário das pessoas, nunca poderá escolher o seu caminho.
Um dia, aproximou-me dela e contou-me um segredo. Tinha vindo para o Natal. Amiga do pinheiro que enfeita os natais em minha casa, pediu-lhe para que a deixasse substituí-lo. E assim, neste Natal, é a oliveira de longos ramos pretos que com as suas azeitonas multicor, nos faz companhia e protege as ofertas que a seus pés se abrigam.
A todos um bom Natal! Hoe! Hoe! Hoe!
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Atão, coméqué?
Celestino
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
o burro dos olivais
Um dia, no balanço que normalmente se fazia ao jantar lá em casa, acabei por referir que “estivemos a passear com um burro”, meio a medo de que disso me viessem a proibir, meio excitado por me atrever a contá-lo. Mas eles sorriram, achando graça a tanta imaginação. Tornou-se assim um lugar comum ao jantar, eles perguntando sobre o “e o burro, hoje”, e eu lá contando os últimos episódios. E depois eles entreolhavam-se, sorrindo. E lá fui desembrulhando a história, todos os dias um pouco. Confiava-lhes que o tínhamos encontrado num baldio, e identificava o lugar com rigor, ali perto de casa, sítio comum num bairro em construção. E todos os dias eles ficavam a saber um pouco mais do burro. Sabiam que se chamava Celestino e normalmente era já assim que me interrogavam no inicio da conversa, “então e o Celestino, está bem?”. E desenrolava-se mais um pouco daquela história, ouvida atentamente quando lhes contava como todos os dias o íamos buscar a uma estaca, num descampado de chelas, (onde anos mais tarde se montou a escola do 12º ano), e como ele já nos tinha ganho confiança, seguindo-nos, já nada renitente como da primeira vez. E perguntavam-me se ninguém achava estranho, andar assim com um burro em plena cidade. Eu não lhes percebia a estranheza mas sempre lhes ia confidenciando que por acaso naquele dia tivéramos de fugir a um polícia que nos chamava ao longe, e de como tínhamos conseguido esconder o Celestino por trás do prédio da drogaria. E lá iam escutando tudo com algum encanto, deliciando-se nos pormenores, no nexo que todas as descrições faziam, naquela história de um burro com um bando de miúdos numa cidade que todos os dias se prolongava um pouco mais. “E que come ele” perguntavam. Aí interrogava-me também, pois que nós pouco lhe dávamos, mas que com certeza o dono, o homem que o tinha preso lá na estaca, no baldio, havia de tratar dele, quando nós por lá o deixávamos ao fim da tarde. Por vezes a minha mãe achava-nos algum exagero já, “que também não é preciso andar com o frasco de mercurocromo atrás, que podem bem brincar sem essas coisas”. E eu lá lhe explicava que era para curar uma chagazinha que o Celestino tinha por baixo da perna esquerda. Acabava por condescender, já sorrindo com avisos de cuidado.
Naquele verão, todas as tardes a seguir à escola lá íamos buscar o Celestino, e com ele passávamos aquelas horas que se estendiam até ao lanche. Ele seguia-nos, já naturalmente, dando as mesmas voltas, quedando-se quando nós nos sentávamos em alguma escada, seguindo-nos as brincadeiras com a cabeça, e por ali ficava no ócio connosco, com aquele olhar meigo, tendo-nos como companheiros. Depois vinha o lanche, outras obrigações, e lá o íamos deixar preso à estaca de novo, já com saudades, inquietos pelo dia seguinte.
Uma noite viram-me tristonho, e já na sobremesa questionaram-me. “Foi o Celestino dizia-lhes, já lá não está. Tenho medo que tenha morrido”. E eles entreolharam-se, inquietos, sabendo-me magoado: “deixa estar, olha porque não passam a brincar com leões, ou veados, hás-de ver que hão-de encontrar outro bicho”. Nunca mais voltámos a ver o Celestino, aquele burro velho e meigo, e as conversas ao serão acabaram por deixar de o trazer e de perguntar por ele.
Ainda hoje me lembro dos seus olhos tristonhos, aquelas pestanas enormes, a mansidão com que matava as horas da tarde connosco. E ouvia os meus pais contaram aos amigos, aos meus tios, da imaginação com que eu durante dias a fio, trouxe o Celestino para as conversas do jantar. Nunca os contradisse, nem mesmo em adulto. Afinal, que importância teria ser fantasia ou realidade.
Hoje, quando por lá passo, já não há baldio nenhum, nem um bando de miúdos e um burro. Há apenas pressa … e o Celestino, quase que piscando o olho.
[este post foi publicado em 14.12.07 pelo Fulacunda e republicado hoje, depois de composto com a fotografia enviada pela Intrusa.]
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
de todos .. e para todos !
E porque o Natal é quando um homem quer, mas apenas nos lembramos a partir de Dezembro e suas luzinhas , porque é quando se esquecem de nós que mais nos lembramos dos outros, porque é dificil de acreditar que há pessoas sem mundo e este mundo sem pessoas, porque é bom saber que pertencemos a algo e que esse algo tem nome de gente, de bairro, de amigos, porque somos dos Olivais e isso vê-se logo, porque tenho saudades de vos ver ....
A todos, um bom dia, uma boa semana, um bom mês e ano, o que passou e o que se lhe deve seguir. E que na noite de 24 caia o casaco ao Velho Barbudo, se estatelem as renas numa fogueira gigante e assim possam alguns esquecidos ter uma consoada com menos frio e fome. E que nos perdoem, aceitando a mão que muitas vezes, em tantos outros meses, esquecemos de estender!!
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O Dia do Senhor Cozinheiro
domingo, 16 de dezembro de 2007
sábado, 15 de dezembro de 2007
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
1 milhão...
...de beijos ( ou mais ) terão sido dados ( ou ficado por dar ) naquelas caves da Catió, ou noutras caves ( ou varandas, ou quintais, ou garagens... ) de outras ruas deste mesmo bairro...
domingo, 9 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Lá vai o Barco à Vela
No tempo em que a Fernando Pessoa ainda era entre a Bolama e a Praia, em que o Tosta ainda não existia, em que o Pinto ainda era mesmo um Mete Nojo, os nossos dias centravam-se na periferia da Lobito. Ainda não havia grande interacção cultural com o lado da Bolama, e as hortas eram a maneira mais rápida de descer do 21 e vir para casa, ou para atravessar até às vivendas da Margão.
Muito do nosso tempo era passado nas escadas dos prédios circundantes. Lembro-me quando o (mais tarde) ginásio, perto do Tosta, era um “supermercado” com quatro pisos desnivelados. No piso mais fundo eram as prateleiras dos chocolates, e tantas vezes lá fui fazer recados à minha mãe, que acabei por ser apanhado com uns chocolatitos nos bolsos. Tive de estar à espera, que ela viesse ver porque me demorava tanto, para me deixarem sair. Depois disso não voltei lá mais (feios…).
Mas não era esta história que queria contar. Outra grande parte do nosso tempo era passada a jogar à bola. Os dois para dois, os três para três até aos quatro para quatro eram jogados na relva pequena, atrás do Mete Nojo. Quando o número aumentava tínhamos de mudar de campo e passávamos para o campo ao lado que acabava em bico, junto ao Tó, com a rede do colégio a atazanar tudo o que era mãos, sapatos e até roupa.
Um dos nossos amigos de então era o P*inho, tinha um sentido de humor que não fazia rir muito, não tinha queda para desportos, não me lembro de o ver jogar à bola, mas fazia parte da malta. No entanto, já naquela altura revelava uma atracção por coisas um pouco mórbidas, e tudo indicava que iria ser médico, chegou a carregar a alcunha de “Esculápio” durante uns anos.
Desculpem esta introdução, mas a história que aconteceu, foi dentro do prédio onde ele vivia e estávamos só os dois, e eu não consigo vislumbrar que assunto poderíamos ter em comum para que essa situação ocorresse.
Uma das particularidades desta família era ter um animal de estimação que se chamava Dingo. Era um cão rafeiro e pequeno, mas era tão mau que era comparado, na altura ainda não havia os programas sobre a natureza que há hoje, ao famoso diabo da Tasmânia (afinal é bicho pequeno em vias de extinção que só come carne morta).
Mas este sacana era mesmo mau, mesmo quando arrastava o pai à volta dos canteiros de relva, de cachimbo e a cabeça de lado (tinha um problema numa vista), nunca nos chegávamos a ele. E as vezes que íamos a casa dele ainda era pior, era preciso fechar o animal e mesmo assim ficar em alerta, não fosse ele encontrar outra maneira de chegar até nós.
Como dizia mais atrás, aconteceu um dia, estarmos os dois juntos com a besta (a trela era posta ainda dentro de casa), no patamar do andar onde eles viviam e íamos descer no elevador para passear o cão. Entramos para o elevador e o P*inho lembra-se de qualquer assunto pendente, com outro morador do andar de cima, e carrega no botão para subir. Quase de seguida começa o cão a ganir e as patas a esgaravatar, olhamos para o chão e depois um para o outro (ele com uma das pontas da trela na mão), o cão tinha ficado do lado de fora do elevador.
Entretanto estávamos no andar de cima, carreguei para descer, e vimos do outro lado do vidro, o cão a descer também ao longo da porta, toda molhada, sempre a esgatanhar e a ganir.
Nessa altura a minha vontade de rir era tanta que já me custava a conter, mas quando saímos do elevador e percebemos que com o susto o animal tinha mijado a porta, o chão e pouco faltou para fazer o mesmo ao tecto, não me consegui conter.
O nosso amigo ficou de tal modo aflito que só pensava na sorte que tinha, porque só dentro do elevador é que se tinha lembrado de ir ao piso de cima. Como morava no 4º imaginam como teriam ficado as paredes nesse andar se tivéssemos ido directos ao r/c.
Confesso que, depois deste episódio, nunca mais consegui olhar para o cão sem sentir um misto de pena e de gozo, mas pelo menos grande parte do medo desapareceu.
A moral da história é que, chuvas em Setembro, Natal em Dezembro.
A dignidade da vizinha é muito pior caminha
Ou
Caminha com Ela
Maior dignidade tem aquele
Por talvez lhe parecer pouca
A usa como um sorriso na pele
E uma amável palavra rouca
Do que aquele outro ali
Por se inchar com pompa
Passe longe ou passe aqui
Em passando, nos afronta
Se hà moral, é em poder
Em dia de infelicidade
Qualquer um perder
Sobranceira dignidade
Se tivesse três pernas
E fosse um pouco tolo
Em dias de diarreia
Cagava um pé todo
De súbito as coisas foram passando a memórias. Alguns andavam ufanos com isso. Ou se calhar em alguns dias andava-se ufano com isso. Tudo estava a ser possível. De quando em vez, por alturas do final do ano, em quase natal juntava-se a quase família, como se manos ou primos afastados, amantes ou cunhadas desavindas que fossem, simpatia ou (até) enfado mútuo. Era quase natal. E comia-se. O sempre anfitrião, gente de vespa verde, era ritualmente massacrado pela falta de qualidade das farófias, dos sonhos, do peru ou do bacalhau. Amuava - não percebia que na quase família se diz mal, sem cerimónia, ritualmente. Ou amuava - porque na quase família se amua, sem rebuço, ritualmente. Porque é direito.
Tenho saudades de uma noite de inverno lisboeta, fria, chuvosa, ventosa. E de nessas noites, dessas que parecem opressivas, ir comer mal à Rua João Pereira Rosa. De ser quase novo, com a quase família, já a trocar recordações.
O primeiro beijo
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
carro com raparigas
excerto encontrado em oliveira de natal !
A época. Alguns não gostam... outros adoram!
P’ra uns o Natal é…
presentes, papel de embrulho, fitas e fitinhas, o dourado, o prateado, o encarnado e o verde, a árvore artificial, as grinaldas, as meias na chaminé, as estrelas e as bolas, o frio, o gelo e os bonecos de neve, lareira, a lenha, as mantas, as camisolas, as golas brancas em vestidos… que picam, os sapatos novos, casacos, luvas, o cachecol, as pantufas e as peúgas o stress das compras, as lojas de trezentos, velas, laços e brinquedos, jantares, festas, os amigos secretos, comidas e bebidas, os doces e os amargos, as nozes e as avelãs, os figos, as amêndoas, os pinhões, as pinhas, o musgo, o azevinho, o bolo rei e rainha também, a fava, o brinde, os frutos secos, o açúcar em pó, a gila, o Kompensan e os sais de frutos também, o chá e o café, as filhós e as azevias, fritos, cozidos e assados, o bacalhau, as batatas, as couves, o azeite, o perú, os chocolates, os sonhos, a missa do galo, o padre, o coro, o presépio, os reis magos, a vaca, o burro e as ovelhas, o pastor, o anjo, o Menino Jesus, a Maria e o José, a cabana, a estrela guia, o ouro, o incenso e a mirra, o pai natal, a mãe natal, os duendes, o rudolfo e as outras renas também, o trenó, a lapónia, as barbies e os nenucos, o x-man e o homem-aranha, carros e carrinhas, as pistas, os triciclos e as playstations, computadores, agendas, o final do ano, as fotografias, a televisão, o natal dos hospitais, a “música no coração”, o “assalto ao arranha céus” e o “sozinho em casa” 1…2…3…4 e não dá mais porque não fizeram o 5, as luzes, os sinos, o jantar, o almoço, os biscoitos, as fériase os feriados, os desejos e pedidos, a consoada e a ceia, os postais, as cartas e encomendas, os selos, os atrasos do correio, as saudades, a alegria, felicidade, amor, surpresas, viagem, o ir à terra, passeio, as malas, os aeroportos e os aviões, a ansiedade, a meia-noite, os filhos, o marido, a mulher, a mãe, o pai, os irmãos, os avós, os primos e tios, o sogro e a sogra, cunhados e sobrinhos, os vizinhos, os amigos e as amigas, as decorações, as lembranças e as recordações, os reencontros e desencontros, a cozinha, a loiça e as travessas, tachos e panelas, as receitas da avó, o dia de reis, o dia 25 e o 24 também, roupa nova, chuva, vento e sol, a tia chata, as velhas histórias do avô e da avó, os olhos brilhantes e a alegria dos miúdos, o circo e as pipocas, as ruas iluminadas e a música na baixa…
Para mim, também. Não é confortável?
Lobita e Cia
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Outras visitas à esquadra
Outras visitas mais curtas tiveram lugar durante um período no Dom Dinis. Vinhamos todos à hora de almoço no autocarro 50 que ia para Algés. Autocarro apinhado, tudo na gritaria e havia por vezes alguém que acendia um cigarro ou uma ganza o que irritava de tal forma o condutor (seria sempre o mesmo?) que este fechava as portas e arrancava, só parando à porta da polícia onde desembarcávamos todos a rir. Era uma manobra de diversão jeitosa para o pessoal que morava nos Olivais, pois a esquadra era uma paragem muito mais central que a do 50.
Por vezes a esquadra ainda foi útil. Regressando de saídas à noite já tarde, por duas vezes fomos seguidas por outro carro e, não querendo arriscar parar à porta de casa nessas circunstâncias, lá fomos directas até à esquadra, que como ficava num largo sem saída não dava jeito a quem andava supostamente a perseguir um carro com raparigas.
A casa dos carecas I
Na primeira visita descobri que se encontrarem dinheiro na rua, não o devem ir declarar à esquadra pois parece que o tesoureiro da fazenda pública precisa dele. Ao achador está destinada uma pequena percentagem. Pelos menos assim era nos derradeiros dos anos 70.
Perguntas tu ilustre olivalense blogoleitor(a): mas porque razão se chega alguém à casa dos carecas e anuncia que encontrou uma nota de 500 melréis?
De volta à estória, tudo começa com o meu xairmão a encontrar no chão da nossa rua uma linda e maravilhosa nota de 500$00. (Finais do anos 70 para os que quiserem fazer a correcção monetária). Este feliz acontecimento foi partilhado por todos os que estávamos no muro, autóctones e indígenas de outros arruamentos nomeadamente bafatás e porto amélias. Por essa altura uma especialmente bela, joão bela, alcunhada de ave nocturna, arrasava corações (ainda arrasa?) e creio até que partilhava momentos com o bafatá mais velho (aqui confesso que a minha preferida era outra, por acaso irmã de um C6 que por vezes nos visita). Um porto amélia provavelmente com o coração despedaçado (lindo, mas dói comó caraças), resolveu criar um facto complicativo sobre o destino a dar ao dinheiro e desentendeu-se com o bafatão que ameaçava dar-lhe uma bafatada. Não me recordo porquê e a bem da verdade não vou inventar, acabámos todos na esquadra, onde se deu a inesperada revelação de que o dinheiro revertia para o estado e a quem o tinha encontrado cabia uma pequena parte que o xairmão nos seus jovens 13/14 anos, nunca reclamou.
Conselho deste que vos escreve: se encontrarem uma nota de €500, não a entreguem na esquadra.
Com o apoio de:
Pearl Jam “Black”
Neil Young “Cortez the Killer”
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Kuduro, fogo no museke - Pub -
Com Dog Murras, Tony Amado, SeBem, Fofandó, Puto Prata, Noite & DiaPortugal / Angola, 2007 – 52 minutos
Sala Dr. Félix Ribeiro da Cinemateca Nacional. Dia 6 de Dezembro, 21h30. Com a presença do autor.
domingo, 2 de dezembro de 2007
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
"A promessa do Olival"
Continuar a ler "A Promessa do Olival
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
A destruição dos Olivais Velhos
2º Opíparo e 1/2 ... à volta de uma entremeada !!
Na presença de dois ilustres ( sói dizer-se !! ) membros da secreta Olivesaria, realizou-se o 2º repasto e 1/2. De inicio com a fraca aderência de dois personagens presentes na Roullote da Esquina, seguiu-se uma estrondosa comparência de Olivalistas, tresmalhados entre os mais de 50000 ( isso, são quatro zeros, cinquenta mil !! ) que se quiseram juntar ao evento ali para os lados da Catedral. Não podemos jurar que seriam todos Oliveiras, mas que haveria muiiiiitos, lá isso haveria !!
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
o muro (1970)
Acho que foi o Miguel quem teve a ideia. Como é ele o mais velho está sempre a ter estas ideias que eu acho servirem para nos ir mostrando quem é o chefe do grupo. Nem hesitou. Num instantinho foi parar à relva, rebolando-se para amortecer a queda. No resto da tarde, um por um, desafiados, todos foram saltando o muro. O Paulo trincou o lábio e foi a correr para casa, em choro. Foi o herói da tarde. Olho para as gotas de sangue que ficaram na calçada e desejo que não seja nada de grave. Ele é o meu melhor amigo.
Já está quase na hora do lanche, e já saltaram quase todos. Só falto eu. Mas a altura assusta-me. Ao princípio ainda tinha deste ou daquele palavras de incitamento, mas agora começo já a sentir a troça deles. Já sei o que vai acontecer a seguir - que sou o bebé do grupo, que assim nem sequer devia poder fazer parte do bando, que sou sempre quem os deixa ficar mal. É quase verdade isso. Mas é porque sou o mais novo, muito mais novo. Tenho quase menos 2 anos que o que vem a seguir, o Tiago, que já vai já fazer 9 anos.
Estou inseguro, e magoado. Apetecia-me agora não estar ali. O meu irmão, o único que me podia ajudar, pôs-se do lado deles, também ele rindo de mim. Sinto-me muito sozinho. E com uma enorme raiva por não o ver tomar o meu partido. Bastava-lhe que contasse como ontem eu tinha feito frente à malta do Lote C, e talvez eles reconsiderassem. Mas ele nada disse, juntou-se a eles. Estou furioso com ele. Isso nota-se e serve para ele cochichar qualquer coisa, lá no meio do grupo. Sei que é sobre mim – oiço os risos - mas não sei o que ele disse. Estou afastado uns dois metros deles, uma distância agora intransponível, por isso, o que eles falam, torna-se ininteligível para mim. Sinto-me mesmo muito sozinho.
Chegou a hora do lanche. É a minha última oportunidade, mas mais uma vez não consigo. Aquilo é muito alto, é alto demais para mim. Começamos a destroçar. Eu retorno para casa sob um insinuante coro de troça. Estou envergonhado e sinto-me frágil. Mordo o lábio para não chorar, que isso ainda agravará mais a chacota que já sinto sobre mim. Agora o alívio de chegar a casa. A Srª Bia pergunta-me porque choro enquanto me dá o lanche. Mas eu estou chateado, não respondo. Não respondo a ninguém. E está-me a custar imenso estar ali, a tomar o lanche com o meu irmão. É dele que esperava auxílio. Eu ainda sou muito pequeno, e ele já é grande. Devia estar do meu lado.
...
A minha mãe está enfurecida. Nem repara a força com que carrega no algodão. Ardem-me imenso os joelhos, e assim ela não está a ajudar nada, mas nem me atrevo a queixar. Pergunta-me insistentemente sobre o que me passou pela cabeça para ir lá abaixo já ao cair da noite e atirar-me daquele muro altíssimo. E que se me tivesse aleijado a sério? Assim, sozinho, quem haveria de dar comigo? Eu ainda tento explicar que era uma aposta, nada mais me ocorre para explicar a importância que aquilo tinha cá dentro de mim. Mas ela não percebe as minhas palavras, não percebe como aquilo foi importante para mim, nem tem orgulho em mim. E ver-me assim tão insuflado ainda a encoleriza mais. Dobra-me o castigo. Sorrio indisfarçavelmente - àquele castigo sinto-o como o reconhecimento da minha façanha. Está furiosa. E eu não lhe consigo explicar que gosto muito dela, que me sabe muito bem tê-la ali a tratar de mim. Que nestas alturas ainda gosto mais dela.
O meu irmão está lá ao fundo, a ver televisão. Mas sei que olha pelo canto do olho. Também agora ele finge que não é nada com ele. Que nada sabe do assunto. Sei que ele agora me admira um pouco, mas também sei que nunca mo dirá. Eu não vou dizer aos nossos amigos que saltei, estou chateado com eles, mas queria imenso que ele lhes contasse isso. Mas sei que ele não o vai dizer. Agora que já me sinto melhor (e não precisei dele para nada), já só me falta acertar contas com ele, ele vai ver. E não lhe vou falar pelos menos durante 2 dias.
(rascunho do Fula escrito nos tempos em que connosco partilhava a casa das máquinas... agora, de perdido lá nos confins do blogue vem a lume publicado por Benguela)
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
OLIVAIS-SUL EM DISCUSSÃO
Contudo, como antes acontecera com Alvalade, nenhum esforço crítico sistemático se verificou (para lá de alguns esforços de promoção pessoal, de que Olivais-Sul foi pretexto), para entender os resultados obtidos e situá-los na linha de uma evolução possível. Dir-se-ia que é nossa vocação começar eternamente a partir do zero.
Por nosso lado, devemos confessar que tivemos muitas dúvidas em iniciar esta discussão e talvez até - honestamente o reconhecemos - tenhamos perdido a melhor oportunidade para nela interessar os nossos leitores. E isto porque, nesta altura, Olivais-Sul constitui um projecto referenciável no tempo, e, naturalmente, «datado».
A própria evolução da construção daquela unidade contribuiu também para isso. Realizada a parte habitacional, as infra-estruturas e em parte o equipamento escolar, muita coisa resta ainda fazer para que Olivais-Sul seja aquilo que o plano inicial previu. Falta, principalmente, dar forma ao centro cívico-comercial principal, coração de todo o conjunto e elemento motor da vida social.
Seja como for, tardiamente embora, daremos início, já no próximo número, (assim o esperamos), à publicação do uma série de depoimentos sobre Olivais-Sul, de acordo com um questionário entretanto elaborado, que abrangerá uma vasta gama de problemas. Terminaremos com a publicação de uma mesa-redonda para a qual serão convidados alguns dos responsáveis pela realização do plano.
Entretanto, e para documentação prévia dos nossos leitores, que a ele não tenham tido acesso, publicamos neste número os elementos do plano de urbanização original, tal como constam de uma publicação do Gabinete Técnico do Habitação da C. M. L., editada em 1964.
CONTINUE A LER O ARTIGO . . .
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o outro jantar...
Este ano não contou com a presença de ninguém dos Olivais.
Excepto eu, claro!
(por isso não coloco outras fotos...)
Só depois do último conviva se retirar é que pude ir até ao jardim e fotografar à luz da lua cheia a oliveira que lá se encontra.
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Quantos de vós podem dizer que têm uma oliveira no jardim?
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