
(para quem de direito!)
Relembrando o passado:
Jantar em Vila Pery.
Passagem de Ano no Rio de Janeiro.
Este blog é um espaço colectivo sobre nós e os Olivais. Caso tenha fotos ou textos que deseje aqui partilhar envie-os para o endereço na coluna da esquerda, (identificando-se ou solicitando anonimato) para a sua posterior publicação neste sítio. Obrigado.
Algumas luas atrás acordei com uma oliveira plantada na sala. Não acontece todos os dias, ou melhor, nunca me tinha acontecido. Quis sabê-la toda, sem pausas. O diabo da urgência. Olhei-a de frente e pareceu-me conhecida. Cheirei-a e reconheci-lhe o perfume. De sentido em sentido… abracei-a.[este post foi publicado em 14.12.07 pelo Fulacunda e republicado hoje, depois de composto com a fotografia enviada pela Intrusa.]








P’ra uns o Natal é…
presentes, papel de embrulho, fitas e fitinhas, o dourado, o prateado, o encarnado e o verde, a árvore artificial, as grinaldas, as meias na chaminé, as estrelas e as bolas, o frio, o gelo e os bonecos de neve, lareira, a lenha, as mantas, as camisolas, as golas brancas em vestidos… que picam, os sapatos novos, casacos, luvas, o cachecol, as pantufas e as peúgas o stress das compras, as lojas de trezentos, velas, laços e brinquedos, jantares, festas, os amigos secretos, comidas e bebidas, os doces e os amargos, as nozes e as avelãs, os figos, as amêndoas, os pinhões, as pinhas, o musgo, o azevinho, o bolo rei e rainha também, a fava, o brinde, os frutos secos, o açúcar em pó, a gila, o Kompensan e os sais de frutos também, o chá e o café, as filhós e as azevias, fritos, cozidos e assados, o bacalhau, as batatas, as couves, o azeite, o perú, os chocolates, os sonhos, a missa do galo, o padre, o coro, o presépio, os reis magos, a vaca, o burro e as ovelhas, o pastor, o anjo, o Menino Jesus, a Maria e o José, a cabana, a estrela guia, o ouro, o incenso e a mirra, o pai natal, a mãe natal, os duendes, o rudolfo e as outras renas também, o trenó, a lapónia, as barbies e os nenucos, o x-man e o homem-aranha, carros e carrinhas, as pistas, os triciclos e as playstations, computadores, agendas, o final do ano, as fotografias, a televisão, o natal dos hospitais, a “música no coração”, o “assalto ao arranha céus” e o “sozinho em casa” 1…2…3…4 e não dá mais porque não fizeram o 5, as luzes, os sinos, o jantar, o almoço, os biscoitos, as fériase os feriados, os desejos e pedidos, a consoada e a ceia, os postais, as cartas e encomendas, os selos, os atrasos do correio, as saudades, a alegria, felicidade, amor, surpresas, viagem, o ir à terra, passeio, as malas, os aeroportos e os aviões, a ansiedade, a meia-noite, os filhos, o marido, a mulher, a mãe, o pai, os irmãos, os avós, os primos e tios, o sogro e a sogra, cunhados e sobrinhos, os vizinhos, os amigos e as amigas, as decorações, as lembranças e as recordações, os reencontros e desencontros, a cozinha, a loiça e as travessas, tachos e panelas, as receitas da avó, o dia de reis, o dia 25 e o 24 também, roupa nova, chuva, vento e sol, a tia chata, as velhas histórias do avô e da avó, os olhos brilhantes e a alegria dos miúdos, o circo e as pipocas, as ruas iluminadas e a música na baixa…
Para mim, também. Não é confortável?
Lobita e Cia

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Pelo desenho anacrónico da rua com um sossego quase aldeão e o prédio a querer trepar ao céu, escolho esta foto do Beira para ir lá, aos idos de 83, quando o Apicultor me levou a participar no meu primeiro movimento de azeitona que se reconhece enquanto tal, um movimento contra a destruição do núcleo antigo dos Olivais Velhos. Abaixo assinados, manifestações no Largo da Viscondessa, happenings no Coreto, um pouco de tudo. E foi por essa nobre causa que eu descobri o caminho para um não menos nobre ideário, o do movimento-de-saboreio-da-ginginha-e-do-queijo-de-ovelha, numa tasquinha ali no Largo da Viscondessa. Foi sobre esse tema aliás que eu comecei uma das minhas primeiras colaborações com o DN Jovem. Chamava-se A Destruição dos Olivais Velhos e falava das nossas tardes passadas ali a derretermos o tempo ouvindo aquelas conversas urbanas com travo rústico. Ou, quando o etílico da ginginha já subia até ao armazém das ideias, divertindo-nos com o vaivém naquele mictório público de ferro, a um canto da praça, que deixava ver, pelo saracoteio dos pés, as diferentes técnicas utilizadas. Mais tarde, já no decorrer do lastro deixado por alguns projectos de animação, entre os quais os Olivais Vivos, o largo foi utilizado para alguns concertos e propostas de agitação nocturna. Não vingaram entretanto. O betão é mais fértil. E é só juntar água. Há pouco tempo fui lá, ao velório de uma amiga, a dona da casa das paredes de nós. Há lá umas capelas mortuárias. Tristes, soturnas, lúgubres, como se julga que devem ser as coisas ligadas à evaporação da vida. E talvez por ser assim que a ele retornei, que me pareceram inexistentes os Olivais Velho que tanto me encantaram. Nem sei se ainda têm a ginginha, o queijo seco, as horas esquecidas no fim das tardes.

(rascunho do Fula escrito nos tempos em que connosco partilhava a casa das máquinas... agora, de perdido lá nos confins do blogue vem a lume publicado por Benguela)
